Mastodon
Universo Nintendo

Análise – Super Daryl Deluxe

Olhando a imensa quantidade de jogos indies que saem para Switch (ou para qualquer outra plataforma, para ser honesto), é comum ver games onde sua produção foi bem engessada, onde seus designers tiveram pouco espaço para criar conteúdo fora do escopo da jogabilidade padrão. Super Daryl Deluxe não é um desses casos.

Primeiro jogo desenvolvido por um par que consiste em artista e programador, a experimentação fica óbvia em todo o desenrolar da aventura. Um ótimo retrato de dois profissionais desenvolvendo seu primeiro jogo, tentando não o enxergar como um produto, um pensamento puro e até mesmo ingênuo. O resultado desse processo é algo que eu não posso deixar de recomendar a todos, mesmo que com certas ressalvas.

A minha aventura com Daryl possui alguns paralelos com meu tempo jogando Earthworm Jim. Há uma jogabilidade central aqui: Super Daryl Deluxe é um RPG de ação com exploração e combate ao estilo beat ‘em up. O jogo não se afasta desse modelo, mas introduz diversas situações totalmente malucas para o jogador colocar sua jogabilidade em prática.

São estas situações que fazem de Super Daryl um jogo que te prende até o final. Só para nos situar: Estamos falando de um estudante de ensino médio que foi transferido para uma escola com pessoas e costumes, digamos, peculiares. Não quero dar muito spoiler aqui, mas uma das primeiras fases do jogo se passa na aula de música, onde você deve ajudar um Beethoven surdo a recuperar um teatro onde o atual diretor faz remixes de músicas clássicas e te obriga a participar de uma batalha até a morte com seu lacaio robô. As situações só ficam mais bizarras a partir daí, a ponto da estória não ser o único incentivo para continuar jogando, mas também para ver o próximo contexto que o jogo vai soltar. Duvida? Dá uma olhada nas imagens desta análise e tente não ficar, no mínimo, curioso.

O jogo te deixa livre para explorar a escola no mesmo estilo de Metroid e Castlevania, onde novas partes são destravadas à medida que missões são realizadas. A atenção ao detalhe aqui é fantástica, onde os inúmeros NPCs e o próprio ambiente da escola ajuda a criar uma imersão poucas vezes vista num jogo indie. Há uma coesão nessa loucura toda, e mais uma vez volto a citar Earthworm Jim (ou Psychonauts) como lembrança.

As batalhas que Daryl trava são contextualizadas através de um RPG chamado “Dwarves and Druids”. É possível comprar e fazer upgrade de suas habilidades. É possível assimilar cada habilidade a um botão diferente e assim gerenciar os tempos de cooldown de cada uma, achando a melhor combinação para determinada situação. É um sistema que abre várias oportunidades para variação e, acredite, você vai querer variar bastante, já que as batalhas comuns não são muito diferente umas das outras. As vezes o jogo parece injusto, e nestes momentos só nos resta o famoso grinding para melhorar suas habilidades. Definitivamente não é algo legal para os que querem apenas passar voando pela estória, mas, em minha experiência, esse processo não demora muito. As batalhas contra chefes são um caso a parte, já que são fantásticas, únicas e absurdamente divertidas.

O audiovisual do jogo é um show a parte. Não sou muito fã das animações, mas a arte em si é muito bem pensada e executada. Alguns ambientes misturam desenhos próprios com recortes de imagens e vídeos reais. O resultado é algo que só posso descrever como psicodélico e “maneiro”. Muito carinho foi colocado em quase todas as telas do jogo, nada aqui parece ter sido feito com menos ou mais atenção que os demais. O mesmo não pode ser dito das músicas. Algumas são fantásticas (como a da fase do teatro que falei), mas outras são apenas “ok”.

Por fim, não posso deixar de recomendar Super Daryl Deluxe. As flutuações do sistema de batalha vão desagradar alguns, mas isso não significa que o jogo deva ser deixado de lado. O fator imersão aqui é o maior ponto do jogo, tornado a Water Falls High School, e todos que nela habitam, inesquecíveis.

você pode gostar também
Comentários