O que acontece quando surge uma sequência que ninguém pediu ou esperava de um jogo de 37 anos atrás? Simplesmente um dos jogos de plataforma 2D mais equilibrados e divertidos do momento.
Prepare sua corrente de ferro, porque o rei acaba de despertar de seu sono amaldiçoado para recuperar o seu trono. Bem-vindo à Beyond the Ice Palace II.
Jogo sombrio e atmosférico
Ao executar o jogo, já somos introduzidos à uma tela de apresentação sem paralelos no universo indie: uma música etérea e misteriosa, velas na escuridão e em um piscar de segundos, dois olhos vermelhos que surgem e logo desaparecem. Fazia tempo que não via uma tela de título impactante como a de Beyond the Ice Palace II, que já mostra que a apresentação do jogo, no decorrer de toda a aventura, será forte como a tela de título.
O jogo inteiro conta com uma grande atmosfera, fortalecida graças aos cenários, sua música forte e os diversos NPCs que você encontrará durante a aventura. Entre os NPCs, também existem vendedores que estão espalhados pelos diversos cenários do jogo, dispostos a venderem itens para ajudar nas batalhas.
O cenário aqui é aberto, porém, diferente de muitos Metroidvanias, não possui um mapa detalhado de cada cenário, só um mapa geral. O que funciona muito bem neste jogo, já que cada cenário é bem enxuto, cheio de segredos para serem desvendados.
O mundo de Beyond the Ice Palace II é rico e detalhado, e com os poucos diálogos que você vai tendo ao encontrar os NPCs, percebe que cada cenário tem tudo a ver com o universo do jogo. Grande parte dos NPCs ainda recorda do antigo rei (o seu personagem) antes do mundo entrar no estado em que está.
E todo esse ambiente é fortalecido pela ótima trilha sonora que só não é perfeita pela falta de variedade. As músicas contra a maioria dos chefes é a mesma, por exemplo. O ponto alto da música, no entanto, é a regravação da trilha original do primeiro jogo. É simplesmente emocionante.
Mecânica simples, funcional e desafiadora
Existem muitos jogos indies bons estilo Metroidvania no mercado, mas poucos conseguem trazer um equilíbrio e uma progressão na dosagem certa, como Gal Guardians e Deedlit in Wonder Labyrinth fizeram. Fico feliz em dizer que Beyond the Ice Palace II é um deles.
O jogo introduz uma mecânica simples mas muito bem implementada do uso de uma corrente, com duas pontas de lança em cada extremidade. Além de serem úteis para resolver alguns puzzles de plataforma e acessar lugares secretos, ela também é útil em batalhas.
Se os inimigos tiverem uma presilha em sua máscara, roupa ou pele, você pode usar essa mesma mecânica para imobilizar o oponente ou criar outros efeitos em sua vantagem, como remover de paredes, virá-los de cabeça pra baixo ou simplesmente causar mais dano.
O mesmo vale para os chefes, que é o ponto alto do jogo. Você terá que enfrentar criaturas enormes que, além do dano normal, será necessário usar a própria mecânica da corrente para exibir suas vulnerabilidades. O equilíbrio nos chefes é incrível: são desafiadores de forma progressiva, com uma fluidez gostosa e inteligente.
Durante o jogo você vai encontrar cristais de poder, ou fragmentos de cristais que, ao completar cinco, você pode converter em um cristal de poder, que faz com que seja possível aumentar até 5 atributos diferentes do personagem.
Além disso, há itens e poderes que você encontra na qual ajudarão a alcançar partes antes inalcançáveis e facilitar a progressão. Aqui é outro ponto forte do jogo, já que você nunca se sente sobrecarregado pelo backtracking, até mesmo porque grande parte dos baús escondidos, com perícia e investigação, é possível pegar na primeira visita ao cenário. São pouquíssimos locais que será necessário o backtracking, trazendo assim uma progressão gostosa ao jogo sem perder o passo rápido da aventura.
Outro fator interessante é que alguns golpes únicos terão alguns efeitos especiais em alguns inimigos, mas o jogo não informa isso, criando aqueles belos momentos de “a-ha” ao descobrir uma nova mecânica.
Mais que um Indie: um jogo que vale a pena ser jogado
Beyond the Ice Palace II não é só mais um dos milhares de metroidvanias por aí para o Nintendo Switch: é um jogo bem otimizado, progressivo e com dificuldade na medida certa.
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