Parece que foi ontem quando sofri o choque de entrar em uma locadora de videogames e ver um castelo totalmente de cabeça pra baixo enquanto um jogador aproveitava suas poucas horas restantes de jogatina explorando o castelo invertido de Symphony of the Night.
Depois disso, encontrar um Metroidvania, como é comumente chamado hoje em dia, que me satisfizesse da mesma forma como Symphony of the Night foi difícil. Não só pelo fator nostálgico, mas também porque os tempos mudaram. Hoje, com a quantidade de concorrência que esse gênero sofre, o backtracking precisa ser inteligente, e o tamanho do castelo precisa ser enxuto com partes que realmente adicionam algo ao jogo, com uma dificuldade progressiva e desafiadora na medida certa (coisa que o próprio Symphony of the Night não tinha, era um jogo extremamente fácil).
A Migami Games, que já havia nos entregado Wallachia Reign Of Dracula, um shooter muito bom com a temática gótica vampiresca aos moldes de Castlevania, porém que faltava um claro polimento, entrega em nossas mãos agora Chronicles of the Wolf. E cara, que surpresa agradável!

Chronicles of the Wolf é uma mistura de Castlevania 2 e Symphony of the Night
Imagina pegar a atmosfera de Castlevania 2, onde você visita cidades, pega missões secundárias, explora regiões e adquire novas habilidades, e ainda adiciona um castelo estilo Symphony of the Night, com barreiras inteligentes e desafiadoras do qual é necessário adquirir itens e habilidades para conseguir prosseguir. E tudo feito de forma inteligente e no tamanho certo.
Pois é, Chornicles of the Wolf entrega tudo isso, somado a uma arte de tirar o fôlego, uma trilha sonora maravilhosa e marcante que fica entre o nostálgico e o novo, e ainda com diversos finais criativos para desbloquear.
A cereja do bolo é que tudo foi feito com perfeito equilíbrio. Foram raríssimas as vezes que senti que o backtracking foi longo e não me senti perdido em nenhum quebra-cabeça. A melhor qualidade: uma dificuldade realmente desafiadora, porém balanceada.

Será normal morrer no jogo, mesmo com o vasto arsenal de armas e equipamentos que são possíveis de encontrar. Isso porque o jogo sabe exatamente onde inserir os itens e quais drops de inimigos distribuir para que o jogo fique sempre equilibrado. Além disso, muito dos itens possuem habilidades ou benefícios que realmente fazem a diferença, fazendo com que o jogador fique alternando entre eles, dependendo da situação. E isso também vale para as armas.
A progressão do jogo também é muito bem equilibrada. Chronicles of the Wolf começa linear, e conforme o jogador avança, o jogo se torna mais aberto com caminhos alternativos para se explorar.
História atmosférica e cheia de reviravoltas
Na pele de Mateo Lombardo, um novo integrante da ordem de Rosacruz, o jogador se vê explorando Gévaudan, com o propósito de acabar com A Besta que assola as vilas e as pessoas dessa região francesa.

O jogo conta com quatro ciclos de tempo (manhã, tarde, noite e madrugada) que alteram conforme o jogador percorre o jogo ou hospeda-se no hotel. Esse fator não é meramente estético, já que certos vendedores, inimigos e eventos só ocorrerão em determinados períodos. O jogo é tão atmosférico que, além dos períodos, também há mudanças climáticas, como chuvas que podem ocorrer em determinados momentos do jogo.
Seguindo os passos de Castlevania 2, o jogador irá passar por diversas vilas, conversando com pessoas, pegando missões secundárias e descobrindo uma história rica e com muitas reviravoltas.

Esse é um fator muito interessante do jogo, já que esse sempre foi um problema que tive com a saga Castlevania (que é uma das minhas favoritas). As histórias sempre foram boas em essência, mas o decorrer do jogo é sempre previsível. Esse fator é realidade até mesmo em Bloodstained, que é um ótimo jogo. No entanto, em Chronicles of the Wolf, existem reviravoltas realmente inteligentes e uma direção mais surpreendente da história.

Assim como Wallachia, falta polimento na jogabilidade
É importante dizer, no entanto, que falta um pouco de fluidez nos movimentos, assim como no controle, que nem sempre é responsivo.
Acredito ter sido feito propositalmente, até mesmo para manter o equilíbrio do jogo, mas o tempo de recuperação de alguns golpes, para logo depois realizar um pulo ou uma rasteira, é longo de mais, e você verá o personagem realizando um segundo golpe, ao invés de pular no momento solicitado. Não chega a estragar a experiência do jogo, especialmente depois que se pega o tempo dos controles, mas já vimos jogos equilibrados e com a mesma fluidez de Symphony of the Night em metroidvanias modernos, como é o caso de Gal Guardians e Deedlit in Wonder Labyrinth.

Além disso, passei por um bug que realmente incomodou durante a jogatina, mas que provavelmente será resolvido com um patch futuro (isso jogando no Nintendo Switch 2), do qual a tela de menu, equipamento, bestiário, etc. fica piscando a todo momento, porém nada que estragasse a experiência.
Jogo fornecido para análise pela PQube
Discussões sobre isso post