Ruffy and the Riverside foi desenvolvido pela Zockrates Laboratories, um estúdio alemão em seu título de estreia. As inspirações aqui são bem claras, paper mario, banjo e kazooie e até crash bandicoot, mas para além da inspiração em outros títulos, Ruffy and the Riverside tem sua própria identidade, com uma mecânica de troca própria.
Ruffy e sua troca
Ruffy and the Riverside começa com apenas um dia comum na vida de Ruffy, aprendiz de pintor, usando seu poder único de troca para atender clientes, quando o chamado para salvar Riverside vem até ele. E como ele fará isso? Usando seu poder para recuperar as letras do letreiro de Riverside, que é mais que um letreiro: é uma relíquia que protege o reino do mal. E assim, o jovem urso parte em sua jornada por Riverside para coletar todas as letras sagradas e ajudar outros em seu caminho.
O enredo parece batido para um collectathon, mas compensa com suas falas divertidas e ótima animação de movimentos, num estilo que mistura personagens de papel 2D com cenários de papel em 3D, criando uma leve sensação de estar jogando um desenho animado, principalmente porque nada para de se mexer: Ruffy, npcs, cenários, tudo sempre em movimento sempre que possível, mostrando um ambiente bem vivo.
É difícil pôr em palavras como é Ruffy and the Riverside; instigante, com uma jogabilidade de plataforma 3D, e mais do que isso, também tem muitos quebra-cabeças complexos e diversas quests secundárias. Claro que tudo envolve o truque de troca, como transformar o mar em gelo ou transformar caixas em madeira para destacar um padrão. Sua mecânica principal é muito bem explorada, e é essencial entender como ela funciona em cada situação para aproveitar bem tudo que o jogo oferece. Entretanto, parece faltar um pouco de level design em Riverside. A exploração é pouco interessante, mesmo com vários tipos de coletáveis, topamos com muitos desses desafios pelo caminho, mas outros parecem escondidos ou complexos demais. Algumas coisas parecem um pouco trabalhosas demais, como um rally onde você tem que rodar o mapa fazendo trocas sem errar, ou quebra-cabeças nos quais parece que você não tem o elemento necessário para resolução tão perto. Como a habilidade troca coisas por um período de tempo limitado, vira tudo uma corrida pelo relógio. Às vezes, parece que falta alguma coisa que deveríamos pegar futuramente, o que não acontece, já que não existem melhorias para a habilidade de troca, somente para vida e corrida.
Falando nela, a habilidade de troca é muito boa, versátil e criativa. Apesar disso, novamente, o level design deixa a desejar. Parece que a ideia é tentar explorar a criatividade do jogador, porém o tutorial é tão básico que acaba não demonstrando todo o potencial que a habilidade tem, nenhuma tinta amarela vai te salvar aqui (ou talvez salve). Nem o mapa se salva, é bastante confuso, e o cenário tem pouca variedade, tornando fácil se perder, mesmo o mundo não sendo tão grande.
Ruffy and the Riverside é uma jornada bem divertida, mas ao mesmo tempo frustrante por esconder demais suas respostas e segredos. Inclusive, enquanto escrevia este texto, descobri mais uma missão secreta que não estava listada na interface do jogador, e que em momento nenhum ficou claro que seria uma missão.
Foram 10 horas até o fim do jogo, mas fazendo só o que achei pelo caminho, o 100% vai ficar pra outro momento.
Parte técnica
A mistura do 2D dos personagens com o 3D dos cenários é realmente algo muito bonito de se ver em Ruffy and the Riverside. Personagens sempre em movimento, e cenários e texturas que podem ser customizados, ele se tornar mais que jogo: é quase uma tela para soltar sua criatividade. Um fato interessante é que os cenários, mesmo com uma boa qualidade, tem texturas que emulam muito bem um leve estilo low poly, principalmente dependendo qual textura foi aplicada nos objetos. Particularmente, achei muito bom, embora desafios de plataforma às vezes pregam peças com sua visão.
A trilha sonora é incrível e nela você pega outro jogo de inspiração: Yoshi Story de N64. Novamente fazendo aquele apelo de parecer estar jogando um desenho ou uma história de um livro interativo. O mais interessante é que parece que o Ruffy está ouvindo a trilha sonora, porque ele nunca para de se mover.
Um personagem 2D de papel em um cenário 3D parece um tanto quanto confuso na teoria, mas na prática Ruffy and the Riverside mostra que funciona bem; mesmo que haja alguns problemas de colisão ao subir escadas, não é algo tão impactante. O que falta é um pouco de direcionamento ou uma dica mais clara em alguns momentos. Por exemplo, você pode passar com a troca em áreas de carregamento, não há nada dizendo que não, mas o tempo de duração da troca te faz pensar assim. De qualquer modo, funciona bem em ambos os consoles. Analise realizada antes do lançamento então algumas coisa podem mudar em um lançamento futuro patch.
A ideia de dar liberdade ao jogador é boa, mas às vezes só parece que você está jogado em Riverside.
Como primeiro jogo recebido por mim que também roda no Nintendo Switch 2, vale ressaltar que as diferenças de performance por hardware são mínimas, tendo apenas mudanças nos tempos de carregamento entre cenários, além da diferença clara de resolução dos aparelhos.
Foi frustrante, foi divertido e foi engraçado. Mesmo não sendo fã de todas as franquias nas quais o jogo foi inspirado Ruffy and the Riverside foi uma boa jornada, mesmo parecendo que alguma coisa está faltando. Talvez eu retorne a Riverside em breve.
Discussões sobre isso post