Depois de muitos trailers e vídeos mostrando a jogabilidade do mais recente jogo que claramente se inspira na franquia Super Smash Bros da Nintendo, Nickelodeon All-Star Brawl chega para pegar a sua fatia do mercado games de luta sem compromisso – ou party. Perto da data de lançamento, foram divulgados alguns detalhes um tanto quanto frustrantes, como a falta de dublagem dos personagens extremamente carismáticos do canal, além de alguns outros adicionais. Porém, será que coisas assim conseguem tirar o brilho do título de pancadaria de Bob Esponja e seus conterrâneos?
Direto ao ponto
Como todo jogo deste gênero normalmente faz, Nickelodeon All-Star Brawl dispensa qualquer história ou narrativa complexa e coloca menus para que o jogador escolha para onde prosseguir: o modo Battle, Online ou Arcade. O primeiro contempla o multiplayer local para até quatro pessoas no mesmo console, mantendo, na maior parte do tempo, incríveis 60 fps. Dentro desta opção, também é possível jogar o Timed, em que jogadores brigam enquanto o relógio corre; e o Sports, sendo necessário colocar a bola no arco do campo inimigo para pontuar, com várias opções de bolas com diferenças de pesos e velocidade ao receber o impacto.
A jogabilidade padrão consiste em debilitar os adversários, batendo neles enquanto a porcentagem abaixo do nome de cada um deles aumenta. Quando este valor chega na casa dos 100%, eles podem receber um golpe único que os lançará para bem longe. Uma vez que o adversário foi arremessado e atravessa qualquer uma das “bordas” do cenário, ele perde um ponto de vida (3 no total, conforme o padrão).
Recomendação de Compra
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Lançamento: Ago/2024
O Online, felizmente, permite a pesquisa e criação de salas, além da partida rápida para ingressar em qualquer sala que esteja rolando no momento. Fora isso, há o Competitive que nos coloca para jogar com alguém do mesmo nível de habilidade, nivelando através do seu rank. No mais, existem as personalizações de regras, como quantidade de jogadores em uma partida, tempo, vitória por KO, etc. Adicionalmente, podemos entrar em uma partida qualquer e ficar de espectador durante a luta para ver como as pessoas jogam. Apesar de tudo isso, não existe ainda uma maneira de ir ao online em mais de um jogador por console.
A qualidade da comunicação através da internet é bem estável, resultando em pouquíssimo delay nos comandos – considerando que sou alguém bem exigente com isso. As partidas parecem estar acontecendo no próprio console, na maior parte do tempo. Apenas uma vez tive um problema grave, em que todos os personagens ficaram extremamente lentos e apresentaram frameskip, pulando seus quadros de animações, numa tentativa falha de regular a comunicação entre as pessoas ali. Porém, diria que o saldo foi bem positivo, já que a ocorrência foi exceção.
O Arcade era para ser uma espécie de modo História de Nickelodeon All-Star Brawl, já que ele trilha um caminho com o personagem até a luta final para, após a vitória, nos conceder alguns desbloqueáveis. Porém, os itens recebidos ao fim de jogo são, em sua maioria, superficiais, como figuras de perfil para serem usadas no online, músicas bem genéricas para serem trocadas no Jukebox (esse jogo não possui músicas licenciadas dos desenhos) e algumas poucas arenas de batalha. De verdade, no que chamam de “esforço e recompensa”, o jogo é bem decepcionante.
Uma jogabilidade fantástica com poucos defeitos
Apesar de entender que a proposta de Nickelodeon All-Star Brawl é a luta em si, confesso que senti falta de mais variedade. As mecânicas ofensivas são bem divertidas e bem feitas, sendo que cada personagem possui três tipos de ataques e, mesmo que eles tenham basicamente o mesmo efeito e direcionando ao golpear o inimigo, é nítido o cuidados carinho ao criarem as animações de todos os personagens com elementos que remetem diretamente aos seus respectivos desenhos. Por exemplo, Bob Esponja usa suas bolhas de sabão, luva de Karatê e o famoso “imaginação” para atacar os adversários, enquanto o avatar Aang faz uso de seu bastão, das suas dobras elementais e do seu estado avatar.
Porém, como falado, as lutas pecam na falta de elementos adicionais, restringindo os jogadores à apenas suas habilidades de golpear os inimigos. Quero dizer com isso que não há itens ou qualquer forma de restaurar a vida, deixando a experiência um pouco menos convidativa para novatos por acabarem sentindo que não possuem a mesma habilidade que os mais acostumados com a jogabilidade. Não precisava ser obrigatório utilizar algo assim nas lutas, mas apetrechos extras seriam muito bem-vindos para que todos pudessem ter a chance de se divertir de igual para igual, ou pelo menos de ter mais formas de brigar.
Apresentação e sound design amadores
Agora chegamos nas piores partes de Nickelodeon All-Star Brawl: a falta de alma. O jogo foi feito por um time pequeno de pessoas da Ludosity – sim, os mesmos criadores de Slap City -, mas isso nem de longe deveria ser uma desculpa para entregar um produto tão sem acabamento como esse. Antes fossem apenas as vozes o maior defeito do game, porém, ele deixa a desejar como um todo. Os personagens são completamente mudos durante as lutas, não esboçando qualquer reação sonora ao desferirem ou levarem algum golpe. Nem mesmos gemidos genéricos estão disponíveis, e no lugar disso temos um silêncio bastante constrangedor e um narrador empolgado que tenta levar o ritmo às alturas.
Os nomes dos personagens e os desenhos de onde cada um vem também não estão disponíveis em lugar nenhum da tela de seleção, e os desenvolvedores devem ter pensado que tudo seria bastante óbvio. Tudo bem: quem não conhece o Bob Esponja? Mas aí te pergunto: quem já ouviu falar de Catdog, AAAHH!!! Real Monsters e Invasor Zim? Ou melhor: quem diabos é Lucy Loud? E isso não é uma questão de detalhismo bobo, mas sim faz parte de uma apresentação bem construída em videogames. O mesmo acontece para as fases, que sequer possuem nomes ao iniciar a luta. Com isso, fica muitas vezes difícil de entender a qual franquia pertence um cenário específico.
Por fim, mas não menos importante, Nickelodeon All-Star Brawl receberá personagens extras por DLC e isso foi divulgado mesmo antes de seu lançamento. Esse tipo de prática é um absurdo, já que transmite a inegável sensação de que o jogo foi capado propositalmente para vender conteúdo extra posteriormente. Pode não ser o caso, mas quem garante? Se a notícia tivesse vindo bem depois de seu lançamento, não haveria problema nenhum. Porém, isso só agrava a falta de personalização geral dos personagens, ou qualquer tipo de personagem secreto ou skin desbloqueáveis através da simples ação de… jogar o jogo. Louco, não?!
Tem tudo para alcançar a excelência
Nickelodeon All-Star Brawl é um produto que executa sua jogabilidade de forma muito bacana, apesar das superficialidades em vários pontos e falta de variedade. Porém, o game foi lançado em um estado bastante duvidoso, parecendo muito mais algo em early access do que uma versão de lançamento para o público. Ele tem tudo para dar certo, e basta com que os produtores não foquem em lucro acima de tudo através das vendas dos personagens.
Vozes para todo mundo foi algo garantido dependendo de como as vendas se saírem, então nos resta ver se isso se concretizará, além de que fico bastante ansioso para saber se Nickelodeon All-Star Brawl receberá o polimento que merece. Porém, fica a crítica: será que é mais certo investir tempo e dinheiro entregando um produto completo e bem feito ou esperar para ver a reação do público para depois pensar nisso? Será que um não é a consequência do outro?
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