Como os próprios vídeos pré-lançamento deixavam bem claro, Mario Party Superstars é basicamente uma celebração de todos os títulos da série Mario Party lançados até então (exceto Super Mario Party, de 2018), contando com todos os minigames dessa longa trajetória até aqui. A própria história também embarca nessa ideia e coloca um Koopa Troop fazendo uma espécie de retrospectiva de Mario Party, juntamente aos pequenos jogos e tabuleiros existentes através de gerações. A mesma coisa acontece quando entramos nos tabuleiros em si, com Toad trazendo um pouco da história sobre aquele cenário em relação ao seu Mario Party de origem.
Com isso, podemos dizer que temos, talvez, o Mario Party definitivo? Aliás, é importante lembrar que este é o primeiro título Nintendo oficialmente localizado para o português do Brasil, o que é uma baita conquista para nós e uma provável nova era de futuros jogos 100% traduzidos para o nosso país.
Uma mistura de tudo, e um conteúdo selecionado
Recomendação de Compra
Sonic x Shadow Generations
Lançamento: 25/Out/2024
Mario Party Superstars deixa de lado os menus convencionais e traz um seletor de modos no início, colocando personagens do mundo Mario como atendentes dos estabelecimentos. Os modos principais são, definitivamente, Mario Party, que é o clássico modo tabuleiro com diversos cenários para escolhermos, com seus mini jogos realizados a cada rodada e através de eventos; e o Montanha Minijogos, em que podemos nos aventurar nos 100 jogos rápidos disponíveis, dentro do Modo Livre, Esportes e Quebra-cabeças, Desafios Diários, etc.
Este menu também traz locais para visualizarmos todas as nossas conquistas e realizações tidas até então, além da possibilidade de personalizarmos nosso cartão Mario Party online, trocando elementos como título embaixo do nosso nome, tabuleiro preferido e jogo Mario Party favorito para que todos possam ver nossas preferências. Elementos do cartão esses que, por sinal, podem ser adquiridos novos na loja do Toad, utilizando moedas conseguidas através do modo de tabuleiro ou simplesmente se divertindo nos mini jogos (online ou offline).
Felizmente, dessa vez não temos o carrinho como aconteceu em Mario Party 10, em que todos jogavam praticamente em um mesmo lado, tendo apenas um único jogador solitário controlando Bowser do lado oposto. Aqui, o que predomina é a discórdia, o que é muito bom – e divertido. Quem não gosta de trazer aqueles amigos para um jogo em que a baderna reina e a amizade é colocada à prova? Também é possível que duas pessoas no mesmo console joguem online contra aleatórios e conhecidos através da internet, o que valorizo bastante em títulos do gênero, já que assim ninguém precisa ficar assistindo enquanto você se diverte.
Um erro bastante grave de Super Mario Party (o jogo de 2018) também foi corrigido: o suporte a controles. Agora, todo e qualquer controle pode ser utilizado em Mario Party Superstars, seja ele um par de Joy-Con (ou um destacado na horizontal), um Pro Controller ou até mesmo um Switch Lite que não tem seus joysticks destacáveis. Finalmente, não?! Opção é tudo!
Os mini jogos e seus trocadilhos
Sem dúvidas, a melhor parte de Mario Party sempre foi os minigames, e aqui não podia ser diferente. Com uma lista imensa de joguinhos (100) para nos divertimos dentro da Montanha Minijogos, podemos navegar entre os menus para ver nossos registros em cada minigame, além do seu respectivo tempo ou pontuação recorde.
Apertando R e L, é possível transitar entre os jogos agrupados por categorias, como os 3vs1, os games em dupla, os focados em duelos, os “cada um por si”, além daqueles nos quais pressionamos o botão X antes de entrar na partida para os favoritarmos. Com isso, fica bem fácil escolher o que jogar e a qual tipo de jogabilidade aquele minigame específico pertence.
No menu da Montanha Minijogos existem outras categorias fora o Modo Livre, como o de disputa por moedas, os jogos em duplas, três contra um, esportivos, e por aí vai. Nessas modalidades secundárias, podemos entrar em partidas que são resolvidas em um “melhor de três”, recebendo a vitória aquele que conseguir conquistar 3 estrelas no total. O bacana é que, a cada rodada passada, um jogador diferente escolhe o minigame na sua vez. Todos esses modos podem ser jogados online.
Tratando-se da localização em português do Brasil, todos os mini jogos estão adaptados para o nosso idioma de maneira excelente. Existem vários trocadilhos e expressões completamente brasileiras, como o Simbora, Cipó, Tonto Correio, Bem Bolado, Contagem Bombástica, e afins. Isso mostra que todo o conteúdo foi criado e curado por uma equipe realmente de nativos do nosso país, que sabiam exatamente como a comunicação funciona nos dias atuais. Também há dublagem para frases pontuais como “Vai”, “Estrela recebida”, “Fim”, “Que pena”, além de que toda a interface está 100% em Pt-Br. Felizmente, agora, fãs de Mario Party do Brasil poderão compreender o que se passa na tela e ler as regras do jogo sem problemas.
Tabuleiros e suas mecânicas internas
Os tabuleiros são bastante variados em termos de visuais, como também em algumas mecânicas internas que podem ocorrer. Na Espaçolândia, por exemplo, existe um contador no meio que decresce o número cada vez que um personagem passa por ali, até que finalmente um canhão do Bowser dispara um raio que remove todas as moedas de quem estiver em seu caminho. No Bolo de Aniversário da Peach, podemos plantar sementes que contêm as famosas plantas carnívoras, que servem para atacar e remover moedas do adversário que passar por aquele local. Já a Floresta Florestal possui toupeiras que trocam a direção de trechos do tabuleiro, além de árvores que podem prejudicar ou beneficiar o jogador. No total, 5 cenários estão disponíveis.
Existem vários tipos de eventos durante uma partida de Mario Party que podem transformar completamente o resultado final. Há o Banco do Koopa Troopa que arranca dinheiro do personagem e dá ao próximo que passar por ali; o buraco em que caímos e encontramos Bowser que roda uma roleta de efeitos negativos ou te obriga a jogar seu minigame que copia suas expressões faciais; Boo que te permite roubar moedas de um dos adversários; Toad que pode te vender itens em troca de suas moedas; o espaço de Versus que obriga os personagens a de desafiarem em um jogo rápido e apostarem seu dinheiro; entre outros.
Porém, como dito anteriormente, todos os tabuleiros terão como objetivo central a coleta de estrelas, as quais ficam em posse de Toadette em algum local do cenário. Mas é possível também adquirir essas estrelas de outras maneiras, como comprando na loja de itens pagando uma quantia razoavelmente alta, ou simplesmente recebendo as estrelas bônus no final da partida como um prêmio de consolação que leva em consideração vários fatores: o personagem que andou mais espaços durante a partida, quem venceu mais minigames, entre outros. Felizmente, as estrelas bônus podem ser habilitadas ou desabilitadas para que ninguém passe raiva de ver aquele personagem ganhando sem ter feito nada de especial.
Dados únicos dos personagens foram removidos – em relação ao Super Mario Party -, além dos parceiros que você podia recrutar durante a partida e criavam minigames em conjunto bem divertidos, como também a possibilidade de usarmos seus dados personalizados que podiam resultar em números bizarros ou efeitos diversos como adquirir moedas. No lugar disso, agora há itens para tentar mitigar um pouco disso, como os dados duplos ou triplos que somam os valores para andarmos no tabuleiro, ou então o dado que permite você escolher um número de um a dez.
Uma boa notícia é que, caso uma partida de tabuleiro esteja demorando muito, podemos simplesmente fechá-la e continuar em outro momento, já que o progresso é salvo é interrompido. Isso traz uma dinâmica muito interessante, já que, assim, a qualquer momento, é possível pular de um jogo offline para um com amigos no online. Porém, o mesmo não acontece no modo online. Caso a conexão das pessoas que estejam jogando contigo caia, a inteligência artificial toma conta dos personagens para que a partida não seja encerrada,
Coisas que adorei
Muitas melhorias de “qualidade de vida” estão presentes, e fico completamente feliz por adições deste tipo. A primeira delas, que me conquistou rapidamente, é poder acelerar o turno dos adversários durante a partida de tabuleiro. Apesar disso não tornar mais rápido a ação deles como o lançamento do dado e compra ou uso de itens, a movimentação dos outros personagens torna-se 2 vezes mais rápida, o que economiza bastante tempo para nós – acredite, a diferença é grande.
Os minigames também podem ter o tutorial antes do jogo real desligado, o que nos coloca diretamente dentro da ação em pouquíssimos segundos. Isso cai como uma luva, principalmente caso você queira jogar vários minigames em seguida o quanto antes, sem ter que ficar vendo instruções batidas antes de, finalmente, poder colocar a mão na massa.
O Desafio Diário vem muito bem a calhar, e todos os dias ele traz um conjunto de minigames pré-definidos para jogarmos contra pessoas no online – porém, apenas um jogador no console. Isso nos concede conquistas internas do jogo e até mesmo moedas, essa última sendo possível de usar na loja do menu principal para adquirir figurinhas novas (usadas para comunicação online), história dos personagens e até músicas em suas versões originais. Felizmente, o incentivo para revisitar os desafios é razoável
Foi bacana também poder utilizar outros perfis cadastrados no console como outros jogadores locais. Com isso, existe um motivo extra para jogar com um amigo ou familiar, já que essa pessoa também poderá receber moedas para gastar em seu próprio progresso quando estiver jogando sozinho.
O que me aborreceu
O online, apesar de ter chegado logo no lançamento do jogo, é decepcionante em muitos quesitos e nem sempre estável. A experiência com conhecidos e gente aleatória através da internet deixou a desejar. A demora na resposta dos controles era grande e sempre atrapalhava minha performance no minigame jogando com estrangeiros. Já com pessoas do mesmo país, as coisas fluíram bem, porém, ao menor sinal de instabilidade da conexão, a partida era encerrada. Caso estivéssemos jogando o modo de tabuleiro, os que “caíssem” eram substituídos pela inteligência artificial, e é possível voltar à sala apenas se for uma partida com amigos, ainda existente com a sala aberta – com pessoas aleatórias, não existe essa possibilidade. Se fosse uma partida apenas de minigames (dentro do Monte Mini Jogos), todo o progresso era perdido sem ter a chance de retornar, e a sala era destruida. Por exemplo: se você estiver jogando uma partida “melhor de 3”, o progresso é perdido. A possibilidade de reconexão em 100% dos casos é um fator crucial a ser considerado quando estamos falando de um game com recursos online em tempo real.
Fiquei feliz e, ao mesmo tempo, completamente triste ao ver um comando de chat de voz no canto inferior esquerdo da tela ao criar uma sala com amigos. Corri para colocar meu fone de ouvido para ver se havia uma funcionalidade de ligação por voz embutida no jogo, porém, nada do tipo está disponível. Aquilo era apenas um recurso relacionado ao nosso “bom e velho” app do Switch online para smartphones.
Algo que me deixou um pouco com a sensação de “algo faltando”, mas que pode até ser um ponto positivo para alguns, foi a falta dos minigames que utilizam o sensor de movimento. Joguei incontáveis horas com minha esposa o jogo de fritar a carne na frigideira e um outro de remover as balas do pote em Super Mario Party, e fiquei um pouco triste por não haver nada parecido por aqui.
Por fim, apesar de tantos minigames divertidos, existe uma boa quantidade deles que são bem parecidos, ou que até mesmo não chegam a render bons minutos de duração. Já em outros, é um desperdício não haver a personalização de elementos como tempo, cenário ou regras, como, por exemplo, a Gincana da Masmorra, um dos mini jogos em duplas, que possui um trajeto divertidíssimo para ser atravessado em conjunto com alguém e exige bastante trabalho em equipe, mas que tem apenas um mapa disponível. Por outro lado, alguns minigames de esportes possuem personalização de tempo, como o Hóquei no Gelo; e o de fotografia, que dispõe de 5 ambientes – mas sem nenhuma influência na jogabilidade.
Quase uma Superestrela
Mario Party Superstar é, sem sombra de dúvidas, um jogo realmente bem divertido? Podemos chamá-lo de perfeito? De jeito nenhum, e você perceberá isso ainda mais ao ler os pontos negativos abaixo. O novo compilado de minigames da série Mario Party traz os 100 melhores mini jogos feitos até hoje na franquia, porém, comete alguns pecados ao não incrementá-los como mereceriam. Alguns são rápidos demais e não rendem nem mesmo 1 minuto de duração, e a solução para isso seria a personalização das regras e tempo de duração. Outros minigames até chegam a fazer isso, mas no contexto de esportes como o Hóquei no Gelo e o Vôlei de Praia. Certos joguinhos, praticamente, pedem com todas as forças variações de cenários e um aumento em sua duração, porém, nada foi feito.
Verdade seja dita: o jogo de tabuleiro com elementos que beiram a discórdia em conjunto com os 100 mini jogos disponíveis fazem, de Mario Party Superstars, um jogo excelente, apesar de longe de ser incrível. Várias horas de diversão absurda estarão garantidas para você e seus amigos, mesmo se você for alguém do tipo que prefere jogar sozinho – porém, isso tira bastante da diversão. Alguns problemas de conexão no online são bastante decepcionantes (principalmente a não existência da reconexão após queda, exceto em partidas de tabuleiro com amigos), mas a Nintendo pode facilmente corrigi-los através de pacotes de atualização no futuro. Os mini jogos também poderiam receber melhorias por meio de patches, mas nisso eu já não apostaria minhas fichas por se tratar de uma alteração no game design.
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