Você já quis visitar Chernobyl? Uma turismo básico à usina que matou algumas dezenas de pessoas? Se sim, agora você pode fazer isso de maneira segura, no seu Nintendo Switch, com Chernobylite Complete Edition.
Sobre Chernobylite
Um belo dia, uma equipe de cerca de 20 pessoas decidiu usar scanners, drones e outras tecnologias para montar um mapa 3D da Zona de Exclusão de Chernobyl. Para quem não sabe, essa é uma região que foi definida como local restrito de habitação e tráfego de pessoas, por causa do excesso de radiação em decorrência do acidente nuclear na Usina de Chernobyl, em 1986.
Com um mapa completo da região, e munida de uma versão demo jogável de cerca de 2 horas, a desenvolvedora polonesa The Farm 51 decidiu abrir um kickstarter para a produção de um jogo que se passava nessa região, com um objetivo inicial de 100 mil dólares. 206.671 dólares depois, Chernobylite chegava aos PCs de seus backers em 2019.
Recomendação de Compra
Final Fantasy I-VI Pixel Remaster Collection
Lançamento: 8/Out/2024
O jogo levou um tempo, mas chegou aos consoles, e recebeu uma Edição Completa, com todas as extensões, todos os bônus e todo o conteúdo extra criado, e essa foi a versão que chegou para o Nintendo Switch agora em dezembro.
História
A História de Chernobylite é, sem dúvida, seu ponto mais forte. Em abril de 1986, durante o desastre no Reator 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, reações químicas criaram um mineral que até então não era conhecido pela humanidade. Nomeado Chernobylita, esse mineral foi considerado o mais radiativo de todos os que existem.
Você joga com Igor Khymynuk, um cientista soviético que trabalhava na Usina durante a época da tragédia, e que tenta usar os poderes da Chernobylita de mexer com o tempo e o espaço para tentar descobrir o que aconteceu com sua amada Tatyana, e assim, trazê-la de volta, 30 anos depois do incidente.
O que ele não esperava é que ao fazer uma incursão na área, ele descobrisse segredos antigos, e desse de cara com o Stalker Sombrio, que também controlava Chernobylita, e matou um de seus companheiros. Junto com o companheiro sobrevivente, você se transporta para um abrigo, no qual vai partir em missões, juntar forças com novas pessoas, aprender novas habilidades e buscar estar preparado para uma nova incursão à Usina.
Igor vê em alguns momentos em diferentes linhas do tempo, e o jogo não segue algo linear. Decisões que você toma em determinados pontos vão afetar o jogo uma dezena de horas depois, e escolher bem seus companheiros e como vai manter todo mundo feliz pode ser a diferença entre reencontrar Tatyana ou morrer e permitir que o mal assole o mundo (muahahaha).
As decisões são importantes, mas uma vantagem de ter um mineral que controla o tempo e o espaço à sua disposição é a de que você pode usá-lo para voltar no tempo quando você “morrer” e mudar as decisões que você fez, para levar a destinos diferentes.
No fim das contas, toda a definição da sua jornada vai ser feita pelas suas escolhas, em menor ou maior grau, e quando você quiser jogar de novo e de novo, descobrir quais novos caminhos pode trilhar.
Você tem inimigos pelo caminho, porém. A Zona de Exclusão foi comprada pela NAR, uma empresa que contratou mercenários guerrilheiros para proteger seus locais, ao mesmo tempo em que levou cientistas para a Zona para tentar explorar a Chernobylita. Além deles, você também precisa enfrentar o Stalker Sombrio, o grande oponente em sua busca por Tatyana.
Você precisa encontrar informações para poder seguir em diante, e, para isso, precisa realizar uma série de missões, e nelas, encontrar aliados, inimigos ou pessoas de interesse, como comerciantes, além de dados para adicionar à sua pesquisa de preparação para a incursão final.
O que é a Chernobylita de verdade? O que aconteceu com Tatyana? Quem é o Stalker Sombrio? Essas e outras perguntas só podem ser respondidas com as decisões corretas sendo tomadas.
Jogabilidade
Chernobylite é um jogo de terror e sobrevivência em primeira pessoa com boas pitadas de ficção científica, e é separado em duas partes distintas de jogabilidade, então, vamos falar deles individualmente, como sempre.
A parte principal do jogo, a que você passará mais tempo fazendo é uma mistura de FPS com stealth. Depois de escolher sua missão, você fará incursões a locais da Zona de Exclusão para encontrar recursos, informações ou companheiros para sua equipe. Você encontrará os soldados da NAR, que você pode escolher derrubar sorrateiramente, ou sentar a bala em todo mundo. Com seu scanner, você conseguirá encontrar pontos de interesse ou itens para serem recolhidos, além de áreas radiativas que você deve evitar. Há muitos objetivos secundários em cada missão, e você optar por realizá-los antes ou depois de concluir o objetivo principal, já que você escolhe quando voltar. Além dos inimigos da NAR, você também encontrará criaturas mutantes com poderes sobrenaturais que provavelmente foram criadas por causa da exposição à Chernobylita. Ou será que elas são de outro universo?
E de onde você escolhe suas missões? De seu QG. Escondido em algum lugar na Zona, você terá que montar sua base. Construindo máquinas, estruturas de conforto e equipamento de segurança, você tornará sua base cada vez mais equipada para se preparar e proteger em suas incursões. Na base, você também aprenderá habilidades novas com seus companheiros, fará kits de primeiros-socorros, munição, armamentos e armaduras, além de verificar as condições de cada pessoa que a habita e o quão perto você está de saber tudo sobre o paradeiro de Tatyana e seu inimigo, o Stalker Sombrio.
No QG, quanto mais companheiros de equipe você tiver, mais missões conseguirá fazer ao mesmo tempo. Algumas têm tempo limitado, então recrutar mais pessoas te ajudará também nisso. Quando enviar alguém da sua equipe para fazer uma missão, haverá uma porcentagem de chance de sucesso. Mesmo em caso de sucesso, seu companheiro pode voltar ferido, e precisar de cuidados. Além disso, em alguns casos, ele poderá ser capturado por inimigos, e caberá a você fazer uma missão de resgate (ou permitir que inimigos te derrotem numa missão, o que fará com que você, em vez de morrer, seja enviado para a base inimiga, da qual você terá que fugir. Caso tenha companheiros presos, poderá resgatá-los também).
Você pode optar por invadir a Usina a qualquer momento, mas quanto mais companheiros e informações tiver, maiores suas chances de sucesso.
Um dos grandes problemas aqui é que em alguns momentos, o jogo se torna um grind chato de ir para uma missão, pegar recursos, voltar, ir para outra, pegar recursos, voltar, etc, para que você consiga avançar em missões relevantes para a história. Para quem gosta de montar base e criar coisas, é ótimo, mas para quem gostaria de uma experiência um pouco mais contínua, essas contínuas pausas no ritmo do jogo podem te entediar. Outro problema é que, na parte de atirar em bichos e pessoas, a mira é horrível. Às vezes, lenta demais, às vezes, parece que tá tudo certo, mas você erra o tiro, às vezes, você acerta o tiro, mas seu Igor ainda é atingido, e por aí, vai. Somando o fato que algumas partes, o stealth parece não fazer sentido, porque por mais escondido que você esteja, vão te encontrar, acaba que prejudica um pouco a experiência da parte principal do jogo.
Chernobylite é um jogo que tinha bastante potencial, e faz muita coisa certa, podendo ser uma base boa para o futuro dos jogos FPS, porém a execução, apesar de decente, não é ótima.
Parte Técnica
Aqui é onde Chernobylite tem grandes motivadores para jogar… e outros para você parar de jogar. Como quase todo port de PC e outros consoles para o Nintendo Switch, o jogo teve redução de várias questões técnicas para poder rodar. Na maior parte do tempo, o jogo roda liso e com uma taxa de frame rates estável. Para conseguir isso, houve uma redução da qualidade gráfica em relação às outras versões, o que não é tão aparente no modo portátil, mas fica mais claro no modo TV. Ainda é um jogo muito bonito, mas quem viu as imagens das outras versões poderá se decepcionar.
Um problema frequente é o crash durante missões. Algumas das missões são longas, eu passei mais de uma hora explorando uma delas, para que o jogo mostrasse a tela preta da morte, e eu perdesse o progresso. Embora eu tenha conseguido voltar, nem tudo, você consegue. Não é algo que aconteça sempre, mas acontece o suficiente para que seja um problema, num jogo que leva mais de 15 horas para ser vencido (mais de 20, se você explorar tudo).
A dublagem do jogo é sensacional, estando disponível tanto em russo quanto em inglês. Eu gosto mais das vozes em russo. O jogo tem textos e legendas 100% em português, e a tradução é muito bem-feita.
Conclusão
Chernobylite é um port sólido de um jogo sólido. A história é intrigante, as personagens, realistas, e há muita coisa para se fazer, e embora alguns problemas técnicos possam ser chatos, ainda é uma visita valiosa ao local da catástrofe de Chernobyl.
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela The Farm 51
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