Grounded, desenvolvido pela Obsidian Entertainment, é um jogo de sobrevivência que promete uma experiência única, encolhendo os jogadores para o tamanho de uma formiga e colocando-os em um quintal cheio de perigos. No entanto, apesar de sua premissa intrigante e um elenco de personagens interessantes para escolher, o jogo falha em vários aspectos cruciais.
História interessante e familiar
A história é interessante e desperta a curiosidade por não revelar tanto assim, te fazendo buscar mais sobre o que houve e como voltar ao tamanho original. A proposta principal do game é basicamente não oferecer uma direção clara na maioria dos momentos em missões principais, tornando a tela do mapa quase inútil e a exploração assídua em algo obrigatório. O objetivo é explorar, claro, mas o mapa é gigantesco demais para sair por aí se aventurando e procurando a resolução de tarefas sem saber onde estão, principalmente quando você se perde.
As necessidades básicas dos personagens caem muito rápido e são bastante irritantes, o que pode ser frustrante demais – mesmo tendo comida de sobra por aí, é chato gerenciar essa parte e ter que se preocupar toda hora. Além disso, o mundo de Grounded é extremamente hostil, com quase tudo tentando matar você, mesmo no nível de dificuldade mais baixo. Não existe uma forma de customizar a reação dos inimigos como no concorrente Smalland, por exemplo, sendo esse em questão um indie que pensa na experiência de quem prefere algo mais suave.
Um dos maiores problemas é a falta de um mini-mapa apontando a direção do próximo objetivo. Isso, combinado com o fato de que o jogo não informa onde encontrar certas criaturas para colher seus recursos, torna desafiador avançar rapidamente ou de maneira razoável, mesmo que exista a possibilidade de construir armaduras para se proteger. Morrer para um inimigo também significa perder todos os recursos coletados e até os equipados e ter que ir atrás da mochila para recuperar. Isso, novamente, é um ponto que irrita e desmotiva muito.
O jogo, apesar de oferecer crossplay, permitindo que você jogue com pessoas no PC, Xbox e PlayStation, tem problemas nesse aspecto. Isso requer uma conta da Microsoft e, uma vez entrando em sua conta, você não pode estar logado em nenhum outro lugar. Portanto, se pensa que vai emprestar sua conta para alguém usar o Game Pass e jogar contigo enquanto você joga no Switch, pode esquecer disso. Além disso, os mundos compartilhados não funcionam enquanto o proprietário do mundo está offline – My Time at Sandrock mantém o mundo no servidor -, então você deve criar uma cópia dele para jogar sozinho.
Desafios extremos
Outro problema é que é bem fácil ficarmos presos em quase todas as pequenas coisas no caminho, como brotos, pequenas folhagens e as plantas mais minúsculas que você pode imaginar. Isso se torna ainda pior ao tentar escapar de um inimigo rápido, já que tudo nesse mundo tende a querer te matar. Jogar Grounded é mais desafiador do que precisa ser, pra ser sincero. Mesmo na dificuldade mais baixa, a experiência ainda é árdua. As missões também são constantemente desligadas e ligadas no HUD, o que pode ser confuso e faltar com a direção.
Acho que a parte mais divertida de todo o game é o modo Criativo, no qual você pode explorar todas as possibilidades de crafting que Grounded oferece. É basicamente um modo livre de preocupações para explorar o mundo com tudo aquilo que você tem ao seu alcance. Baixar mapas da comunidade também é interessante e adiciona o fator social à experiência, mas muitos deles simplesmente não carregam por conta de seu tamanho e quantidade de itens colocados. Existe um filtro para encontrar criações mais leves, mas ainda assim enfrentei telas infinitas de carregamento que não seguiam em frente, exigindo reiniciar o game.
Por fim, a versão do Switch poderia ter usado um modo desempenho e outro de fidelidade gráfica, pois os gráficos são borrados e escuros, atrapalhando a visualização especialmente durante períodos noturnos. A tocha existe, claro, mas não resolve a falta de recursos visuais se compararmos à versão de Xbox – joguei com minha esposa ao meu lado em todo o tempo, então pude comparar em tempo real.
Às vezes, a resolução é tão baixa que parece que o jogo vai esfarelar na sua frente. Sei que os visuais e efeitos são um tanto quanto pesados, mas parece que os sacrifícios aqui não valeram tanto a pena e não foram bem escolhidos.
Um jogo com falhas e punições agressivas
Grounded tem uma premissa única e um elenco de personagens interessantes – apesar de não terem habilidades únicas atreladas a eles em si, mas apenas mutações equipáveis -, porém falha em vários aspectos cruciais. A falta de direção, a queda rápida das necessidades básicas e a hostilidade do mundo é frustrante. A necessidade de uma conta da Microsoft para o crossplay e a falta de um mini-mapa são outras desvantagens. Apesar de sua atmosfera única e charme, Grounded deixa muito a desejar em vários pontos por não compreender que experiências podem e devem ser personalizáveis, limitando-se ao modo Criativo para prover algum tipo de diversão. E sim, gosto bastante de jogos de sobrevivência, mas sou bastante crítico quanto às possibilidades de personalização que estes devem oferecer. Se quiser jogar Grounded mesmo com tantos desafios em sua estrutura de jogabilidade, vá em frente. Só fica difícil recomendar a versão de Switch com tantos problemas.
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