Durante a época do Playstation 1, vimos uma explosão de RPGs surgirem que logo se tornaram clássicos. E, apesar de grandes nomes terem ficado vinculados a Square Enix, tivemos alguns RPGs de outras empresas que se sobressaíram na época, como Breath of Fire da Capcom e Legend of Dragoon da própria Sony.
Tivemos outra agradável surpresa também: a série Lunar, que surgiu ainda na época do Sega CD, mas ganhou fama mesmo na era PS1/Sega Saturno, e apesar de não ter a beleza dos sprites de Breath of Fire ou os modelos 3D de The Legend of Dragoon, vinha com uma inovação incrível: era recheado de cenas em formato anime dos anos 90 durante o jogo, e não só na introdução ou na animação final como grande parte dos jogos faziam.
Para as crianças dos anos 80/90, era como assistir um anime e controlar um jogo ao mesmo tempo. Porém, após todos esses anos de espera para termos alguma novidade da série, o quão bom é esse remaster dos dois primeiros games da saga?

LUNAR Remastered Collection tem uma história bonita e gratificante
Ambos os Lunares estão presentes nesta coletânea (uma pena não terem inserido e localizado Magical School Lunar, um spin off da série presente no Game Gear/Sega Saturno), ou seja, é possível jogar desde a aventura inicial de Alex e Althena, onde o jovem busca se tornar um Dragonmaster, até Lunar 2: Eternal Blue, onde ajudamos o herói Hiro (sim, esses nomes são todos trocadilhos) em sua aventura ao encontrarem uma gema (Olho do Dragão) após mil anos dos acontecimentos do primeiro jogo.
Desde seus lançamentos iniciais, a história de Lunar é mágica ao estilo Harry Potter: traz um conceito simples, um enredo que quase soa infantil no início, mas que se desenvolve em uma dramática história cheia de personagens carismáticos.
Apesar de possuir sprites e gráficos inferiores aos RPGs mais famosos de sua época, o jogo compensa com sua maestria artística, com os já mencionados FMVs ao longo do jogo no maior estilo anime e com uma atuação de voz e trilha sonora sem paralelo. É só ouvir a voz de Althena cantando “Lá…Lá..lá..lá..” para entender o que estou falando.

A melhor forma de se jogar Lunar
Toda vez que vemos um remaster de jogo antigo, desejamos ter um pouco mais de conteúdo daquilo que já vimos antigamente, porém, infelizmente, isso não ocorre aqui.
Gostaria muita que a desenvolvedora tivesse abraçado a oportunidade para fazer o que a Square Enix fez com Chrono Trigger no Nintendo DS, ou o que a Konami fez em seus relançamentos de Castlevania, com bestiários, mapas e porcentagens de itens/inimigos no menu principal, para expandir e incentivar a fazer 100%.
Mas esse tiro perdido não significa que o jogo não vale a pena, até mesmo porque esse Remaster fez o que todo remaster deveria fazer: arrumar o que havia de errado no original.
Eu zerei ambos os Lunares no Sega Saturno, e só fui entender de fato a história quando joguei no PS1 (hoje há patches em inglês não oficiais que a comunidade desenvolveu ao longo dos anos para o vídeo game da Sega), e um problema que eu tinha, especialmente com o vídeo game do mascote Sonic, era a lentidão de entrar e sair em batalhas. Como se não fosse o suficiente, a quantidade de inimigos nas lutas ainda deixavam o jogo mais lento.

Na versão remastered isso foi corrigido com o simples toque de um botão. Com o L2 e R2, é possível selecionar entre três velocidades diferentes de jogo para concluir as batalhas de forma rápida. Tudo sem lag ou travamentos. Algumas magias ainda possuem a animação inteira, como a magia de cura da Althena, que é necessário ouvi-la cantar, mas como não fazemos isso com tanta frequência, não chega a atrapalhar o passo do jogo.
No geral, toda a performance do jogo teve uma melhora significativa. Ao entrar/sair do mapa do mundo ou de uma residência dentro da cidade, ao interagir com os NPCs, ao comprar itens nas lojas. Tudo corre de forma fluida.
As artes e até mesmo as animações foram convertidas para alta resolução. As animações há claramente o uso de IA, notável especialmente na letra “E” ao aparecer o título do jogo na animação inicial, mas tudo está, de forma geral, bonito, claro e com um colorido lindo, sem perder a estética do anime dos anos 90.

É possível jogar a versão original também, onde todos os efeitos em HD desaparecem e dão vazão à versão original, além do gráfico e das fontes que, devido a baixa resolução, deixam a leitura bem difícil. É possível até mesmo intercambiar entre o modo clássico e o remaster através do mesmo save, no entanto preferiria que tivessem feito como Legacy of Kain Soul Reaver 1 & 2 Remaster, onde é possível trocar entre o gráfico clássico e o moderno em tempo real.
Um excelente clássico, agora ao alcance das novas plataformas
Lunar continua sendo um dos meus RPGs favoritos. Sua história mágica com momentos cômicos, a atmosfera de viagem, os personagens carismáticos e a progressão desafiadora fazem de ambos os Lunares jogos divertidos até para os tempos atuais. É uma pena que não tivemos recursos extras, mas ter tudo o que limitava o jogo na época removido realmente traz uma nova luz ao jogo.
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