Como fazendeira oficial do Universo Nintendo, pego todo jogo de fazendinha possível pra fazer análises… Mesmo se não for uma fazendinha propriamente dita. Em My Time at Sandrock, você vai construir, em vez de plantar. Mas será se é uma boa aventura? Bora descobrir.
[bs-heading title=”Sobre My Time at Sandrock” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
My Time at Sandrock é uma sequência, embora não mantendo a história de My Time at Portia, jogo lançado em 2019 pela Pathea Games, uma empresa independente com sede na China, e que também lançou alguns outros jogos.
Sandrock é o maior jogo já feito por eles, mas originalmente, seria apenas uma DLC de My Time at Portia. Como o objetivo estendido necessário para essa DLC não foi alcançado na campanha de Kickstarter de Portia, Sandrock foi anunciado como um jogo em 2020, e uma campanha de Kickstarter começou. Apesar de não atingir todas as metas, o jogo alcançou o suficiente para ser feito.
Em 2022, o jogo chegou para o mundo todo em acesso antecipado, e em novembro, o jogo chegou de forma definitiva para PC e consoles (exceto PlayStation; galerinha da Sony vai ter que esperar até o ano que vem).
[bs-heading title=”História” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
My Time at Sandrock se passa numa era pós-apocalíptica. Como no passado de tantos outros jogos (e no presente do mundo real), a humanidade se destruiu e quase foi totalmente aniquilada por ganância, tecnologias sem freio e guerras. A chamada Era das Trevas foi substituída por um período de paz e prosperidade, na qual as pessoas abriram mão da cultura e dos valores de outros tempos, e buscam viver em paz e harmonia.
Neste mundo, e especificamente na cidadezinha de Sandrock, você é uma pessoa que chega para construir novas coisas. Num mundo pós-moderno, vegetação natural e água são recursos raros. O mundo é árido e desértico, e os únicos recursos abundantes são os restos da civilização anterior: metais, restos de tecnologia, máquinas desmontadas, e por aí vai.
Ao chegar, entre guindastes montados e palcos desmontados, você precisa conhecer as pessoas, fazer amizades, se relacionar, casar e viver felizes para sempre, construindo mais e mais e mais e mais.
A história do jogo tem mais de 60 horas para passar os 3 atos, e eu não vou fazer spoilers aqui, mas é muito mais completa, complexa e intrincada que a história simples de My Time at Portia. Além disso, as personagens em Sandrock são muito mais vivas (e chatas, e irritantes, e apaixonantes, e empolgantes, etc.) que lá.
Aparentemente, o foco aqui foi muito mais nas relações em si, e nas relações das pessoas com a cidade, também, do que no desenvolvimento individual puro e simples: em My Time at Sandrock, você não vai avançar rápido se ignorar as relações humanas, seu jogo vai se arrastar.
Além das pessoas boazinhas, existe um vilão, Logan, um bandido perigoso que é anunciado desde o início, e que te faz ficar com medo e curiosidade em medidas iguais, e eventualmente, ele entra em seu caminho.
[bs-heading title=”Jogabilidade” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
A jogabilidade de My Time at Sandrock é construída em cima da de Portia, mas muito, muito, muito mais avançada.
Aqui, é importante separarmos os diferentes elementos do jogo. Mas antes, importante dizer que a personalização de personagens é completa aqui, eu amei.
O elemento que, inicialmente, é o mais relevante, é o elemento das construções. Você precisa coletar materiais, encontrados por aí no deserto, no Ferro Velho, nas minas profundas, e em muitos outros lugares.
Com os materiais certos (você encontra a lista de ingredientes na receita de cada coisa), você faz coisas, e usa essas coisas feitas para construir coisas maiores. Por exemplo, pra fazer um guindaste, a primeira missão do jogo, você precisa de tijolos, tubos de cobre, e mais. Para fazer tijolos, você precisa montar um Forno e mandar fazer, ou enfiar sucata de pedra na Recicladora e torcer pra vir, até conseguir tudo o que precisa. E essa lógica é seguida durante todo o jogo. Você sempre vai ter algo grande pra montar ou desmontar, e para conseguir, vai precisar de novos materiais, novas ferramentas, novas estruturas, cada vez mais complexo.
Algumas dessas estruturas são o que a história precisa para avançar, outras são só para facilitar sua vida e a vida de todo mundo que vive em Sandrock.
O segundo aspecto de Sandrock são os relacionamentos. A exemplos de jogos como Stardew Valley, há uma gama de personagens com quem você pode estabelecer diversos tipos de relações, inclusive romances, e as opções não são limitadas por aparência ou gênero da sua personagem (sim, jogo woke, conservadores, não é pra vocês).
Conforme você conversa, dá presentes e convive com cada pessoa, a relação de vocês melhora, e até mesmo missões e partes específicas da história são liberadas. A exemplo dos outros jogos do tipo também, estar com a Wiki do jogo à mão ajuda muito, se você não quiser descobrir por tentativa e erro o que a mocinha da igreja gosta de ganhar.
O último aspecto é o combate. Em Portia, o sistema de combate era extremamente simples e, parar ser sincera, chato. Não tinha muita coisa para ser feita, além de spammar botões e desviar de vez em quando.
Agora, o combate continua simples, porque a ideia é atrair pessoas que não estão acostumadas a lutar em seus joguinhos, mas há alguns elementos novos, como dano diferente de acordo com o tipo de arma, por cada inimigo ter fraquezas e resistências, além da possibilidade de fazer um adversário ficar paralisado e não atacar. Defender ainda é simples: desvie ou use uma armadura melhor. Não é nada revolucionário, mas também não é tão entediante quanto Portia, e coletar itens que são ligados a monstros, ou derrotar monstros necessários, ficou mais divertido.
No geral, a jogabilidade de My Time at Sandrock me agrada muito. Você corre sem gastar stamina, a câmera livre ajuda a saber pra onde está indo, você consegue personalizar muito bem tudo o que quiser fazer, e tornar a experiência nesse mundo novo uma experiência totalmente sua.
Eu ainda acho o menu bem complicado, com muitas informações e poucas explicações, e o jogo te joga em algumas missões muito longas sem pistas de como você pode avançar sem passar um mês ou mais coletando materiais e torcendo pra Recicladora te dar o que você precisa.
Pra usar suas máquinas e construções, há um consumo de água, e você precisa manter seu Tanque cheio o tempo todo, ou suas máquinas param. Além disso, um espanador é extremamente necessário, já que você está no meio do deserto e, como esperado, tem areia sendo jogada para todos os lados. Se não mantiver suas máquinas limpas, elas perdem eficiência.
Por fim, queria falar que tenho opiniões mistas sobre o sistema de armazenamento: por um lado, temos uma mochila pequena demais no começo, fazendo você ter que ir e voltar muitas vezes durante missões, e tendo que pôr coisas em caixas, mas por outro lado, podem ser construídas inúmeras caixas e espalhadas pela sua casa, e as máquinas acessam os recursos diretamente das caixas, então, você não precisa ficar carregando materiais pra lá e pra cá.
[bs-heading title=”Parte Técnica” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
My Time at Sandrock foi bem portado, e o jogo roda bem, no geral. Há alguns engasgos em momentos de muita coisa acontecendo na tela, mas no geral, o trabalho foi bem-feito. Gostei muito da tradução, e achei legal um jogo pequeno ter tudo em português, inclusive legendas de cutscenes, tão bem-feitas.
Os gráficos são simples, no Switch muito mais simples que para quem jogar a versão de PC, mas já virou o estilo de arte do estúdio, então, precisamos de um terceiro jogo para saber se vão manter esse estilo pra sempre, ou se o pessoal lá ainda tem alguma limitação técnica ou artística. Algumas roupas não aparecem no mundo exterior, enquanto outras mudam sua aparência, e as estruturas são bem definidas e visíveis de longe, o que é algo bem legal para um jogo desse porte.
A música do jogo não é nada de especial, mas também não é ruim, é agradável, especialmente levando em conta que passamos dezenas de horas por aqui.
As personagens são todas dubladas, e esse foi um trabalho primoroso. Cada uma delas tem uma voz única e discernível, e com o tempo, você passa a reconhecer só de ouvir quem tá falando. Por esse esforço, eu dou todos os louros.
[bs-heading title=”Conclusão” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
My Time at Sandrock é um jogo de construção no qual pegaram tudo o que foi aprendido em Portia e melhoraram, aumentaram a escala e misturaram aqui. Apesar de algumas construções demorarem muito para saírem do papel, e das limitações técnicas da versão para Switch, a história e as personagens são cativantes o suficiente para manter seu engajamento e interesse sempre frescos.
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela Pathea Games.
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