Existente desde o comecinho dos anos 2000, mas extremamente nichada, a série Boku No Natsuyami sempre retratou as férias de verão de uma criança japonesa. E depois de mais de uma década sem um jogo novo, finalmente temos uma nova entrada da série: Natsu-Mon: 20th Century Summer Kid Bora para o interior do Japão?
Sobre Natsu-Mon: 20th Century Summer Kid
O primeiro jogo de Boku no Natsuyasumi foi lançado em 2000 para o PlayStation, exclusivamente no Japão. Criado por Kaz Ayabe, o jogo retrata as férias de verão de Boku, um garoto de 9 anos da cidade grande, que passa o mês de agosto de 1975 na casa de parentes no interior do Japão. O jogo fez bastante sucesso, sendo inclusive uma das influências por trás de Animal Crossing, e embora Ayabe não tenha pensado nele como o começo de uma série, cada novo avanço tecnológico nas gerações seguintes de videogames fez com que ele quisesse experimentar cada console novo, o que fez com que o segundo jogo saísse para o PlayStation 2 em 2002, o terceiro, saísse em 2007 para o PlayStation 3, e o quarto, no PSP em 2009.
Em todos os jogos, tirando o quarto, é agosto de 1975. No do PSP, estamos em 1985. No ano passado, Ayabe lançou Natsu-Mon: 20th Century Summer Kid no Japão, e o jogo finalmente chegou ao ocidente este mês (bem propício, eu diria).
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Lançamento: 8/Out/2024
História
Antes, um pouco da cultura japonesa, para quem não sabe. Se você já conhece, vá pro próximo parágrafo. Vocês já devem ter visto em filmes, séries, doramas, animes ou mangás o quanto a vida estudantil de crianças japonesas é difícil. Entre muitas exigências escolares, agradar a todo mundo e lidar com bullying, além de eventuais dinossauros gigantes invadindo a cidade (/p), não é fácil estar em idade escolar. Por isso, as férias de verão (que para as crianças japonesas, dura só o mês de agosto) são um momento especial. É muito comum que crianças dos grandes centros visitem familiares que moram no interior e passem o mês de agosto longe do corre-corre da cidade grande. E por lá, as crianças recebem muita liberdade, e podem, literalmente, fazerem o que quiserem desde que estejam em casa para a hora da janta. Muitas aventuras e memórias são criadas dessa forma, e a ideia dessa série, como um todo, é evocar esse sentimento. Muita gente pode não se conectar por ser algo específico do Japão, mas para outras pessoas, há muitas similaridades com tempos que eram mais simples, então, o jogo ativa memórias muito específicas.
OK, contexto dado, vamos a Natsu-Mon: 20th Century Summer Vacation. Yomogi é uma pequena cidade no interior do Japão, que recebe uma trupe de circo. Desta vez em 1997, ano em que Ayabe começou a desenvolver o primeiro jogo da série, você assume o papel de um garotinho que é filho do Mestre do Picadeiro do circo, e tem um mês de liberdade para fazer o que quiser. Começando no dia 1º de agosto, indo até o dia 31, você pode rodar a cidade, pescar, coletar insetos, enquanto preenche seu diário de férias.
Essa é a história básica, mas não tenho como ir além disso, porque cada aventura é diferente. Apesar de você ter liberdade para fazer o que quiser, o tempo limitado (cada dia dura entre 40 e 15 minutos, dependendo da velocidade que você definir) garante que você não conseguirá fazer tudo o que quer da primeira vez. Isso significa que o fator replay do jogo é TREMENDO.
A cidade tem diversas pessoas interessantes para você conhecer, do dono do café que toca violino ao detetive particular ao cara que te ensina a mexer com fogos de artifício, passando pelas crianças, adolescentes, todo mundo em Yomogi tem bastante personalidade, e é muito gostoso acompanhar o dia a dia das pessoas e conhecê-las.
Qual será sua maior aventura, e quão longe você vai nesses 31 dias, antes de o circo voltar a rodar o país?
O jogo tem uma DLC que traz novas áreas e uma nova personagem, além de 30 novas espécies para serem coletadas, mas eu não tive acesso a ela, então, não posso opinar sobre.
Jogabilidade
Natsu-Mon: 20th Century Summer Kid é um jogo casual padrão. Se você já jogou Animal Crossing, Stardew Valley, Harvest Moon ou qualquer outro jogo do tipo, você já tá na metade do caminho.
Aqui, você literalmente construirá sua história através do seu diário. Cada atividade que fizer durante o dia é registrada nele, e você pode escolher se a entrada será curta, média ou detalhada e qual adesivo vai colocar pra decorar. Todos os animais que você coletar também serão desenhados no diário.
Todas as manhãs, você pode fazer ginástica no templo para ganhar um selo. Ao completar os 31, algo legal acontece. Você pode escolher iluminar as lanternas do templo. Pode escolher investigar os mistérios dos visitantes desconhecidos. Descobrir quem deixou os porcos fugirem. Pegar o trem ou o ônibus e ir para uma cidade próxima. Subir o farol e descobrir por que a iluminação está mais curta. Encare as matas e descubra a vida selvagem, doe bichos para o museu, ou atire uma noz à distância para derrubar insetos em lugares altos. Suba nas árvores, pule nos telhados e conheça a cidade por um ângulo que nenhuma outra criança conheceu. Pode fazer tudo isso e muito mais, pelo menos até as 6 da tarde, porque você será buscado, não importa em que lugar esteja, para jantar.
Após a janta, pode conhecer a pouca vida noturna da cidade, capturar insetos ou pescar peixes que só saem à noite, e ver pessoas fazendo coisas diferentes do que fazem em horário comercial.
Mas cuidado, esteja dormindo até as 22h, ou você não terá energia no dia seguinte. Para saber a hora, compre um relógio na loja de brinquedos, ou você vai se perder no tempo (dica de amiga).
Como comentado acima, você pode alterar a velocidade com a qual o dia corre, para conseguir fazer mais coisas ou chegar mais rápido ao fim do mês. A escolha é sua do quanto você quer fazer, mas meu conselho é, pelo menos na primeira vez, use a velocidade normal. Não tente fazer tudo o que é possível, porque isso vai tirar muito da diversão do jogo. A ideia é simular o verão mágico que toda criança tem, e quando a gente é criança num mundo sem internet, cada dia guarda uma nova aventura, e você não sabe o que tá perdendo, já que tá vivendo outros momentos.
Soei saudosista? É, eu sei, mas é justamente essa a intenção do jogo. É para ser casual, é para ser tranquilo, é para ser reconfortante, é para ser aconchegante. Não é para correr e tentar cumprir objetivos. Ao menos, não na primeira vez.
A partir da segunda, você pode ativar o New Game Plus, carregar tudo o que quiser da jogatina anterior (menos dinheiro), e tentar fazer o máximo de coisas que quiser, ou pode só experimentar mais um verão maravilhoso. Não são três meses de férias, então, passam mais depressa, curtir deve ser sua prioridade nesse mês de agosto.
Parte Técnica
Natsu-Mon: 20th Century Summer Kid roda do jeito que deveria. O jogo tem gráficos simples, e eles são eficientes e entregam. É bonito, é colorido, é fofo. Cada personagem é feita de forma única e bem definida, a ponto de que você consegue diferenciar quem é quem, mesmo à distância.
Os sons do jogo são agradáveis, você ouve a cidade, as músicas, as conversas, os insetos, o som da água e do trem. Além disso, todas as conversas são dubladas em japonês, e as vozes foram bem escolhidas e fazem sentido com cada personagem.
Há uma grande variedade de idiomas disponíveis, mas infelizmente português não é uma delas, o que é uma verdadeira pena. Seria muito bom se todo mundo aqui conseguisse entender e apreciar.
Conclusão
Natsu-Mon: 20th Century Summer Kid é uma experiência nostálgica deliciosa. Uma viagem ao interior do Japão nos anos 90 que te conduz a um mês das aventuras que você quiser viver.
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela Spike-Chunsoft
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