Como será que teria sido viver no auge da Renascença, sendo artista como Da Vinci, atendendo a patronos ricos e criando arte para a Igreja, enquanto se vive a vidinha na Baviera do Século XVI? Se você é uma das poucas pessoas que já se perguntou isso, Pentiment vem para responder a essa pergunta.
[bs-heading title=”Sobre Pentiment” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Recomendação de Compra
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom
Lançamento: 26/Set/2024
Pentiment é um projeto que Josh Sawyer queria realizar há muito tempo, desde que estudou o Sacro Império Romano (é literalmente o Império Romano dele). A ideia original foi apresentada por ele em 1990, mas muito tempo levou para que ele de fato conseguisse lançá-lo. Baseado em O Nome da Rosa, ele foi originalmente ventilado em 2018, mas o jogo só foi anunciado oficialmente em 2022.
Com uma equipe de peso trabalhando para que o jogo fosse o mais fiel possível à era retratada, Pentiment foi lançado em novembro de 2022 para Xbox e Windows, e mês passado, chegou aos demais consoles da geração.
[bs-heading title=”História” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Em Pentiment, você começa a aventura seguindo a história de Andreas Maler, um artista no Século XVI durante sua passagem por Tassing. Precisando fazer sua obra-prima para voltar para casa, se casar e ser reconhecido como mestre, ele trabalha na Abadia da cidade, fazendo artes para livros do scriptorium local, enquanto desenvolve sua obra-prima.
Entretanto, o que parecia ser apenas um inocente passeio pela bucólica paisagem se torna uma história de intriga, assassinato e investigação, num cenário em que há conflitos entre a Igreja, as crenças pagãs e a nobreza, uma morte sem testemunhas coloca você no centro de todas as decisões.
E aí mora a principal beleza de Pentiment: suas decisões. Desde a base da formação de Andreas, que vai determinar que conhecimentos ele tem e quais idiomas pode falar, até quais opções ele vai seguir, toda a história é montada sobre uma árvore de decisões que vai mudar completamente o tipo de aventura que você vai viver.
A questão se torna ainda mais interessante porque as personagens são carismáticas, profundas, parecem pessoas de verdade, então, você se importa realmente com elas, e os destinos delas realmente se tornam algo importante para você.
Quem você acusar do assassinato supracitado, por exemplo, não estará com vida quando você volta na cidade 7 anos depois. E as decisões que você toma em Tassing vão impactar um período de 25 anos da história da cidade. Andreas Maler, com suas decisões, pode ser um herói, um vilão, ou apenas um mero viajante.
Isso faz com que cada vez que você jogar, se tomar decisões diferentes, viverá histórias completamente distintas. Aqui, as decisões não são do tipo que só alteram detalhes específicos, sem mexer no esqueleto básico; eu nem consigo imaginar o trabalho que deve ter dado montar a história aqui, porque são coisas grandes, que afetam o todo, baseadas, por exemplo, no quanto você deu em cima da esposa do líder de um movimento revolucionário sete anos antes.
[bs-heading title=”Jogabilidade” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Pentiment é um RPG de ação movido pela história, com movimentação 2D, e que fará você andar. Andar bastante. Para fazer as missões, pegar coisas, levar coisas, falar com pessoas, e ir trabalhar, você vai andar muito. Lembra Oxenfree, realmente. Cada dia é regido por um relógio com períodos, e nesses períodos, você decide o que você fará. Nos primeiros dias, não haverá muita dificuldade, exceto se localizar pelo mapa. Depois que você entender pra onde tem que ir e como (ou for mais inteligente que eu, e usar o mapa que tem no jogo), basta se dirigir ao local e escolher com quem vai almoçar, por exemplo, o que fará no seu trabalho, como vai passar seu tempo livre e que interações terá com as pessoas ao seu redor.
Como falei na parte da História, a árvore de decisões de Pentiment é uma coisa linda demais. As consequências das suas decisões são abrangentes e afetam a história toda, não só um ou dois diálogos, como costuma ser.
Mais que isso, conforme os dias passam, você vai ter cada vez mais opções para fazer a cada período, e só poderá escolher uma delas.
Você quer ler um livro específico, mas não estudou na França? Sinto muito, porque se estudou na Itália, não vai saber francês. Quer conversar com uma viúva ou com seu principal suspeito? E se ele tiver um álibi, o que fará do próximo período? Almoçará numa casa ou em outra? Ou termina a aventura e joga de novo, porque vai valer a pena.
A Jogabilidade de Pentiment é simples, direta e eficaz para entregar a história. Eu gostaria que houvesse a possibilidade de se mover mais rápido, ou que houvesse pontos de viagem rápida no mapa, especialmente quando você precisa se mover de um lugar para outro, e voltar para o anterior, de vez em quando, acaba cansando um pouco.
Ao abrir o Diário, você tem acesso não só ao mapa, mas também às missões em andamento (também pode ver as concluídas), a uma lista de personagens e ao Glossário. Isso também é uma coisa muito bacana do jogo, no meio das conversas e narrativas, você pode apertar um botão, o centro do jogo se afasta, como se fosse dentro de um livro, e você vê as definições das palavras que se referem a pessoas, lugares e eventos importantes da época, assim, você consegue se imergir na história sem ter que ir na Wikipedia pesquisar cada nome que aparece.
Nas Opções, além dos idiomas (são 11 deles), você consegue configurar os Controles para serem mais confortáveis, e o jogo ainda apresenta diversas opções de Acessibilidade, incluindo modo para ajudar pessoas daltônicas ou fotossensíveis, ou mudanças da Fonte para facilitar a leitura por pessoas disléxicas ou com baixa visão, por exemplo.
Um negócio idiota, mas que é divertido, é que você pode aumentar o tamanho das cabeças, e o efeito, quando no máximo, é hilário.
[bs-heading title=”Parte Técnica” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
O port para o Switch foi quase perfeito. Há algumas quedas de framerates em algumas animações, e a mudança de páginas do Diário trava um pouco, além de haver uma demora um pouco mais longa nos carregamentos, em comparação com as versões de Xbox e Steam Deck.
Fora essas questões, que não chegam a, de fato, incomodar, o jogo é muito bonito. A arte imita muito o estilo renascentista, e a escolha pelo 2D permite que haja bastantes detalhes nos fundos, já que não há navegação para lá.
As personagens são diferentes o suficiente em detalhes para você reconhecer à primeira vista depois de um tempo, e os diferentes estilos de fontes são primorosos. As laminações dos livros e artes são muito bem-feitas, com a arte do jogo sendo feita quase que totalmente à mão.
Os sons e músicas ajudam muito na ambientação, mas a falta de qualquer tipo de som quando personagens falam incomodam um pouco. A grande opção de idiomas é bem-vinda, e a tradução para o português foi muito bem-feita.
Falando em músicas, todas elas foram compostas e executadas pelo Alkemie Early Music Ensemble, e todas as que estão no jogo são músicas que realmente existiam na época, ou foram inspiradas por elas.
No geral, foi um ótimo port.
[bs-heading title=”Conclusão” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Pentiment é um primor de originalidade e cuidado com um jogo. A fidelidade com a qual a Renascença é recriada, além de ter decisões que realmente fazem a diferença na história toda, não só num pedaço insignificante, fazem com que seja um jogo que todo mundo deveria experimentar. Deixar de ser um exclusivo da Microsoft permite que mais pessoas possam apreciar a obra de arte que a Obsidian e a Microsoft trouxeram ao mundo.
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela Xbox Game Studios.
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