Para algumas pessoas da velha guarda dos games, algumas franquias são queridas, e Ys é uma delas, existindo desde 1987. Hoje, chega ao Nintendo Switch Ys Memoire: The Oath in Felghana.
Sobre Ys Memoire: The Oath in Felghana
Como dito na introdução, a franquia Ys existe desde 1987, tendo 10 jogos principais e mais alguns spin-offs, abarcando basicamente todos os consoles que já existiram, além de todas as gerações de PCs. Sendo um dos primeiros RPGs a focar primariamente nas histórias, e a não ter batalhas em turno, ela sempre priorizou velocidade e agilidade ao grind de sempre, e isso atraiu fãs diferentes dos JRPGs comuns.
Com o sucesso do primeiro jogo (que na verdade foi dividido em dois por questões técnicas), em 1989 saiu Ys III: Wanderers from Ys, com várias modificações em relação ao início da franquia. Em 2005, um remaster dele foi feito para o PS2, e no mesmo ano, chegava para PC um remake, chamado de Ys: The Oath in Felghana. Em 2010, esse remake chegou para o PSP, com a curiosidade de que, para economizar na versão ocidental, a XSEED comprou a tradução feita por fãs para a versão de PC. Essa tradução virou depois a localização oficial de PC também.
Em abril do ano passado, mais um remaster desse jogo, Ys Memoire: The Oath in Felghana, foi lançado no Japão, e ele chega agora para o ocidente, com o mesmo nome e melhorias em relação à versão anterior.
História
Ys Memoire: The Oath in Felghana tem basicamente a mesma história de Ys III, mas com algumas mudanças para deixar a história mais fluida, com algumas cutscenes a mais.
Na pele de Adol Christin, o grande herói da saga Ys, três anos se passaram dos eventos anteriores, e você vai com seu amigo e companheiro de viagem Dogi, conhecer a cidade onde ele nasceu e cresceu. Redmont é uma pequena cidade comercial cuja economia é baseada na mineração de Raval, um metal bastante valioso para armas e armaduras.
Recomendação de Compra
Nintendo Switch – Modelo OLED (Branco)
Lançamento: 08/Out/2021
Ao chegar, porém, Adol e Dogi são cercados por uma espécie de Lobo Selvagem, e encontram uma garota também cercada por eles. Adol a salva, e descobrimos que ela é Elena Stoddart, amiga de infância de Dogi, que disse que ele estava fora de casa havia oito anos já. Chester, irmão de Elena, sumiu há alguns meses, e você acaba encontrando-o como cavaleiro de Lord MacGuire, rei de Felghana (a região do jogo).
Chester aparentemente está fazendo o trabalho do rei ao buscar o controle de estátuas que selaram o mal havia algum tempo. Cada personagem tem suas motivações abertas e suas motivações internas, e cabe a você, vivendo as aventuras de Adol, descobrir como cada coisa entrou no lugar e foi resolvida, enquanto você derrota monstros, salva pessoas e coleta as estátuas antigas.
Jogabilidade
Se a versão original do jogo, Ys III, lembra bastante o que fizeram com o famigerado Zelda II, o remake, e este remaster do remake, Ys Memoire: The Oath in Felghana, volta ao estilo clássico que marcou a franquia. Ainda há plataformas para se atravessar, mas elas agora são numa visão diagonal superior, basicamente um 2.5D.
Aqui, Adol não ataca automaticamente, como no começo de Ys, mas você tem um grande controle de seus ataques, pulos, magias, bem como da troca de braceletes, que dão poderes diferentes, e de talismãs, que protegem de coisas diferentes.
Você se move no mapa, derrota monstros no seu caminho, e a cada área nova, basicamente, você vai ter um monstro grande para derrotar. Os monstros grandes têm MUITA vida comparados a Adol, e quanto mais alto o nível, mais impossível parece ser de derrotar alguns, mas com paciência e atenção aos padrões de ataque (e alguma sorte, em alguns casos), você consegue derrotar e seguir para a próxima área.
Para salvar o jogo, há estátuas de deuses antigos, que posteriormente funcionam também como portais de viagem rápida. A exemplo de muitos jogos antigos, a quantidade de locais de salvamento é pequena, e muitas vezes, você vai ter que caminhar um bom bocado até um chefão que você morreu, caso não reinicie a luta imediatamente, então, atenção a isso.
Falando em reiniciar, achei interessante que o jogo te oferece tentar desafiar os monstros grandes novamente, mas num nível de dificuldade inferior, se você chega num ponto que não consegue mais progredir por causa do nível. É uma ferramenta bacana caso seu objetivo seja só seguir com a história.
Não sei se isso existia no remake, mas esta versão tem um modo turbo, que permite aumentar a velocidade de movimento em 50 ou 100%, tornando muito mais fácil e rápido não só aumentar de nível rapidamente, caso você precise, mas também farmar itens e voltar a lugares que você esteve anteriormente. Como o jogo tem muito backtracking, isso ajuda muito a poupar tempo, e levando em conta que ainda assim, vão cerca de 15 a 20 horas, podem imaginar o quanto isso salva.
Você usa Raval para melhorar suas armas e equipamentos, e conseguir, assim, derrotar certos inimigos que seriam impossíveis de outra forma. Apesar de tantas personagens, não existe uma “party” com a qual você joga. É Adol, e apenas Adol.
Felizmente, o nível dos inimigos dá a sensação inicial do quão poderoso ele é, comparado a meros lobinhos, mas conforme você avança, eles ficam mais fortes. Inclusive, nas mesmas cavernas: por exemplo, bichos que eram pequenos se tornam maiores, mais danosos e mais resistentes quando você derrota o chefão daquela área. Isso facilita com que você continue subindo de nível progressivamente, sem dar a sensação em nenhum momento de que você tem que parar de avançar no seu objetivo para grindar níveis. Na maioria das vezes, se você não está conseguindo vencer alguém, a culpa é mais do equipamento que você está usando, incluindo o bracelete de magia que escolheu, do que do seu nível atual. Aliás, uma dica é que quase todas as áreas têm armas, armaduras e/ou escudos escondidos que, se você explorar totalmente, pode encontrar e facilitarão muito sua vida no próximo chefão.
Além disso, para reduzir a necessidade do grind, o jogo te motiva a ir para a próxima área para procurar novos inimigos, já que matar monsros em sequência dá não apenas experiência extra, como também aumenta suas estatísticas, fazendo ser mais fácil matar os próximos inimigos.
Um ponto negativo para quem se acostumou a jogos modernos é a total ausência de um mapa nas áreas. Você tem um mapa geral de Felghana que te permite saber para qual direção é cada área, e também fazer suas viagens rápidas, mas dentro de cada caverna ou área nova, não tem nenhuma forma de saber onde já passou ou não, o que significa que em vários momentos, você vai se perder e revisitar as mesmas áreas várias vezes, ou vai direto até a sala de um monstro grande, que não te permitirá sair, e você terá que se virar, ou voltar para o ponto anterior de salvamento. E como alguns dos chefões do jogo têm um salto muito grande de dificuldade em relação ao ponto anterior, isso pode acontecer algumas vezes no decorrer de sua jornada.
O menu oferece bastantes opções. Além de itens e equipamentos, você também pode remapear os botões, mudar opções de gráficos e áudio, limitar o direcional ao clássico de oito direções, em vez de livres, além de poder escolher um modo que, apertando um botão, você ao cair de uma altura grande, volta para onde estava antes de cair, e não vai parar lá embaixo (não há dano por queda aqui, cair normalmente significa ter que subir tudo de novo). Além disso, o menu traz um diário, que te permite relembrar tudo o que aconteceu caso fique um tempo sem jogar, e uma espécie de enciclopédia que armazena informações de todas as personagens e monstros que você encontrar, além de um Manual do jogo, tudo podendo ser acessado a qualquer momento.
Ys Memoire: The Oath in Felghana é um jogo cuja jogabilidade envelheceu bem, muito bem. Não é a toa que é considerado talvez o melhor título da franquia.
Parte Técnica
O jogo não é nenhum primor, mas faz bem o que se propõe. Muitos jogos de PC têm dificuldade de serem decentes no Nintendo Switch, mas como este jogo é o remaster de um remake que foi feito para o PSP, e que saiu para o Switch antes de qualquer outro console no Japão, o trabalho aqui foi muito bem feito.
Começando pela arte, os sprites do jogo não são um primor visual, mas receberam melhorias em relação à versão anterior, e para quem gosta de jogos retrô, ele é até que bonito. Os cenários são muito bem desenhados e com boa noção de profundidade.
O jogo apresenta carregamentos suaves de uma área para a outra e não travou ou crashou em nenhum momento da minha jogatina.
Adol aqui não é mais um herói silencioso: o jogo agora oferece opções de áudios em inglês e japonês, e a maioria das cutscenes tem todo mundo falando, inclusive um narrador. Isso dá muito mais personalidade para todo mundo.
A trilha sonora é maravilhosa, adequada a cada lugar e momento, e não é a toa que a edição que conta com um álbum com as músicas seja a que muitos fãs escolheram. Inclusive, o jogo conta com a opção de usar a música remasterizada ou as versões PC88 e X68K de Ys III. Somando ao fato de que você pode escolher ver os gráficos originais, e não os refinados, pode adicionar muito ao seu fator nostalgia.
O jogo não tem versão em português no Switch, infelizmente, mas a história é razoavelmente simples; acredito que a maioria das pessoas consegue entender o que está acontecendo sem precisar de tradução para tudo (embora seja muito mais rico entender tudo, afinal de contas, o foco do jogo é a história).
Conclusão
Ys Memoire: The Oath in Felghana é uma grande adição à biblioteca de RPGs do Switch. As melhorias são a cereja no topo de um bolo agradável de se consumir, e, caso consiga vencer a frustração que alguns chefões causam, você embarcará numa aventura muito bacana, que prova que nem sempre, mundos abertos são o melhor meio de se contar uma história.
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela XSEED Games
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