Como o próprio nome já deixa um tanto quanto claro, Creepy Tale 2 é a sequência de um jogo chamado Creepy Tale, indie lançado originalmente para PC em 2020. Assim como seu antecessor, Creepy Tale 2 traz elementos predominantemente do gênero point ‘n’ click, porém, com fortes aspectos de puzzle permeando toda a jogatina. Apesar de alguns elementos fazerem uma “ponte” com o título anterior, não é necessário nenhum conhecimento prévio do primeiro game para entender o universo e os personagens deste segundo.
Garotas e seus demônios
Creepy Tale 2 é um conto horripilante, recheado de criaturas bizarras e situações que parecem ter saído de um pesadelo terrível. Aqui, somos Lars, um rapazinho da Europa medieval, que parece viver uma vida pacata com sua irmã mais nova e seu pai viúvo. Primeiramente, vivemos um dia comum, como qualquer outro na vida de Lars. Cortamos madeira, damos uma volta pela parte de fora da casa e cumprimos a heróica missão de resgatar o ursinho de Ellie.
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Lançamento: 26/Set/2024
Depois de seu longo e trabalhoso dia, Lars resolve tirar uma soneca. De repente, ele ouve um barulho estrondoso no outro cômodo e resolve espiar. Ele vê a terrível cena de um enorme demônio matando seu pai, enquanto uma estranha figura com uma coroa oferece uma outra coroa para sua irmã, prometendo que tudo ficará bem e ela “pode remover a coroa se não gostar”. Com isso, Ellie a coloca e passa a agir estranhamente, como se tivesse sido tomada por um espírito maligno. Então, ela conta para a garota que também tem um irmão e ele está no quarto, no andar de cima. Com isso, Lars sai correndo em direção à floresta para evitar ser capturado.
Em meio às árvores, o protagonista é resgatado por um espírito da floresta, o qual conta para ele o que está havendo e quem é aquela estranha figura infantil com um coroa que invadiu sua casa com um demônio. Quem jogou Creepy Tale 1 saberá de quem se trata, mas isso não é exatamente necessário de se ter conhecimento, já que o espírito da floresta dá uma boa base sobre a lore daquele universo em poucos trechos de diálogo. Nossa missão, então, passa a ser procurar o irmão desse espírito na cidade para obter mais ajuda sobre como derrotar esse mal e resgatar Lillie.
O “apontar e clicar” modernizado
A jogabilidade em Creepy Tale 2 é muito daquilo já visto na história dos point ‘n’ clicks. Nesta adaptação para o Switch, podemos movimentar Lars com o analógico direito, pressionar o X para abrir o inventário e utilizar os itens com objetos naquele ambiente, além de podermos abrir a mochila com o R e combinar objetos que estamos carregando no momento.
Para que um título que se encaixe nesta fórmula seja diferenciado, o maior segredo está na história e nos puzzles que são apresentados. O universo de Creepy Tale 2, mesmo que não seja tão profundo, é muito bem elaborado através dos incríveis diálogos espetacularmente dublados e bem escritos. Os puzzles/quebra-cabeças, por outro lado, nem sempre são tão intuitivos e muito menos naturais. As soluções para alguns problemas são um tanto quanto forçadas e passei mais tempo do que gostaria para encontrar como resolvê-los. Não são todos assim, mas os poucos que trazem esse aspecto obtuso realmente frustram um pouco.
Além de usar já todos os elementos do gênero, também há um “quê” de furtividade (stealth) presente aqui. Em alguns capítulos, é necessário que Lars se esconda do inimigo a fim de que ele não o veja e o mate. Quando o inimigo se afasta, é necessário ser rápido e utilizar essa janela de tempo para executar alguma ação e sair correndo. O mesmo acontece para eventos pontuais, como um NPC que agarra Lars em um dado momento e, se você não abrir o inventário e utilizar um certo item, é game over. Isso acaba sendo bem bacana porque traz mais interatividade e exige mais agilidade por parte do jogador.
Mesmo assim, acabei me frustrando porque existe um bug que faz os controles ficarem sem resposta. Depois de um game over que recebi, não consegui mais apertar nenhum botão ao reviver, e nem mesmo o pause funcionava para voltar ao menu e carregar novamente meu save. Tive que fechar o jogo e, pra minha surpresa, não pude voltar ao ponto de onde havia parado. Precisei recomeçar o capítulo todo – felizmente, nenhum é tão longo assim -, já que Creepy Tale 2 salva apenas em momentos específicos – praticamente no fim do capítulo, apenas. Fora isso, não tive nenhum outro problema de forma geral.
Uma sequência bem melhor e mais trabalhada do que sua origem
Creepy Tale 2 é um salto de qualidade gigantesco em relação ao seu antecessor. O primeiro carecia de diálogos dublados, além de que suas animações deixavam um pouco a desejar. O segundo é muito mais bonito, possui melhor ambientação, apresenta um trabalho de voice acting excelente e uma história bastante instigante, com várias situações absurdamente inusitadas e horripilantes.
Se você é fã dos point ‘n’ clicks, vai se sentir em casa com o que Creepy Tale 2 tem a oferecer como diferencial dentro do gênero. Porém, se você é amante de games nesse estilo e, de quebra, for um apreciador de produtos de terror, certamente o jogo do Creepy Brothers te deixará com um desconforto prazeroso durante à noite. Aliás, o primeiro Creepy Tale também está disponível para Switch, e talvez valha dar uma conferida – lembrando que não é obrigatório.
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