Sempre ouvi coisas positivas sobre a série Persona e especificamente coisas boas sobre o 5º game. Todo mundo fala sobre o quão incrível Persona 5 é, sem mencionar que a versão Royal elevou o jogo a outra patamar em termos de variedade, qualidade, e experiência do usuário. Dito isso, eu o queria experimentar por mim mesmo, sem tirar conclusões precipitadas por meio dos opiniões de outras pessoas. Depois de escrever este artigo, minha maior dúvida é: Persona 5 Royal é mesmo para você, ou até mesmo para mim?
Vivendo uma vida honesta de estudante
Aqui, você está assumindo o papel de Ren Amamiya, protagonista de Persona 5 – aliás, pense bem antes de dar um nome alternativo a ele, porque é imutável. Ren é um estudante que foi acusado de ser um deliquente, após defender uma mulher na rua que estava sendo agredida por um homem. Isso fez com que ele fosse meio que “adotado” por um homem de meia-idade chamado Sojiro Sakura, dono do café Leblanc. Sojiro ficará de olho em você e te deixará vivendo no sotão imundo do local, enquanto você vive a vida de estudante como uma pessoa honesta.
Persona 5 gira em torno da luta em palácios contra os desejos depravados mais profundos de pessoas, como luxúria, egoísmo, arrogância, vaidade, etc. Por exemplo, o primeiro palácio saiu de um professor de educação física, que estava abusando de meninas na escola, enquanto forçava os rapazes do time de vôlei a ponto de ficarem exaustos e terem hematomas. Esses palácios surgem quando esses desejos prejudicam inocentes no mundo real.
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Uma vez que tenhamos acesso a um palácio, temos que abrir caminho até o final dele, destruindo-o geralmente enfrentando uma batalha de chefe. Até lá, haverá guardas andando por toda parte. E quanto mais você for notado, maior será o nível de segurança. Assim, batalhas se tornam mais difíceis de se vencer e é mais provável que inimigos mais fortes apareçam. Adicionalmente, existem os Mementos, que são locais menores e secundários provenientes de pessoas malignas, que contém missões paralelas para nos entreter e ceder itens – além de pedaços da história.
E não posso esquecer dos/das Personas, que são uma espécie de espíritos que vivem dentro de seu hospedeiro, e aparecem após um “contrato” ter sido selado. Ren é o único que pode abrigar várias Personas ao mesmo tempo, tornando-se o líder óbvio do grupo. No entanto, nunca pude sentir um impacto absurdo em termos de dano causado aos inimigos usando as habilidades de Personas, apesar de existir o famoso esquema de pedra-papel-testoura, já que inimigos tem fraquezas contra habilidades de certos elementos. Parece que os ataques corpo a corpo e o uso de habilidades têm muito o mesmo resultado, a menos que você esteja usando uma Persona cujas habilidades são humilhantes e consomem muito SP. O mesmo vale para armas de longo alcance, que causam pouco dano.
No final de batalhas, também é possível adquirir novos Personas, uma vez que os inimigos podem entrar em momento de rendição. Com isso, podemos escolher entre pedir dinheiro, um item aleatório, ou então adquirir a Persona do inimigo para Joker. Caso o “estoque” de Personas esteja cheio, é permitido descartar uma Persona equipada.
Quando se trata de batalhas, temos apenas duas (felizmente) barras para nos preocupar com: HP e SP. HP é a barra já conhecida de pontos de vida, que também pode ser consumida pelo hospedero para usar as habilidades do Persona. Você só precisa prestar mais atenção ao HP do Joker, pois o jogo termina quando ele morre em batalha. Por outro lado, temos a barra de SP que é praticamente a “mágica” consumida para utilizar habilidades de Persona. De qualquer forma, cabe a você decidir se deseja fazer uso de uma barra ou da outra, pois são dois lados da mesma moeda.
Há também um lugar chamado Velvet Room, no qual você pode conversar com Igor para criar novas personas fundindo as que você possui, transformando sua combinação em uma nova e poderosa. Também podemos baixar novas personas escolhendo em uma lista, o que ajuda muito a “exploitar” batalhas usando Personas ridiculamente fortes – porém, que consomem muito SP.
Não é perfeito como muita gente faz parecer que é
Agora, entrando na parte em que o jogo realmente fica aquém: as masmorras. As estruturas das masmorras/dungeons são praticamente as mesmas, e você tem que explorar salas com alguma parcela de verticalidade, além de resolver enigmas aqui e ali para abrir uma nova porta/passagem e seguir em frente. Portanto, repetitividade é algo que você terá que estar preparado para enfrentar aqui com bastante frequência, principalmente porque o grupo tem que revisitar dungeons mais de uma vez, te obrigando a ver os mesmos lugares novamente com poucas mudanças. Pelo menos você tem a capacidade de viajar rapidamente entre pontos de salvamento já visitados (salas seguras), o que é um alívio.
Além disso, devo dizer que adoro JRPGs, a menos que eles enfiem quantidades ridículas de diálogos goela abaixo. Embora muitas conversas entre os personagens sejam dubladas (em japonês ou inglês), isso não anula o fato de que o jogo exagera quanto a enorme quantidade de texto com a qual você terá que lidar. Muitos diálogos parecem apenas um extra, não sendo 100% úteis para a composição do enredo principal. Alguns são bem engraçados, e valem a pena serem lidos (como um no qual Ren aperta Morgana como se fosse um bicho de pelúcia para uma criança no metrô). Se você é o tipo de pessoa que gosta de ler e está profundamente envolvido na história de um jogo, vá em frente.
Posso facilmente comparar Persona 5 a um dos meus JRPGs favoritos de todos os tempos, que é Final Fantasy XII. Ao contrário do P5R, FFXII acerta o lado da história, oferecendo cenas lindas e linhas de texto na medida certa para ler. Acima de tudo, ele se concentra na jogabilidade, fornecendo ao jogador a quantidade perfeita de história para mantê-lo investido. Persona 5 tem várias cenas incríveis em 2D com aspectos de anime, mas esse definitivamente não é o ponto principal aqui.
Além da jogabilidade principal, há também a natureza social de Persona 5. Temos que investir em nossos relacionamentos com nossos amigos e conhecidos, para construir algo chamado Confidant. Esse é basicamente o vínculo que você tem com um personagem em específico, algo que lhe dará vantagens e habilidades extras em batalhas, a capacidade de criar certos itens etc. Também podemos responder perguntas nas aulas de maneira correta, o que aumenta aspectos do personagem como inteligência, audácia, etc.
Mas o maior problema mesmo é que entre os palácios parece meio sem graça fazer as coisas do dia-a-dia, já que alguns objetivos soam bem vagos em relação a sua explicação. É legal sair com seus amigos da escola depois da aula, embora isso também possa parecer repetitivo devido à reutilização de animações, eventos e cenas do jogo. Ao menos, isso libera novos locais para visitarmos.
Até agora, é uma experiência “bacana”
Persona 5 Royal é um jogo bom, embora fique aquém da quantidade exagerada de diálogos do enredo, repetitividade quando se trata de estruturas de masmorras, objetivos bastante vagos entre palácios que parecem inflar o jogo através de mecânicas sociais, etc. Sei que o jogo tem quase 100 horas de jogabilidade para serem experienciadas (se você focar no enredo principal), mas, se eu tivesse que ser realmente honesto, diria que tenho a sensação de que essa duração poderia ser derrubada para 50 horas ou próximo disso. Não me entendam mal: os personagens têm muita personalidade e profundidade em termos de background, porém, não posso deixar de pensar que as coisas foram bastante exageradas aqui.
Antes que eu me esqueça: o port é muito bem feito, e segura a performance em 30 fps, além de boa resolução no modo portátil e na TV. Além disso, a trilha sonora é sensacional e uma das melhores que já presenciei em um game, e venho ouvindo ela enquanto trabalho há alguns anos. Por fim, não existe legendas em PtBr aqui, então boa sorte se você não entende inglês. Sem falar que existem muitas contractions (como copo d’água, que usamos no português brasileiro) do idioma, gírias, e termos exclusivos da língua inglesa que somente alguém com conhecimentos avançados é capaz de entender.
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