Antes de tudo, é bom justificar a demora para a publicação desta análise aqui no Switch Brasil. Fire Emblem Three Houses (FETH) foi lançado em 26 de julho e fiz a compra física. O game acabou demorando mais do que o esperado para chegar às minhas mãos e comecei meu gameplay apenas em 30 de agosto.
Uma montanha russa de sentimentos tomou conta de mim enquanto jogava. No momento em que escrevo esta review estou com 52 horas de jogo. Terminei a campanha da casa Golden Deer com 46h15. Agora já são 5h comandando Edelgard e os Black Eagles.
Este com certeza é o Fire Emblem mais diferente de todos com o maior enfoque na parte de relacionamentos e uma temática estudantil. Como você já deve ter lido em algum lugar, esse pegada estudantil, mágica e medieval lembra bastante Harry Potter e há inclusive alguns fãs da saga do bruxo que esperam um jogo similar a FETH.
Recomendação de Compra
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom
Lançamento: 26/Set/2024
No game, você controla Byleth (masculino ou feminino) e sabe muito pouco sobre si, uma voz em sua consciência representada por uma garota chamada Sothis dialoga por diversas vezes, despertando curiosidade sobre quem é ela e, por consequencia, quem é você.
O início de jogo é até acelerado para os padrões de Fire Emblem, com aproximadamente 1h de jogo você já foi convidado para ser um professor no monastério de Garreg Mach e já é forçado a tomar a decisão sobre qual casa escolher para ministrar suas aulas: os Black Eagles de Edelgard, os Blue Lions de Dimitri e os Golden Deer de Claude.
Não há muito tempo para conhecer os participantes, minha intenção inicial eram os Black Eagles, mas Claude me passou uma impressão melhor e optei por outro caminho. Uma coisa é certa, não irei parar de jogar enquanto não fizer todos os caminhos. Estima-se que uma experiência completa em FETH leva aproximadamente 150h.
Com jogos de Switch muito caros no Brasil, optar por um game de bastante conteúdo é certamente uma boa pedida. Mas alguns avisos precisam ser feitos.
Áudio excelente, mas apresentação pobre
O game é dublado de forma excelente, tem várias cutscenes bonitas, mas os diálogos padrões, em support conversations e entre os chapters são apresentados de forma muito pobre. Os personagens se movimentam e gesticulam de forma genérica e inexpressiva, em cenários pré-renderizados feios, que não dão profundidade à cena e atrapalham bastante a imersão da experiência. Uma pena, pois nas support conversations há diálogos magníficos, porém exigem que o jogador faça um pouco de vistas grossas para esses problemas.
O segredo é focar nas caixas de diálogo e nem observar muito os personagens, se sua fluência em inglês for boa o suficiente, é preferível em alguns momentos sequer olhar para a TV e ouvir a conversa.
Como sempre, Fire Emblem é um deleite para os ouvidos, a trilha sonora mais uma vez está impecável, músicas belíssimas, efeitos sonoros precisos e uma dublagem de voz dos personagens que beira a perfeição.
Aqui realmente vale o destaque, em um jogo com visuais não realísticos, com pegada de anime, é muito comum que a voz dos personagens cause estranhamento, não case muito bem com a imagem e etc. Em FETH todos os personagens foram dublados de forma excelente e TODO o jogo é dublado. Todo e qualquer diálogo do game tem áudio.
Em termos auditivos, FETH é uma obra de arte irretocável, a parte visual infelizmente esteve longe de acompanhar. Essa apresentação pobre é o principal problema deste título, pois devemos levar em conta que são dezenas de horas nesses diálogos. Agora estou jogando uma segunda rota e sem a necessidade de ler tudo, minha experiência com o jogo está cada vez melhor.
Gameplay nos mapas
Partindo do princípio que 90% das pessoas que estão lendo essa review já jogaram algum FE, não irei me prolongar aqui. Na parte dos mapas não há muitas mudanças, temos as combat arts, que são técnicas que os personagens podem aprender para causar mais dano ou atacar de mais longe, mas nisso há um custo alto na durabilidade das armas.
A dica aqui é sempre ter aquela arma básica, mesmo já no fim do jogo e com acesso a várias armas melhores, isso é pra não ficar regrando suas combat arts, pois podem ser muito úteis e você não vai querer quebrar uma arma rara.
Há também os batalhões, todos os personagens podem ter um exército a disposição, que podem ser melhores de acordo com o nível de Autorithy (vai de E até S como qualquer outro). Os batalhões podem atuar de diversas formas e seu uso é limitado, pois tem uma ‘endurance’ atrelada a eles, caso seu personagem tome muito dano eles podem se retirar do campo de batalha. Ao fim de cada chapter, é necessário gastar um dinheiro para recuperá-los, nada muito caro.
Gameplay no monastério
As missões principais de FETH acontecem sempre no fim de cada mês, aos domingos o jogador é livre para Explorar, mandar os alunos para um seminário, fazer batalhas auxiliares ou descansar. Escolher uma atividade por domingo é bem sensato, sendo a exploração do monastério praticamente indispensável uma vez ao mês. Já às segundas (nem todas), são os dias de preparar suas aulas.
Ao escolher descansar, a motivação de todos os alunos aumenta e algumas armas recuperam parte de sua durabilidade; ao optar pelo seminário, os alunos que comparecem saem motivados e melhoram algumas habilidades. Já as batalhas podem ser ‘paralogues’ (side chapters), resoluções de quests ou simplesmente missões auxiliares, que servem apenas para melhorar habilidades e subir de nível.
Em Explore é possível tomar chá, dividir uma refeição, cozinhar, pescar, achar e entregar presentes, achar e entregar ‘lost itens’, treinar suas habilidades, plantar e colher. Tudo isso além de resolver quests (sendo as marcadas em vermelho obrigatórias para o avanço do jogo).
Nas primeiras 10-15h de gameplay, minha impressão sobre o jogo não estava das melhores. Senti-me sufocado com tantas mecânicas novas e a quantidade de conteúdo estava mais me atrapalhando do que encantando.
Ao fim, percebi que tudo se resume a duas coisas: fortalecer a motivação dos alunos, para que eles aprendam mais na semana de aulas; e aumentar a interação afetiva entre todos, para liberar mais support conversations, criar casais e deixar sua equipe extremamente entrosada nas batalhas. Com isso em mente, fica tudo muito mais fácil e intuitivo.
Não precisa ficar muito preocupado em pra quem dar presentes, em saber exatamente de quem é cada lost item, em quem será chamado para jantar, em completar todas as quests, em batalhar religiosamente todo mês. O jogo é um grande sistema de recompensa ininterrupto, quanto mais você fizer melhor, mas se não quiser fazer dá pra levar também (é possível avançar para as missões principais direto e o jogo faz ‘Rest’ todos os domingos).
VEREDITO
O principal destaque pra mim é a própria gameplay, exploração no monastério, gerenciamento de batalhões, batalhas auxiliares, não haver uma classe definida para os estudantes e portanto ter a liberdade de direcioná-los para as habilidades que bem entendemos. Isso foi novidade e tudo isso foi excelente.
Somado a isso temos um game maravilhosamente dublado e com uma trilha sonora irrepreensível. Os personagens são cativantes, alguns demoram para se criar afeição, mas quase todos são ricos em seu universo particular.
Em FETH a história principal acaba ficando fraca quando comparada as trivialidades que tanto encantam durante toda a gameplay. Celebrar aniversários tomando chá e conhecendo melhor as pessoas de interesse, convidar alunos para dividir um jantar, pescar, entregar presentes para suas units favoritas, essas coisas geram mais imersão ao jogador do que as Crests, a história de Byleth etc.
Os diálogos com os fundos pré-renderizados foram o maior passo atrás em relação aos últimos FE para consoles de mesa, em Radiant Dawn e Path of Radiance, os diálogos entre capítulos prendiam muito mais a atenção do jogador, não só pela forma como era contada, mas como o plot principal era superior também.
O grande destaque no plot principal é a transição da parte 1 para a parte 2, em que cinco anos se passam. Esse momento sim é de causar arrepios.
Fire Emblem Three Houses é um dos melhores jogos de 2019 para o Switch e uma ótima oxigenada na franquia. Infelizmente, suas animações pobres impedem qualquer possibilidade de ser o melhor jogo do ano.
- Design
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