Gex teve um sucesso razoável nos anos 90 como a introdução de muitos fãs ao mundo dos games de plataforma. O personagem era um lagarto sarcástico, obcecado por televisão e cultura pop, que acabou sendo sugado para dentro da mídia. O primeiro game, lançado em 1995 para o 3DO e depois para o PS1 e outras plataformas, era um sidescroller 2D feioso com controles travados por causa dos controles limitados da época, tendo uma evolução para o 3D anos depois. Mas como é revisitar essa trinca?
Os destaques são os jogos 3D

Os grandes destaques da coleção são Gex: Enter the Gecko e Gex 3: Deep Cover Gecko, que mergulharam nos ambientes 3D e reforçaram o tom cômico e debochado da série. Gex, dublado pelo comediante Dana Gould (também roteirista de Os Simpsons), é um personagem que divide opiniões: ou você vai amá-lo, ou não vai conseguir aturá-lo. Muitas piadas também são em referência à cultura da época, então precisa ir com essa mentalidade.
Enquanto um dos títulos tem influências claras de Austin Powers e até James Bond, com muitas quebras da quarta parede, o outro dá ao Gex um companheiro animal e uma espiã de verdade para resgatar. São aventuras surreais e cheias de referências à cultura pop dos anos 90 que, se você não cresceu com isso, vai acabar ficando meio perdido.

A jogabilidade gira em torno da coleta de controles remotos espalhados pelos níveis, o que libera novas fases e me lembra muito Mario 64 no quesito revisitação de fases para fazer mais coisas. As sequências em 3D trouxeram mais criatividade e exploraram paródias de programas de TV — de desenhos animados a shows de terror.
Também há piadas sobre outros mascotes de plataforma, mas o humor, por vezes, parece datado, com estereótipos que não envelheceram bem. No mais, cada mundo apresenta uma fantasia diferente para Gex que vem com umas gimmicks diferenciadas, como a de detetive que habilita uma lupa, e a roupa de inverno que dá acesso a uma área de snowboarding.
O que o pacote entrega (ou não entrega)

O remaster não traz grandes melhorias na jogabilidade. Há conveniências modernas como save states e rebobinar, mas nada além disso. Seria interessante ver as versões portáteis incluídas, ou até mesmo visuais repaginados como aconteceu no recente Croc Remaster (que foi um remaster em vez de uma emulação 1 pra 1).
O único ponto bacana que fica aqui é a existência do modo 16:9 que utiliza hack de widescreen, algo que emulações fazem há anos. No mais, performance nos jogos 3D são péssimas até hoje em algumas áreas mais “cheias”, o que é ridículo não terem corrigido e nem feito rodar a 60 fps. Me questiono o que acaba sendo a motivação pra adquirir o pacote..

O ponto alto mesmo fica por conta dos extras: trailers antigos, propagandas de revistas da época, protótipos antes do jogo final, artes conceituais, entrevistas com Dana Gould e até trechos de projetos cancelados.
São adições divertidas que agradam quem já era fã de carteirinha, mas que não vai adicionar nada substancial para quem procura um produto com incrementos valiosos.
Nenhuma adição que seja significativa
Se você jogou Gex na infância, a coletânea pode ser um resgate divertido. Mas, para quem está conhecendo agora, os controles travados e o humor antiquado podem não ser tão convidativos. No final das contas, a Gex Trilogy é uma tentativa simpática de preservar uma parte curiosa da história dos games, mesmo que os jogos em si não brilhem tanto. Teria sido melhor remasterizar o pacote em vez de emulá-lo da forma como foi feito aqui, sinceramente, visto que nem mesmo a performance foi melhorada nos títulos 3D. No mais, fico no aguardo de mais adições bacanas e que adicionam valor à obra através da Carbon Engine como Croc.
Jogo fornecido para análise pela Limited Run Games.[/vc_
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