Human Fall Flat foi, sem dúvida alguma, o jogo mais difícil de se analisar que caiu em minhas mãos nesse ano. O game não é desses que seriam facilmente colocados em destaque numa prateleira de uma loja de games, os visuais não são memoráveis. O jogo provavelmente não preencherá minhas memórias com sua jogabilidade, pelo menos, não de forma positiva, já que tive sérios problemas de dor na mão enquanto jogava. Então o que me fez continuar a jogar esse game mesmo com todos esses problemas?
O game consiste numa coleção de quebra cabeças dispostos pelas fases, podendo ser resolvidos em modo single player ou em modo cooperativo para duas pessoas em tela dividida. Basicamente a missão de cada seguimento é resolver os desafios propostos e cair em local específico para outro mapa. O jogo se prende a esse looping.
O personagem principal pode ser personalizado com roupas e algum acessório para a cabeça, a sua forma principal é toda branca, e ele tem um andar estranho meio molengão, desengonçado. Eu passei os momentos iniciais do jogo pensando quão desgraçada seria a nossa vida caso tivéssemos que nos movimentar dessa forma. Depois por algum motivo que ainda não sei explicar me peguei me sentindo mal por pensar nisso, quando o game diz que seres humanos são movidos pelo desejo de apertar botões e abrir portas.
Recomendação de Compra
Nintendo Switch – Modelo OLED (Branco)
Lançamento: 08/Out/2021
Talvez eu tenha sacado que, de fato, seria necessário um personagem com todas essas dificuldades para que coisas tão simples se tornem um desejo. E num terceiro momento, fiquei pensando em pessoas cujas deficiências façam com que coisas até mais simples do que abrir portas e apertar botões se tornem verdadeiros desafios. O jogo talvez nem tenha essa pegada, mas foi algo que me fez parar para pensar em minha vida, e na vida de outros tantos seres humanos.
O meu desejo mesmo foi, ainda que a jogabilidade se torne cansativa, já que ela consiste em pular e erguer os braços para grudar nas coisas e, com essas ferramentas, resolver puzzles, de ajudar aquela coisa branca e molenga como maria mole a superar esses desafios, porque ainda que ele seja um personagem sem qualquer personalidade, eu me importava com ele. No meu caso, o jogo passou a ter um valor emocional inesperado, mas ainda que ele não existisse, passadas as horas iniciais, eu estava me divertindo verdadeiramente com o jogo, curtindo cada um dos desafios propostos.
O jogo, como mencionei, possui modo cooperativo que pode ser jogado compartilhando um dos lados do joy-con com outro jogador, essa funcionalidade não estava no lançamento do jogo, tendo sido disponibilizada em uma atualização. O jogo tem uma jogabilidade cansativa exatamente por ter de segurar os botões de ombro para manter os braços do personagem erguidos enquanto carrega coisas e o tamanho reduzido do joy-con torna a jogabilidade ainda mais dolorida. O pessoal da No Brake Games utilizou-se, nesse modo, do controle de movimentos para controle da câmera, devido a ausência de um segundo analógico, o que de fato foi uma saída muito inteligente, só bastando ao jogador se acostumar com a ferramenta.
O jogo tem seus problemas muito aparentes, gráficos pouco memoráveis, jogabilidade maçante, mas ainda assim consegue proporcionar horas de diversão com puzzles aparentemente simples, mas que se tornam verdadeiros desafios dadas as limitações do seu personagem. O jogo disponibiliza modo para dois jogadores, que é a melhor forma de apreciar a experiência. É um jogo simples, despretensioso, e que, passadas as primeiras más impressões, diverte.
Escrito por Aurélio Galdino
Revisado por Lamartine Barbosa
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