Speedruns são um dos desafios mais clássicos da história dos games. Desde que a prática de jogar encontrou o seu potencial competitivo, uma das missões principais de alguns jogadores tornou-se ser o mais rápido a completar tarefas específicas, ou um jogo completo.
Por sua vez, a origem da Nintendo World Championships é um pouco diferente. A primeira edição, um torneio one-off em 1990, não contava com a função de speedrun que veremos neste jogo. Estes vieram apenas durante o revival dos 25 anos do torneio original, realizado em 2015 e 2017 (este último, a edição mais recente até o momento).
Mas vamos ao que importa. O jogo é rápido. Literalmente. NWC: NES Edition conta com diversos “pedaços” de jogos célebres da famosa consola, que devem ser concluídos no menor tempo possível. O nível mais básico conta com Mario atrás do primeiro cogumelo do jogo original de 1985. Conforme jogas, ganhas moedas por “proezas” (como jogar uma fase pela primeira vez e quebrar o seu próprio recorde pela primeira vez). Os desafios rápidos, de uma maneira muito vaga, talvez lembrem até mesmo aos fãs mais dedicados de WarioWare. Estas moedas são utilizadas para desbloquear novas funções, como ícones de personagem, novos desafios, entre outros.
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Alguns desafios — em especial os iniciais — são um pouco incompreensíveis. Claro, existe um senso de melhora e desenvolvimento das suas marcas em encontrar o primeiro cogumelo de SMB2, ou completar a sua primeira volta em Excitebike no menor tempo possível. Agora, é percetível logo nas primeiras jogatinas que existe um tempo mínimo limite para receber a espada no primeiro Zelda. Parece não fazer lá muito sentido a existência de um desafio assim, por exemplo, que não o próprio tutorial.
O modo online também é desanimador. Embora a premissa de competir com jogadores de todo o mundo seja atraente, a execução deixa muito a desejar. A falta de uma comunidade ativa e o emparelhamento desequilibrado fazem com que as partidas online (para qualquer jogador casual) percam rapidamente o seu encanto. Também é difícil encontrar amigos para jogar online. A dificuldade em organizar partidas com amigos faz com que o multiplayer online seja um tanto restrito. O que talvez poderia salvar essa função do jogo, termina por tornar-se numa limitação ainda maior.
Também é possível jogar localmente com até oito pessoas em cada mini desafio, numa busca por pontos por meio de jogos selecionados, ou em escolha livre (vale apenas lembrar que, dado o tamanho de exibição para cada desafio, um ecrã razoavelmente grande possa ser necessário em certos casos). Todavia, a jogabilidade e o conceito de disputa são bastante interessantes para manter-se por algumas horas com os seus amigos que também tenham uma cópia do jogo.
Algo que é muito importante de ser recordado também é que NWC: NES Edition está longe de ser um party game “casual”. Sim, é verdade que o conceito de speedrun é bem conhecido no nicho de jogos, e isto pode soar um pouco irónico, mas eu pessoalmente — por experiências próprias aqui incluídas — não o recomendaria para uma tarde qualquer em família, a título de exemplo.
Senti a falta da criação de modos personalizados, o que tornou o jogo muito limitado. A ausência de opções para personalizar os desafios ou criar conteúdos reduz a sua longevidade consideravelmente. Um dos maiores atrativos de títulos competitivos é a capacidade de os jogadores moldarem as suas experiências, e a falta desta função em NWC – NES Edition restringe o seu potencial de diversão a longo prazo. Os jogadores são forçados a seguir um roteiro pré-definido, o que pode se tornar monótono com o tempo.
Imagino que a falta de uma versão de demonstração disponível na eShop (mesmo que exclusiva aos assinantes do Online Plus) possa prejudicar um tanto o interesse em nem sequer adquirir a versão completa. O preço salgado, aliado a uma experiência geral efémera, tem um potencial enorme de afastar vários potenciais jogadores e pessoas fora do nicho das speedruns.
E talvez esta seja a melhor palavra para resumir NWC NES Edition: um jogo de nicho. Caso sejas um aficionado por speedruns, certamente tens um prato cheio em mãos. Realmente o facto de haver diversos desafios disponíveis pode dar ao jogador adepto a oportunidade de passar (algumas) horas até bater todas as missões, e têm em mãos um online realmente competitivo. Agora, para os demais, é uma experiência um tanto desanimadora em quase todos os critérios. Se a Nintendo não tiver nenhum plano de relançar um campeonato internacional dedicado a este jogo, eu realmente tentaria perceber o objetivo da sua existência.
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