Análise – Pocket Card Jockey: Ride On!
A união perfeita entre Paciência e Corrida de Cavalos
Existem ideias que parecem absurdas ao serem jogadas numa reunião de desenvolvimento, mas alguém decide comprar a e pôr em prática, e em Pocket Card Jockey: Ride On!, isso totalmente acontece. Misturando Paciência e corrida de cavalos, o jogo chega ao Nintendo Switch de surpresa, e trazemos tudo sobre ele pra vocês.
Sobre Pocket Card Jockey: Ride On!
Talvez, só talvez, vocês tenham ouvido falar de Pokémon, aquela franquia pequenininha (/i) surgida lá nos anos 90. Pois bem, a criadora de Pokémon, Game Freak, pasmem, não cria só Pokémon.
Em 2013, sem muitas pretensões a primeira versão desse jogo, saiu para o 3DS, mas apenas para o Japão. Pocket Card Jockey demorou três anos para vir ao ocidente, e quando veio, foi muito bem recebido, com uma média de 83 pontos no Metacritic.
Em janeiro de 2023, uma versão mais recheada do jogo foi lançada para o Apple Arcade, e, depois desta versão receber várias atualizações de conteúdo, a versão “final” chegou ao Nintendo Switch na semana passada.
História
Pocket Card Jockey: Ride On! tem uma história, mas ela serve apenas como pano de fundo que não tem muita profundidade, mas adiciona fatores engraçadinhos e fofos ao jogo.
No papel de um jóquei ou de uma joquerina, a quem você dá o nome, cujo sonho é herdar a fazenda de laranjas do pai, se for homem, ou casar e ter crias, se for mulher (Japão, pouco sexista, né? /i).
De qualquer forma, pra conseguir seu objetivo, sua personagem busca se tornar bem sucedida em corridas de cavalos… sem saber montar a cavalo. No primeiro treino, você sofre um acidente, leva um coice, sofre com atropelamento, e encontra o Divino (ou o Anjo, se você estiver jogando em inglês). Aí, ele pergunta o que você sabe fazer de bom, já que não sabe andar a cavalo, e em resposta: jogar Paciência.
Daí, você recebe o dom de controlar cavalos de acordo com sua habilidade no jogo de Paciência. Recebe seu primeiro cavalo e começa sua carreira nos páreos, dos mais simples pros mais intensos. Falando nisso, achei legal que o jogo te dá a opção de cumprimentar como velhos amigos seu cavalinho assistente, ou dizer que é um prazer conhecê-lo, e isso vai ativar ou não o tutorial, então, se você já jogou antes, não precisa se preocupar: o jogo não te obriga a fazer o tutorial.
Percorrendo G3, G2 e G1, você coleta troféus em busca do melhor tempo e dos melhores resultados, enquanto reproduz seus cavalos aposentados para ter potrilhos que se tornarão cavalos – ou éguas – cada vez melhores, mais rápidos e mais fortes, para, enfim, pegar todos… os troféus (sim, a frase “Temos que pegar todos” aparece no jogo.
Na sua carreira, você encontra outros jóqueis, conhece novas pessoas dispostas a deixar você montar seus cavalos, e por aí vai. A história é bonitinha, fofa, simples, e serve, como falei, só para não ficar TUDO extremamente repetitivo entre uma corrida e outra.
Jogabilidade
Em termos de jogabilidade, Pocket Card Jockey: Ride On! tem dois modos diferentes, que se complementam: as Fases de Paciência e as Fases de Controle.
Nas Fases de Paciência, você joga uma partida de Paciência, especificamente a modalidade Golf de Paciência, para acumular cartas de bônus, habilidade e experiência, além de aumentar a disposição da sua montaria e seu entrosamento com ela. As Fases de Paciência são a parte mais importante do jogo. Você vai jogar um pequeno jogo ao começo de cada partida, e de 2 a 5 partidas durante as corridas, dependendo da distância do páreo.
Deixar cartas no tabuleiro fará com que o humor da sua montaria piore, o que faz com que ela tenha menos ânimo para a reta final da corrida, e também te fará ter menos tempo para concluir suas partidas.
Já nas Fases de Controle, temos dois tipos delas. O primeiro tipo acontece após cada jogo de Paciência. Com o Poder acumulado durante as partidas, você pode reposicionar sua montaria para ficar numa Zona de Conforto melhor para ela (são 3 Zonas de Conforto no total, e quanto maior o conforto, maior a dificuldade do baralho, mas maiores as recompensas). Já o segundo tipo da Fase de Controle é a Reta Final. Nela, você vai ver quanto de Ânimo sua montaria tem pra esse sprint necessário, e as cartas que você acumulou durante a partida, mais as chicotadas que você puder dar pra acelerar, serão essenciais enquanto você controla seu cavalinho para vencer a corrida.
Uma dica importante: economize as cartas enquanto sua montaria for jovem. Aos 2 e 3 anos, não importam quantas corridas você ganhar ou perder. Seu cavalo tá ganhando experiência, e cada chicotada ou carta de boost que você não usar se reverterá em experiência extra. Deixe para se preocupar em ganhar depois que vocês já tiverem no nível máximo.
Ou aos 4+ anos. Ao fazer 4 anos, suas montarias entram num timer. São 3 erros, e fora. E quando falo de erro, não tô aqui falando só de ficar fora de um pódio, é ganhar ou já era. Após você não vencer três corridas, alternadas ou seguidas, seu cavalo ou égua se aposenta, e você precisa escolher uma nova montaria.
Quando alguma montaria se apresenta, ela vai pro Haras, onde você pode escolher um macho e uma fêmea, pagar umas moedinhas e botá-los pra cruzar (a Game Freak gosta de um Daycare, né?). Depois de 9 corridas disputadas com sua montaria nova, um potrilho nasce, herdando características de ambos os pais, e sendo, geralmente, melhor que a geração anterior. Cuidado só para não cruzar animais muito próximos em termos de família, ou eles nascerão com um temperamento horrível, tornando suas corridas muito mais difíceis.
Algumas corridas, você tem acesso aos itens das lojinhas, que dão bônus para seus cavalos, mas durante elas, você tem acesso a cartas com o símbolo de uma lâmpada. Coletar essas cartas durante a Fase de Controle faz com que elas apareçam no seu jogo de Paciência (assim como as cartas de experiência, boost e de efeitos negativos), e, se forem removidas do tabuleiro antes do fim, elas vão ser contadas para a experiência do seu cavalo no final de cada corrida. Acumule lâmpadas o suficiente, e sua montaria aprenderá uma habilidade nova que poderá ajudar seus jogos, como abrir novas cartas automaticamente, ou te impedir de virar uma carta nova tendo uma carta disponível, ou que determinará bônus durante a corrida, como as de posicionamento, que seu cavalo ganha mais ânimo se estiver à frente, no meio ou atrás, dependendo de qual é a habilidade em questão.
Além das habilidades, cada montaria é melhor para provas específicas, então, algumas correm melhor provas curtas, outras, provas longas, além de haver provas exclusivas para fêmeas ou para idades específicas. Com isso, para ganhar todos os troféus do jogo, você vai precisar jogar com grande variedade de montarias.
O jogo tem um ciclo extremamente repetitivo, no modo de uma pessoa jogando. Você começa o semestre com um mapa de corridas. Sempre num esquema de, se ganhar, pega uma corrida mais forte a seguir, se perder, pega uma mais fraca. Por exemplo, se você começa numa corrida G3, ganhar te leva para uma G1, perder te leva para uma G2 ou outra G3.
As G3 dão troféus de bronze, as G2, ,de prata, as G1, de ouro. São no total 26 troféus de ouro, 28 de prata e 19 de bronze. A versão do 3DS tinha menos troféus que esses, e eu demorei mais de 500 horas para completar todos, então, Ride On, porque a jornada pode ser longa, se você quiser fazer 100%, tem muita hora disponível neste jogo.
Você pode jogar usando a tela de toque ou com o controle. Se for usar a tela de toque, eu recomendo usar com aquelas canetinhas para telas touch, porque jogar com o dedo não é tão legal, já que o tamanho das cartas faz com que elas possam ficar escondidas sob seu dedo, e aí, dificulta um pouco (ao menos no meu caso).
Pocket Card Jockey: Ride On! também tem um modo online disponível. Supostamente, dá até para quatro pessoas jogarem, mas em todas as vezes que eu procurei partidas, foi uma partida contra apenas outra, então não sei se quatro pessoas é um modo disponível só para o iOS, ou se o jogo tem um limite de tempo de espera. De qualquer forma, no modo online, você seleciona qual cavalo você usará em cada distância, enfrenta o cavalo escolhido de outra pessoa, e todo o resto dos jóqueis da corrida são NPCs.
Durante as Fases de Paciência, quem terminar primeiro vê como está o tabuleiro da outra pessoa, e tem que esperar terminar, e durante as Fases de Controle, você tem 30 segundos para tomar decisões de reposicionamento e gasto de Entrosamento. A Reta Final é surpreendentemente sem lag e em tempo real, então, você realmente disputa com a outra pessoa.
Mesmo não sendo um jogo tão popular, eu só não encontrei partidas em poucas vezes, na maioria delas, achei, em vários horários diferentes, o que me faz acreditar que existe cross-play entre as versões do Switch e do Apple Arcade, mas não achei essa informação com certeza.
Quem gosta de Paciência não é o tipo de pessoa que se incomoda com repetição, então, eu acho que tem tudo para agradar, especialmente porque as Fases de Controle são dinâmicas e fofinhas, ajudam a quebrar o que poderia virar monotonia de uma partida de Paciência atrás da outra.
Você também tem um desafio diário que te dá itens grátis, para você não ter que comprar na lojinha.
E um bônus é que o jogo tem versão Demo, então, você pode baixar no eShop e testar para ver se é a sua praia antes de comprar.
Parte Técnica
O jogo é tecnicamente perfeito. O port do Apple Arcade pro Switch ficou perfeito, ele já chega com todas as adições que a versão iOS recebeu durante o último ano, não trava, não dá lag, não tem perda de framerate, exceto em algumas telas de carregamento, enfim, dá pra jogar muito bem.
Quero destacar também a variedade de cavalos, que foi aumentada em relação à versão anterior, temos agora cavalos Ninjas e Robôs, entre outros. Os gráficos tão muito bem polidos, e o jogo é bonito e fofo.
Tanto com controle como com o toque, a responsividade do jogo de Paciência é muito boa, e o cavalinho responde imediatamente aos seus comandos mesmo online.
Elogios devem ser feitos à localização em português (GAME FREAK, ESTAMOS DE OLHO, POKÉMON DAY TÁ CHEGANDO). Não só todas as piadas foram muito bem traduzidas, mantendo o humor original, como também os nomes dos cavalos são hilários. Sério, conseguiram manter o tom perfeito da versão em inglês.
O que achei interessante é que, na versão BR, ao contrário do que normalmente acontece, não temos nomes ocidentais, tirando o do seu cavalinho auxiliar, todos os nomes são mantidos no japonês. Pode incomodar um pouco quem jogou o Pocket Card Jockey no 3DS, porque a gente já se acostumou a certos nomes, mas se pra você, faz tanto tempo quanto fazia pra mim, não é algo realmente impactante, e eu acho os nomes japoneses charmosos no meio do texto em português, dá ainda mais a sensação de estarmos jogando um anime, enquanto jogar em inglês traz mais uma imersão em termos de nomes e locais.
Conclusão
Seguindo os passos de seu antecessor, que era uma gema oculta na vsta biblioteca do 3DS, Pocket Card Jockey: Ride On! é um jogo delicioso de se jogar, trazendo o melhor de dois mundos, Paciência e Corrida de Cavalos, de forma divertida e inesperada. Especialmente por este preço, compre, jogue, e boa sorte nas suas corridas!
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela Game Freak
