RAIDOU trata-se de um dos vários spin-offs da série Shin Megami Tensei e, diferentemente de muitos de seus pares, é um ARPG ao invés de uma variação do sistema de combate por turnos que SMT é conhecido. O título foi originalmente lançado no PS2 e teve uma sequência no mesmo console e, desde então, ambos os RAIDOU são considerados como clássicos cult da produtora. Com o lançamento atual, temos a oportunidade de revisitar esse clássico da Atlus.
Apesar do título Remastered, a versão moderna de RAIDOU contém mudanças tão expressivas que pode quase ser considerado um remake. A parte gráfica tem melhorias consideráveis e os desenvolvedores escolheram um estilo gráfico remetente ao original. As maiores mudanças, no entanto, ficaram na jogabilidade e sua modernização para tornar toda a experiência mais agradável. O combate traz várias mecânicas que foram criadas no segundo jogo, uma fluidez consideravelmente maior no combate e nas explorações, mais demônios para recrutar, uma progressão mais rápida para os personagens e muito mais. Efetivamente falando, pode-se dizer que o conteúdo da história é o que largamente ficou intocado.
A história de Raidou se passa na década de 1930 e acompanha nosso protagonista, Raidou Kuzunoha XIV, em seu trabalho como um detetive sobrenatural. Muitos incidentes envolvem demônios, espíritos e outras criaturas mitológicas e Raidou é um especialista quanto a esse tipo de incidente. Em uma de suas primeiras investigações, Raidou investiga o desaparecimento de uma adolescente de uma das famílias tradicionais da cidade e os misteriosos soldados vermelhos envolvidos.
O mistério do desaparecimento da adolescente é a trama central de Raidou e cada capítulo é uma investigação menor relacionada a essa trama geral. Os mistérios de cada capítulo nunca perduram muito tempo e dificilmente são grandes destaques no jogo. A trama faz bem seu papel de servir como pano de fundo para o jogador vivenciar a experiência de um detetive sobrenatural, mas a história em si não é um destaque como em outros spin-offs tipo Persona, Devil Survivor, entre outros.
Apesar da temática de detetive, há pouco em termos de investigação a ser feita se comparado com um RPG tradicional. Raidou é acompanhado por um gato e esse é como se fosse um guia para o jogador, indicando o que fazer e onde ir para concluir o próximo objetivo. Em alguns momentos, Raidou deve usar habilidades específicas de demônios para realizar alguma investigação, mas os usos são tão supérfluos que se tornam simples barreiras de progressão da história.
Essa simplicidade quanto a várias mecânicas secundárias (investigação, objetivos secundários, etc.) é justamente onde o título mais demonstra sua idade. As mecânicas de investigação são muitas, mas são verificações simples se você tem um tipo específico de demônio ou não. Os objetivos secundários usualmente envolvem derrotar algum inimigo ou obter algum item ou demônio específico, ou seja, os objetivos usuais em qualquer SMT e sem muito em termos de histórias secundárias que tornam aquele universo mais interessante. E, diga-se de passagem, o contexto de 1930 é absolutamente interessante dado o período histórico e como a Atlus trouxe isso para o título.
Outro grande pilar do título está no combate e que, também, contém várias mecânicas, mas não necessariamente torna o título um ARPG complexo. Ao encostar em um inimigo, Raidou e sua equipe são levados para uma área isolada onde o combate acontece. Raidou possui ataques normais, ataques fortes, uma pistola e pode selecionar até quatro habilidades especiais que podem ser ofensivas ou de suporte. Além disso, o jogador pode selecionar até dois demônios para lutar junto de Raidou e, esses, são controlados por uma AI relativamente eficiente na escolha de seus ataques. Há também a possibilidade de trocar demônios e equipamento no meio do combate, o que traz uma gama de opções consideráveis para cada encontro.
Apesar de todas as mecânicas e opções, o combate de Raidou é centralizado na administração de pontos de magia que são utilizados para usar os ataques especiais de Raidou e de seus demônios. Ataques fracos ajudam a obter pontos de magia e que, por sua vez, vão ser utilizados pelos demônios para atingir fraquezas dos inimigos quando possível. Há muitas sub mecânicas que permitem ao jogador lidar com o combate de maneira muito rápida, mas a dinâmica principal está na administração do mp. O combate é divertido e funciona bem e mesmo na dificuldade mais alta não chega a ser muito desafiador.
Efetivamente falando, RAIDOU é um título bom, mas que nunca chega a se tornar excepcional e isso é um problema no mercado altamente competitivo de hoje em dia. Seu combate é perfeitamente funcional, porém também não tem uma grande profundidade. A história e o contexto são interessantes, mas, ao mesmo tempo, também bastante básico e não explorado o suficiente. É um excelente trabalho de remasterização, mas sobre um título que encontra uma competição muito acirrada hoje em dia. Fãs da Atlus certamente vão buscar e adorar o título, mas ele não tem um aspecto excepcional para ser facilmente recomendado para além de seu nicho.
Em relação às plataformas do jogo, tive a oportunidade de jogar tanto no Switch quanto no Switch 2. No Switch, Raidou remastered é jogável, mas com vários pormenores que tornam a experiência aceitável para um portátil. Os ambientes são muito menos detalhados, há quedas de frames na exploração e no combate e há vários carregamentos escondidos em cada ação e isso torna o jogo mais lento. Jogando no Switch 2 não há quedas de frames, a fidelidade visual é consideravelmente melhor e os carregamentos escondidos praticamente somem. Naturalmente é de se esperar que o novo hardware seja uma experiência consideravelmente melhor, mas gostaria de enfatizar que no Switch 1, apesar dos problemas, também é uma versão perfeitamente jogável do título.
Jogo analisado com código fornecido pela publisher.
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