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Universo Nintendo

Análise – Railway Empire 2

Uma empreitada tão ineficiente quanto o sistema ferroviário estadunidense.

Se existe algo que evito ao máximo de fazer em diversas análises, é tecer avaliações ácidas. Como qualquer jogo no mundo, sempre existe ao menos uma pessoa que seja realmente fã daquilo, por mais péssimo que o dito jogo seja considerado pelo público em geral. Também é notável que independente do projeto, existe uma equipa de desenvolvedores que gastou horas com o projeto em todos os mínimos detalhes.

Mas é necessário ter honestidade, e não benevolência. Sempre que escolho jogos para análise, faço o possível para saber que o mesmo será de meu interesse, e que será possível conceder uma opinião fiel e justa. E é justamente esta minha maior questão com Railway Empire 2.

Trilhos Enferrujados

Falemos sobre RE2 em si (ou o que foi possível avaliar). No modo campanha, o foco do jogo, assumes o papel de um magnata em um certo período de tempo da alta revolução industrial, maioritariamente durante o Século XIX. Nas jovens cidades estadunidenses ou experimentadas europeias (todavia não todas, dado que diversas localidades tradicionais do velho continente foram simplesmente enjeitadas da versão), deves criar teu império capitalista ferroviário de sonho. Para isto, é necessário desenvolver a cidade-sede de tua empresa, com mercadorias trazidas de outras cidades através de… comboios.

O jogo tem um estilo similar aos famosos Grand Strategy, o que pode ser convidativo para os fãs do género. Porém sua aplicação acaba por ser um tanto quanto amadora, quando vemos a maneira como a acessibilidade é disposta. Em um jogo com premissa e necessidade de tantas ferramentas para uso, seus acessos são complexos, se não praticamente impossíveis.

A ausência de asseio no projeto gráfico chega a causar confusão no jogador comum. Foquemos em sua interface: assim como mencionado acima, não são apenas as disposições dos utensílios de jogo o único problema de design. A disposição do texto parece ter apenas sido importada de maneira rudimentar da versão para PC, o que causa uma dificuldade ainda maior em compreender o texto, especialmente na versão portátil.

Sim, trata-se de uma imagem no site oficial da Nintendo. E sim, infelizmente é a única imagem – compreensível – que poderia trazer para explicar o que o jogo ao menos deveria ser

De Volta Para o Futuro… Do Pretérito

Um critério extremamente incómodo, que todavia não devo levar em consideração na análise final, é a falta de tato histórico quanto à proposta. Na grande maioria dos casos, a história inicia-se na década de 1830, quando na vida real diversos comboios atingiam velocidades menores que as descritas nas composições do jogo.

Alguma noção maior em relação ao período das personagens, bem como uma simplificação em seus modelos, tão ambiciosos que chegam a prejudicar o desempenho, também poderia soar como uma mudança positiva (e consequentemente enxugaria o máximo possível do gelo já derretido com as demais questões).

Não posso deixar de endossar a falta de mérito de terem escolhido uma caraterização da década de 1880 (e ainda assim não necessariamente precisa) para retratarem um jogo ambientado inicialmente em 1830. E curiosamente, é a única parte que funciona sem falhas.

Fim da Linha

Já vimos diversos exemplos de como trazer uma franquia à Switch (e diversos exemplos de como não fazê-lo). O primeiro ponto é o jogo ser… Jogável. Não são necessários gráficos de elite. Na consola, a diversão está em primeiro lugar. E é justamente o critério mais básico a principal falha de RE2.

O jogo – ao menos no momento desta análise – não era jogável. Ao pé da letra. Não era possível manter uma sessão por mais de 15 minutos sem que o jogo congelasse completamente. Em alguns casos, o congelamento era tão severo que impedia qualquer ação dos joy-cons, o que forçava um desligamento forçado da consola para que pudesse reassumir o comando.

Não posso mentir, e não posso ser de tudo parcial. Porém, dada a própria proposta – diga-se de passagem, o melhor ponto do jogo – chega a ser uma absoluta deceção ter contato com a realidade do produto final ao iniciar uma sessão. Railway Empire 2 definitivamente possui um potencial inestimável para ser algo bom. Porém decisões corretas e que soam apressadas ao consumidor final o tornam um produto para infelizmente manter certa distância; ao menos na consola híbrida da Nintendo.

Fico na torcida para um novo lançamento superar todos os problemas e receber uma merecida avaliação que faça jus a sua proposição tão ambiciosa quando interessante.

Railway Empire 2
Veredito
Railway Empire 2 é a perfeita definição de “não julgue um livro pela capa”. Apesar de apresentar uma temática interessantíssima, o jogo peca em todos os aspetos, até mesmo no mais básico: permitir seu próprio uso sem questões básicas de performance, que impedem o simples ato de jogá-lo. Evitaria investir horas, e também evitaria recomendar o investimento de valores (ainda mais tais valores para a versão analisada) no mesmo.
Prós
Proposta ambiciosa
Contras
Congelamentos constantes
Eventual perda de progresso
Interface confusa
Progresso e comandos não-intuitivos
Queda massiva de FPS frequente
Valor completamente fora da realidade
0.8
Lastimável
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