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Análise – Secret Neighbor

Invada o porão do vizinho... ou seja pego tentando.

Chamado de “Dead by Daylight que crianças podem jogar”, o multiplayer assimétrico Secret Neighbor chegou ao Nintendo Switch. Invadimos o porão do vizinho, ou fomos pegos tentando, para descobrir se vale a pena jogar.

Sobre Secret Neighbor

Secret Neighbor é um spin-off multiplayer do jogo Hello Neighbor, da Tiny Build. Para quem não conhece, neste jogo você tenta invadir a casa de um vizinho, que tenta te impedir de qualquer forma. Tem o jogo para o Nintendo Switch e até mesmo para celular, caso vocês queiram conhecer.

O jogo ganhou um público cativo o bastante para lançarem uma sequência e vários spin-offs, inclusive uma série de 7 livros. No caso de Secret Neighbor, o jogo foi lançado para Steam em 2019 (especifico a Steam, e não PC, porque são duas versões diferentes: uma da Steam, outra da loja da Microsoft), e agora chega para os consoles.

Por curiosidade, canonicamente falando, Secret Neighbor se passa entre o Ato 1 e 2 de Hello Neighbor.

História

Se em Hello Neighbor, você precisa descobrir o que tem no porão do vizinho, que é controlado por uma AI, em Secret Neighbor, você faz parte de um grupo de 6 crianças que tenta encontrar chaves escondidas pela casa do vizinho para tentar invadir o porão e libertar o amigo que foi preso por ele (pobre Nicki).

O problema é que o vizinho, ou melhor, Vizinho, já que o jogo está todo em português, está disfarçado como uma das crianças, no melhor estilo impostor de Among Us. Diferente de DBD, onde todo mundo sabe quem é o assassino, e como fugir dele, aqui, você precisa observar todo mundo, em busca de desvendar quem é o vizinho secreto.

Jogabilidade

Secret Neighbor tem uma jogabilidade tecnicamente fácil de entender que, se bem executada, garante muitas horas de diversão. Como dito acima, dos seis jogadores que começam a partida, cinco são crianças reais, enquanto uma delas é, na verdade, o vizinho.

As crianças têm 15 minutos para sair pela casa procurando pelas chaves que vão abrir a porta para o porão. Além delas, é necessário encontrar alguns cartões que liberam acesso a outras partes da casa. Sem isso, você não encontrará todas as chaves. Quando falta apenas uma para ser encontrada, uma imagem de um corvo aparece, indicando a direção geral dela.

Como Vizinho, você tem a opção de caminhar com as outras crianças, ganhar a confiança delas e depois pegá-las de surpresa sozinhas, ou pode simplesmente sair atrás de seus objetivos, esperando oportunidades e atacando. De qualquer forma, é meio aterrorizante ver o processo de uma criança se transformando em boneca de pano na sua mão… e sumindo.

Como criança, você vasculha a casa em busca das chaves, pode usá-las pra abrir os cadeados do porão, pega itens para poder jogar no vizinho enquanto ele tenta pegar alguma criança, e tenta não ser pega por ele.

Tanto as crianças quanto o Vizinho têm diferentes opções de personagens para jogar; seis crianças diferentes e três vizinhos diferentes. Cada uma dessas opções garante vantagens e desvantagens. O Empacotador carrega um item a mais, o que ajuda na hora de atacar, enquanto que a Escoteira tem um estilingue para atirar no Vizinho.

Já este pode ter um gancho para pegar as crianças à distância, ou ser o Palhaço, que se transforma em alguns objetos da casa e tem uma bomba de fumaça. Essas são só algumas opções, e para todas elas, há muita (e quando digo muita, é MUITA mesmo) opção de visuais diferentes para serem comprados (se você gosta de jogo com roupinhas, aqui há várias).

Você pode jogar com pessoas aleatórias, criar um lobby personalizado ou jogar o modo Briga, que nada mais é que dois lados brigando pra derrubar o máximo de gente do outro lado.

Tudo isso seria bastante bacana se não fossem alguns probleminhas bem chatos:

Para começar, não tem um tutorial. Na versão Steam, o tutorial chegou agora, depois de dois anos do lançamento, e essa atualização ainda não foi para os consoles. Se você quer aprender a jogar, o próprio site do jogo te manda pra um vídeo do YouTube.

Quando você começa como Vizinho, os controles são mais simples, embora coisas mais avançadas, como colocar armadilhas, não sejam explicadas, as ações básicas de se transformar e pegar crianças são fáceis de entender.

Já se você começa como criança, você não faz ideia do que fazer. Eu tentei jogar algumas partidas sem ver o tutorial, para ver se tinha balões de ajuda, ou algo assim, mas não. Não tem nada. Você literalmente é jogada na casa do vizinho sem saber o que fazer. Depois de ficar frustrada, eu fui pro YouTube, vi o tutorial e… não mudou tanto assim.

Os controles básicos demoram a responder: em algumas das funções, você não consegue ter a resposta adequada. Mais que isso, diferentemente do PC, que tem cinco mapas diferentes, com um sexto chegando, aqui apesar de você ter quatro, são quatro casas, e não há muita diferença entre elas. Elas têm muitos lugares para explorar, mas depois de umas 15, 20 partidas, enche. Mais que isso, tirando um chat de voz (que não funcionou direito para mim), ninguém se coordena, cada pessoa faz o que quer.

A única vez que consegui vencer como criança foi porque quem era o Vizinho desconectou. O jogo não acaba, a gente ainda tem que encontrar as chaves e abrir o porão antes de o tempo acabar, ou ninguém ganha, mas sem um impostor, foi mais fácil trabalhar junto.

Falando nisso, o jogo é completamente desbalanceado para o lado do Vizinho. Mesmo que você se mostre logo de cara, o máximo que vai acontecer é tomar algumas caixadas enquanto as crianças tentam fugir. Mas depois, seu nome fica igual ao de algum outro jogador, então, a menos que você se transforme, não saberão quem é você. Não há punição real, só um incômodo.

E levando em conta que se você como vizinho encontrar uma das chaves, pode guardá-la com você, o que torna impossível escapar, não há muita chance de se ganhar quando você é criança, a menos que esteja com um grupo de pessoas conversando por voz por fora do sistema do jogo. Não há um sistema de escotilha, como em DBD, que permite que você escape por outro lugar caso esteja sozinha. Como o objetivo é abrir o porão, a cada criança que some, fica mais fácil de o Vizinho só ficar parado na frente da porta esperando alguém tentar abrir. Foi assim que ganhei a maioria das minhas partidas. Escondendo uma chave ou parada na frente da porta. Não tem muita estratégia que faça mudar isso.

Por essas e outras, eu acho que o jogo tem muito potencial, mas ainda está incompleto, pelo menos, a versão do Nintendo Switch. Quando Secret Neighbor trouxer para cá todos os mapas e modos que estão faltando, além de balancear o jogo, talvez ele tenha mais vida .

Um detalhe extra, mas que já é mais do comum e esperado para jogos online, são as missões que você pode cumprir diariamente, sempre exigindo personagens e/ou ações específicas, e rendem moedas premium do jogo, que também podem ser compradas, e usadas para adquirir as skins mais caras.

Parte Técnica

Visualmente, Secret Neighbor no Switch é inferior às outras versões, mas é algo que a gente já está acostumada aqui no Switch. Não é uma perda tão grande, e o jogo ainda é bem jogável, mas ainda é claramente menos polido. Os sons são legais, cada diferente terreno que você está faz um som diferente, há sons específicos pra cada ação, e a música ajuda a dar um clima de suspense e tensão. Não sei dizer se tem alguma música diferente quando o tempo está acabando porque nenhuma partida que joguei chegou perto do fim do tempo.

Um problema que notei foi que, mesmo no fone de ouvido, a direção dos sons dos outros jogadores é meio confusa. Mesmo com outras crianças avisando que há uma armadilha por perto (o que não sei até agora como elas fizeram), era difícil de localizar de onde vinha o som. A saída de som parece um estéreo simples, só um pouco mais altos aproximadamente na esquerda ou direita, mas sem dar sensação de profundidade ou direção mais precisa.

A parte de conexão é surpreendentemente boa. Secret Neighbor oferece crossplay, porém depende: quem tem Nintendo Switch pode jogar com quem tem Playstation e iOS. Quem tem Xbox só pode jogar com quem comprou o jogo de dentro da loja da Microsoft no Windows. Quem comprou na Steam só joga com quem comprou na Steam. Não sei por que isso acontece, e aparentemente, a base de jogadores é bem infeliz com isso.

Além disso, não dá para você adicionar pessoas da sua lista de amigos diretamente à party, você precisa criar um lobby personalizado e jogar. Isso significa que, ao contrário de muitos outros jogos do tipo, você não pode chamar pessoas para jogar com você e se juntar a gente aleatória do mundo; ou é tudo aleatório, ou todo mundo conhecido, a menos que você abra uma sala pública, dê o nome pras pessoas que conhece, e torce para todo mundo entrar antes de alguma pessoa estranha… ou expulse a pessoa estranha da sala. Enfim, é chato não poder chamar uma amiga pra jogar comigo e entrar online só com ela.

Por outro lado, as partidas normais do jogo são bem rápidas para buscar. As partidas de briga demoram às vezes mais de dez minutos, especialmente se são menos populares (elas mudam diariamente), mas nas aleatórias, nunca fiquei mais de trinta segundos procurando, independentemente da hora do dia. Não experimentei lags em nenhum momento, além da resposta normal do controle, mas é algo que você se adapta. As ações e reações são sempre com a mesma resposta para todo mundo, então, não é algo que prejudica ninguém (só facilita para o Vizinho).

Conclusão

Secret Neighbor mais erra do que acerta na tentativa de ser uma forma de apresentar jogos multiplayer assimétricos para crianças. O jogo é desbalanceado a favor do Vizinho, não há formas práticas de jogar com pessoas amigas e, ao menos na versão do Nintendo Switch, o jogo é incompleto, faltando o modo tutorial que faz com que seja ainda mais difícil do que deveria ser. Há muitas opções melhores na vizinhança, tanto de jogos multiplayer assimétricos quanto de jogos com traidores e blefe.

Análise feita com cópia gentilmente cedida pela Tiny Build Games.

Secret Neighbor
Veredito
Secret Neighbor não faz um bom trabalho em ser um multiplayer assimétrico que crianças podem jogar. Pelo menos a versão do Switch parece incompleta, e para piorar, o jogo é bastante desbalanceado, e os mapas são repetitivos. Não pode jogar com amigos é apenas mais uma razão para, no mínimo, esperar até que o jogo esteja mais completo.
Prós
Personagens bem desenhadas e diversas
Conceito de multiplayer assimétrico + impostor muito interessante
Partidas rápidas de se jogar e se encontrar
Contras
Bastante desbalanceado a favor do Vizinho
Difícil de entender o que fazer, especialmente sem tutoriais
Partidas e mapas ficam repetitivos depois de um tempo
Difícil de coordenar ações e ainda mais difícil de jogar com amigos.
Crossplay fragmentado
5.5
Meh
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