Shadow of the Orient chegou ao Nintendo Switch, trazendo sua mistura de plataforma e beat ‘em up que antes estava disponível no Steam e em dispositivos móveis. Mas será que essa versão faz jus ao original?
Jogabilidade: um desafio, mas pelos motivos errados

A campanha apresenta três atos no modo aventura, cada um com cinco fases e uma luta contra chefe. A história é simples: resgatar as crianças raptadas e derrotar o Lorde das Trevas. Há dois modos de jogo: aventura e speedrun, este último com fases exclusivas extremamente difíceis devido a problemas nos controles. Também existem duas dificuldades: fácil e difícil, mas “fácil” é um nome bem enganoso. Ademais, a apresentação é bem simploria e sem graça, contada através de textos e fundos de cor sólida, além de gráficos do próprio game sendo intercalados.
A experiência combina elementos de plataforma e combate. O protagonista pode realizar pulo duplo, escalar paredes no estilo Ninja Gaiden e adquirir upgrades como um dash e a habilidade de quicar nos inimigos. A mecânica de luta segue a linha beat ‘em up, utilizando armas corpo a corpo e de longo alcance, mas estas são excessivamente caras na loja interna. Porém, você pode encontrar algumas ao longo das fases flutuando por aí.

Os níveis apresentam um misto entre linearidade e exploração, escondendo segredos como crianças sequestradas e baús trancados que exigem chaves coloridas. Os inimigos variam e exigem estratégias diferentes para serem derrotados. Já as batalhas contra chefes, embora funcionais, não são memoráveis. Sem falar no design de personagens que que distoam demais do protagonista. Tudo parece não encaixar.
Problemas técnicos que comprometem tudo

Infelizmente, a versão para Switch é repleta de problemas. A taxa de quadros foi reduzida significativamente, provavelmente rodando a 30fps em vez dos 60fps do original, resultando em uma movimentação lenta e pesada, além de visivelmente atrasada.
O maior problema, como falei, está na resposta dos comandos. A demora entre o input e a ação na tela prejudica a execução precisa dos movimentos, essencial em uma proposta que exige reflexos rápidos. Muitas vezes, danos são recebidos de forma injusta, já que o personagem não responde a tempo. Isso ocorre principalmente em sequências em que precisamos desviar de projéteis rapidamente.
Recomendação de Compra
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom
Lançamento: 26/Set/2024

Outro erro crítico envolve um bug que bloqueia o progresso. Algumas alavancas que deveriam abrir portas acabam impedindo avanço, forçando um reset e causando perda de progresso. Esse problema, presente desde o lançamento, impossibilita completar o conteúdo 100%.
Problemas de balanceamento e design

Além dos bugs e da performance deficiente, algumas escolhas de design são questionáveis. O dano por contato se torna frustrante em um sistema de luta corpo a corpo, pois exige proximidade constante com os inimigos. A economia também é um problema: os itens na loja têm preços excessivos, provavelmente devido às microtransações da versão mobile.
Outro aspecto frustrante são os checkpoints, que não restauram a barra de vida. Isso incentiva táticas como se deixar derrotar para reiniciar com mais energia, o que quebra o ritmo da jogabilidade e evidencia falhas no balanceamento.
No mais, o level design é uma aberração. Diversas vezes os pulos parecem não alcançar locais necessários, e a habilidade de pular contra as paredes te jogam muitas vezes em barreiras e espetos que te causam dano. A música é um dos pontos que mais salvam a experiência, apresentando batidas de techno misturadas com um estilo chinês. Porém, ela me passa uma sensação de ter sido criada por AI.
Fraco e genérico
No fim das contas, é difícil recomendar Shadow of the Orient no Switch. A adaptação apresenta falhas que poderiam ter sido evitadas com um pouco mais de cuidado na conversão para o console. Para quem deseja experimentar a aventura, talvez vale mais a pena buscar outras plataformas, mas tenha em mente os problemas de level design e repetição. A não ser que atualizações corrijam os problemas, a experiência atual simplesmente não compensa.
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