Tenho realmente boas lembranças com o Mega Drive do início dos anos 2000, e lembro do meu pai trazendo para casa um Mega Drive usado de 16-bits com o cartucho do Sonic. Daquele dia em diante, o console mais amado da Sega deixaria uma marca na minha vida para a eternidade, através de Sonic, Sonic 2, ESwat, Kid Chameleon e muitos outros títulos. Sonic foi certamente a principal atração quando você pensa em um motivo para comprar um Mega Drive novamente, e ele era praticamente o sinônimo da marca para mim. Dito isso, fiquei muito empolgado quando a Sega anunciou a mais nova entrada de seu ouriço para consoles modernos que viria em um formato de coleção chamado Sonic Origins, mas o quanto de esforço foi colocado nele?
Quatro clássicos
Sonic Origins é o mais novo lançamento da série de jogos Sonic que nos traz 4 jogos da era clássica: Sonic the Hedgehog, Sonic CD, Sonic the Hedgehog 2 e Sonic 3 & Knuckles. Todos foram refeitos usando a engine de Christian Whitehead que foi usada em Sonic Mania, um jogo que veio do mesmo cara, e novos recursos foram adicionados à mecânica central de cada um dos títulos, além de animações feitas especialmente para a coletânea que são tocadas antes de cada game ser iniciado.
Uma das novidades que vale a pena notar é o Drop Dash. Este é um movimento através do qual você pode segurar o botão de salto depois de realizar um salto, então Sonic se preparará para se jogar para frente ao entrar em contato com uma superfície. Este é um item obrigatório para todos os jogos do Sonic hoje em dia – pra mim -, embora Sonic 1, 2 e CD não o tenham implementado com tanta precisão quanto fizeram com o Sonic 3. Exceto este último, todos esses três outros jogos não permitem que você controle a direção do personagem no ar, pois há uma inércia que o impede de voltar para trás, o que é algo que não acontece no terceiro jogo numerado.
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Lançamento: 8/Out/2024
Outra coisa é a possibilidade de usar o Spin Dash apertando para baixo + pulo no primeiro jogo do Sonic, algo já visto em relançamentos anteriores deste título. Além disso, agora também podemos selecionar Tails e Knuckles em jogos em que eles não eram originalmente jogáveis, mas infelizmente esse foi o mais longe que a Sega decidiu ir, pois não recebemos nenhum personagem extra ou desbloqueável nunca visto antes.
Os jogos em si
Os jogos, por si só, 100% se sustentam até hoje. O primeiro Sonic é mais cadenciado, e possui uma jogabilidade que não depende 100% da velocidade, mas foca muito em elementos de plataforma e estágios não lineares com obstáculos diversos. Lutas com chefes são desafiadores na medida do possível – depende da sua habilidade.
O segundo jogo é uma ótima iteração do anterior e adiciona Miles Tails como um personagem secundário que segue você por toda parte, mata inimigos e até coleta anéis para você. Além disso, há um novo modo de competição para enfrentarmos amigos localmente, o qual não teve seu aspect ratio corrigido aqui, então prepara-se para visualizar algo bastante esticado na horizontal de forma medonha.
Sonic CD nos traz uma nova viagem no tempo entre o passado e o futuro, e os cenários seguem essa mesma mentalidade e mudam de acordo com seu tema e elementos, como planos de fundo, inimigos e afins. Fora isso, as fases são deveras confusas em alguns momentos, se portando como verdadeiros labirintos.
O terceiro jogo é definitivamente o mais evoluído e polido, e não é à toa que é o mais recente da era clássica. Sonic 3 adiciona Knuckles como um personagem jogável que flutua no ar e mata os inimigos quando os toca. Já Sonic possui um golpe giratório ao pular e pressionar o pulo novamente, além do Drop Dash que o empurra para frente ao cair.
Por fim, outra novidade é a capacidade de coletar moedas especiais que nos permitem gastá-las em fases de bônus caso falhemos e queiramos experimentá-las novamente. Além disso, contamos também com continues infinitos, ao contrário do modo clássico que traz de volta os continua adquirível coletando anéis, o que se mostrou bastante útil já que não preciso mais me preocupar em tentar dominar essas áreas especiais.
Novidades exclusivas da coletânea
A maior novidade aqui é definitivamente o Mission Mode, no qual podemos encontrar várias tarefas diferentes para realizar em diferentes cenários e alcançar a placa giratória no final de cada etapa para obter uma classificação e moedas especiais relacionadas ao nível de classificação que conseguimos. Isso agrega muito valor, já que há um propósito de lutar por essas missões e coletar essas moedas.
Também há um modo Boss Rush que permite que você lute com todos os chefes sem continues disponíveis. Além de tudo isso, há vários slots de salvamento para usarmos, além de ser possível continuar de onde você parou caso saia de um jogo – desde que você toque em um ponto de verificação. Existe como extra o Mirror Mode a ser desbloqueado, o que simplesmente inverte a direção das fases existentes; o Time Attack para correr contra o tempo; e o Blue Spheres em Sonic 3 em duas versões, nas quais você coleta as esferas azuis das fases bônus.
Quanto à seção Museu, você pode personalizar algumas opções simples, como filtro visual, arte de fundo para o modo clássico e tal; além de existir uma galeria de trilhas sonoras na qual você pode tocar o OST de cada jogo – exceto o terceiro por motivos óbvios de direitos autorais de MJ. Além disso, há o álbum da galeria para verificar os manuais originais digitalizados e outras coisas clássicas à medida que você avança em todos os jogos e libera essas coisas desbloqueáveis.
Além do OST do terceiro jogo ser muito fraco quando comparado ao original de Michael Jackson, outra decepção é a quantidade de bugs existentes. No segundo jogo, Tails fica facilmente preso e continua pressionando o botão de salto, o que nos deixa loucos pelo som dele. Outra coisa é que você provavelmente ficará preso dentro da parede por algum motivo desconhecido, e isso aconteceu comigo duas vezes, então eu tive que reiniciar do último ponto de salvamento. Além disso, o modo clássico não contém as roms originais de cada jogo, mas sim uma espécie de versão mobile relançada com algumas modificações aqui e ali, como no Sonic 1 com a habilidade spin dash. Portanto, não posso considerar esses modos como “clássicos 100%”.
Coletânea “ok”, ao contrário do preço
Sonic Origins me deu momentos de bastante nostalgia, mas isso é provavelmente porque não sou uma pessoa tão exigente como alguns fãs mais hardcore seriam ao notar detalhes minuciosos. A coleção é justa na medida do aceitável (pra dizer o mínimo), e traz alguns ajustes interessantes e melhorias na qualidade de vida, sem contar a quantidade infinita de continuações, widescreen e a possibilidade de repetir fases bônus simplesmente gastando uma moeda especial que foi criada para este jogo.
Além da personalização sem graça em termos visuais, modo de competição ainda absurdamente esticado que não pode ser jogado online e um gráfico complicado feito pela Sega para decidirmos qual versão devemos escolher para o produto final (padrão, deluxe e outras coisas), Sonic Origins é definitivamente a melhor (e mais cara) maneira de reproduzir esses clássicos de uma forma modernizada, com suporte a widescreen e missões extras que adicionam toneladas de horas de jogo.
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