Mastodon
Universo Nintendo

Análise – Tomb Raider I-II-III Remastered

Antigamente é que era ruim

Ao revisitar um clássico através de uma coletânea remasterizada, sempre há aquela mistura de emoção e ansiedade. Será que a nostalgia vai corresponder à realidade? No caso desta trilogia, posso afirmar com convicção: sim e não, pois a nostalgia estava meio certa – igual nas provas da escola.

É Lara Croft de cara nova

Gráficos modernos mais detalhados
Gráficos modernos mais detalhados

A história em si dos três jogos é contada através de cutscenes bastante ultrapassadas com resolução aumentada, mas que ainda mantêm o tom nostálgico da época. De qualquer forma, elas são competentes o suficiente para trazer a ambientação do local em que Lara vai explorar, seja uma caverna no meio do gelo ou a cidade de Veneza. Cada um dos três jogos remasterizados traz consigo uma experiência gratificante e impressionante, repleta de explorações desafiadoras (que te dão armas novas) e recompensadoras que realmente fazem você se sentir inteligente à medida que desvenda os segredos escondidos em cada canto dos vastos cenários.

Além disso, o modo foto é uma adição bem-vinda, revelando não só os segredos bem guardados e a disposição dos cenários, mas também os inimigos que aguardam a sua chegada, prontos para o embate. Adicionalmente, também temos o conteúdo adicional da época, exclusivo para as plataformas nas quais o jogo foi lançado. Isso certamente adiciona mais horas de jogo.

Bonito, o jogo é
Bonito, o jogo é

A remasterização dos gráficos é, sem dúvida, estonteante. O trabalho dedicado à atualização visual destes clássicos é evidente, trazendo uma beleza renovada que certamente impressionará tanto os veteranos quanto os novatos. Contudo, apesar dessas qualidades louváveis, a coletânea não está livre de falhas, algumas das quais prejudicam significativamente a experiência de jogo, como a escuridão absurda de alguns locais que nos obrigam a transitar constantemente entre os gráficos clássicos, os quais possuem bem mais iluminação, e os atualizados que rodam a 60 fps.

Um dos aspectos mais frustrantes é a ausência de um sistema de auto-save, obrigando os jogadores a dependerem de saves manuais feitos no caderninho em momentos críticos da jornada para não ter o perigo de voltar lá atrás.

T-Rez clássico
T-Rez clássico

Além disso, a câmera é, por falta de uma descrição melhor, uma atrocidade. A dificuldade em controlá-la pode transformar momentos que deveriam ser de pura exploração e admiração em uma luta constante contra o ponto de vista oferecido pelo jogo.

Isso acontece porque os controles modernizados são uma espécie de “gambiarra” que não condizem com o sistema criado originalmente para a câmera na era PS1, o que acaba resultando nessa confusão maluca e ângulos bizarríssimos que vão te deixar enfurecido.

Mais loucuras do remaster

Combate acabou sendo bastante prejudicado
Combate acabou sendo bastante prejudicado

Já os controles modernizados em si, embora criados com a intenção de melhorar a experiência, acabam por complicá-la. A execução de movimentos precisos, especialmente em momentos que exigem agilidade e exatidão, torna-se uma tarefa sofrida devido à configuração pouco intuitiva dos controles.

O ato de pular é particularmente problemático no remaster, apresentando um atraso inconsistente que resulta em inúmeras tentativas falhas mesmo rodando a 60 fps – o que deveria melhorar a resposta dos pulos -, minando a paciência até dos jogadores mais dedicados. Principalmente porque Lara não gira em torno do próprio eixo nessa configuração, o que te obriga a voltar aos controles de tank.

Iluminação no Remastered é terrível
Iluminação no Remastered é terrível

Quanto ao combate, este é possivelmente um dos aspectos mais decepcionantes. A tentativa de adaptar o sistema a controles modernos acaba por esvaziar a experiência, tornando-a quase inoperante. A falta de movimentos laterais disponíveis nesta nova abordagem deixa o combate desajeitado e insatisfatório, uma sombra do que poderia ser. Da mesma forma, as mecânicas de plataforma e “agarrar bordas” se revelam frustrantemente ruim, com a imprecisão e os atrasos já mencionados transformando cada salto numa roleta russa desprovida de qualquer prazer.

Não é de todo ruim, mas a nostalgia nos traiu

Em suma, esta coletânea remasterizada é uma jornada de altos e baixos. Enquanto a nostalgia, exploração e a beleza dos gráficos remasterizados são um deleite, as falhas técnicas, especialmente no que diz respeito aos controles e à mecânica de jogo, são uma pedra no sapato que não pode ser ignorada. Cabe aos jogadores decidirem se os momentos de satisfação e descoberta superam os de frustração e irritação. Pra mim, infelizmente foi algo sofrido e odioso. Cresci vendo minha mãe jogar Tomb Raider na minha frente, joguei os clássicos no PS1 quando mais velho, e entendo hoje em dia que o problema não era eu, e sim os controles ruins e imprecisos na época.

Jogo fornecido para análise pela Aspyr.

Tomb Raider Remastered capa
Tomb Raider I-II-III Remastered
Veredito
Tomb Raider I-II-III Remastered é uma versão bastante bonita dos três jogos clássicos da saga Tomb Raider. Porém, as mudanças nos controles foram bastante ruins e feitas sem cuidado, além da câmera ser impossível em alguns momentos de se domar. No fim, é mais pela nostalgia do que por qualquer outra coisa.
Prós
Gráficos bem bonitos
Exploração recompensadora
Roda a 60fps (o remaster, apenas)
Vale a revisitação se você quer nostalgia - ou conhecer o início de tudo
Contras
Jogo escuro demais, sem opção de mudar brilho
Controles deploráveis
Câmera é uma atrocidade
Sem save automático
Pulos imprecisos mesmo rodando a 60fps
5
você pode gostar também
Comentários