Typoman pode ser descrito como um jogo de aventura no estilo plataforma 2D, com quebra-cabeças que exigem a escolha adequada de letras e palavras para a sua resolução. Realmente pode parecer estranho em um primeiro momento, mas é nessa estranheza que reside a genialidade por trás do jogo. Desenvolvido pela Brainseed Factory, o game foi originalmente lançado em 2015 exclusivamente para o Wii U – era um daqueles jogos que fizeram parte do programa Nindies@Home que ocorreu durante a E3 de 2015 – e posteriormente chegou ao Playstation 4, Xbox One e PC, trazendo o subtítulo Revised. É está versão “revisada” que agora está sendo lançada para o Nintendo Switch.
Já deu pra perceber que o jogo foi concebido de modo a dar papel de destaque para letras e palavras. O personagem principal, por exemplo, é estruturado a partir das letras que compõem a palavra HERO. Tal princípio é utilizado tanto na construção de alguns elementos do cenário como também no design dos inimigos. Dessa forma, é criado um ambiente em que letras e palavras podem servir tanto para o bem quanto para o mal. Inicialmente a mecânica proposta é introduzida utilizando expressões simples como ON, UP e DOWN para acionar mecanismos, elevar e abaixar plataformas. Mas não demora muito até aparecerem desafios envolvendo situações que demandam palavras mais elaboradas, e isso pode acabar sendo um obstáculo para aqueles que não tenham uma familiaridade razoável com inglês. Muitas das vezes as letras estão espalhadas pelo cenário, sendo preciso achá-las e reordená-las de forma a obter a palavra correta. Ainda bem que há disponível o Word Scramble (misturador de palavras), por meio dele somos capazes de reordenar e descartar letras para formarmos as palavras procuradas. Outras vezes a simples adição de uma letra resolve a situação, como é o caso, por exemplo de RAIN/DRAIN, CRUSH/RUSH e GAS/GASP.
Recomendação de Compra
Nintendo Switch – Modelo OLED (Branco)
Lançamento: 08/Out/2021
Conforme o game vai avançando vamos coletando aspas que liberam frases que dão algumas pistas sobre nosso HERO e o mundo que o cerca, não há uma história propriamente dita. As frases coletadas ao longo dos três capítulos que compõem o jogo vão se somando e formando um texto que pode ser acessado no menu principal do jogo, na opção Journal. Um detalhe é que foi escolhida uma fonte bastante reduzida para esse texto, conseguir ler ele quando estamos no modo portátil é um verdadeiro teste oftalmológico.
Esteticamente Typoman guarda muitas semelhanças com LIMBO, é praticamente impossível olharmos para o jogo e não nos recordarmos do game desenvolvido pela Playdead. No entanto, o jogo tem seu próprio brilho oferecendo uma excelente ambientação, em parte obtida também por meio dos ótimos efeitos sonoros.
Para além dos desafios ortográficos, temos um jogo de plataforma 2D que naturalmente exige precisão e agilidade nas ações, e para isso no geral, os controles respondem bem. E por falar em controles, utilizamos o B para pular, A para pegar/largar as letras e ZR para empurrá-las.
Um ponto negativo importante é que o game pode ser completado em poucas horas não havendo incentivos para que retornemos à jornada principal. Terminar a aventura libera dois mini games, Antonymizer e Word Hunter. Em Antonymizer, o jogo nos fornece uma palavra e um conjunto de letras a partir do qual devemos ser capazes de escrever a tal palavra dada. O problema é que sempre falta uma ou mais letras. Para obtermos as letras que faltam temos a nossa disposição um mecanismo que transforma uma palavra no seu antônimo. Por exemplo, se precisamos da letra Y e temos disponíveis as letras N e O, podemos transformar NO em YES e assim obter a letra Y procurada. Já no mini game Word Hunter devemos criar o maior número possível de palavras a partir de algumas letras dadas. Tais mini games são legais, mas não o suficiente para nos fazer esquecer que o jogo em si é bem curto.
A ideia de usar literalmente o poder das palavras para a resolução de puzzles é brilhante e muito bem executada no game. Cada desafio superado e nova descoberta nos instiga a continuar experimentando e descobrindo novas palavras e formas de interagir. Pena que são somente três capítulos. A necessidade de ter um conhecimento razoável de inglês pode ser um obstáculo.
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