O Pokémon Presents de 27 de fevereiro de 2025 trouxe uma novidade há muito aguardada por parte da comunidade latino-americana: a introdução do espanhol latino-americano como idioma oficial nos jogos principais da franquia, começando com Pokémon Legends: Z-A e Pokémon Champions.
Anunciado por Tomás Cortijo, diretor regional da América Latina para a The Pokémon Company, o marco foi celebrado como um passo significativo para atender às demandas de milhões de jogadores da região. No entanto, para os fãs brasileiros, o entusiasmo rapidamente deu lugar à frustração e ao desapontamento, pois o português do Brasil, mais uma vez, ficou de fora das prioridades da empresa.
Com um mercado de jogos em constante crescimento e uma base de fãs que consome desde os jogos até o anime, o TCG e produtos licenciados, o Brasil representa um potencial econômico e cultural que não pode ser ignorado, uma vez que a comunidade brasileira de Pokémon é uma das mais apaixonadas e engajadas do mundo.
Há anos, jogadores brasileiros organizam campanhas, petições e movimentos nas redes sociais pedindo a localização dos jogos principais para o português brasileiro. Um exemplo notável foi a mobilização nas redes c em 2024, com hashtags e apelos diretos a figuras como Junichi Masuda e à Nintendo Brasil, exigindo que Pokémon Legends: Z-A fosse o primeiro título da série principal a incluir o idioma.
Apesar disso, o anúncio do espanhol latino-americano como o novo idioma destacado no Pokémon Presents reforça um padrão: enquanto outras regiões veem suas demandas atendidas, o Brasil permanece à margem. A justificativa para a inclusão do espanhol parece seguir uma lógica — a sede regional da The Pokémon Company na América Latina está localizada no México, e o idioma é falado por mais de 20 países.
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Dados internos da empresa, aos quais os fãs não têm acesso, podem indicar que o impacto comercial do espanhol supera o do português. Mesmo assim, para os brasileiros, isso soa como uma “desculpa conveniente”, já que outras franquias da Nintendo, como The Legend of Zelda, Super Mario, Kirby e até mesmo Pikmin passaram a oferecer suporte ao português em quase todos os seus projetos inéditos nos últimos anos.
A introdução do espanhol latino-americano é um marco histórico. Após anos de críticas à tradução espanhola europeia — repleta de regionalismos da Espanha que soavam estranhos ou até ofensivos em países da América Latina —, a The Pokémon Company finalmente ouviu os apelos da comunidade hispanófona da região. Jogos como Pokémon Legends: Z-A agora terão uma localização adaptada, alinhada à cultura e ao vocabulário de países como México, Argentina e Colômbia. Esse esforço demonstra que a empresa é capaz de responder às necessidades específicas de seus mercados quando há pressão suficiente ou interesse econômico.
No entanto, o contraste com o português é gritante. Enquanto o espanhol latino-americano ganha espaço nos jogos principais, os fãs brasileiros da marca de monstrinhos de bolso continuam limitados a opções em inglês, espanhol europeu ou outros idiomas. A ausência de português não é apenas uma questão de conveniência; é uma barreira de acessibilidade. Crianças e jogadores com menor domínio de línguas estrangeiras enfrentam dificuldades para aproveitar plenamente a experiência, o que aliena uma parcela significativa do público.
Nas redes sociais, a reação dos brasileiros ao Pokémon Presents foi imediata. Postagens no X (antigo Twitter) expressaram indignação e sarcasmo, com frases como “mais um ano sem português nessa m**** de jogos” e questionamentos sobre “por que o maior país dessa é constantemente ignorado”. Há um sentimento palpável de abandono, amplificado pelo fato de que a The Pokémon Company já oferece suporte ao português brasileiro em outros produtos, como o Pokémon Trading Card Game (Estampas Ilustradas) e eventos regionais. A pergunta que ecoa é: se há recursos para localizar esses elementos, por que os jogos principais — o coração da franquia — permanecem excluídos?
Alguns fãs tentam racionalizar a decisão, apontando que a priorização do espanhol pode ser resultado de uma estratégia logística ou de dados de mercado. Outros, porém, rejeitam essa ideia, argumentando que o Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes e uma economia maior que a de muitos países hispano-americanos combinados, merece atenção equivalente. A frustração também é alimentada por comparações com outras empresas: Sony, Microsoft, Activision Blizzard e até estúdios independentes como o de Cuphead oferecem suporte ao português brasileiro há anos, enquanto a The Pokémon Company, uma das empresas que mais lucra no mundo com bilhões de dólares arrecadados anualmente, parece relutante em dar o mesmo passo.
A exclusão do português no Pokémon Presents de 2025 não significa que a porta está permanentemente fechada. A rápida resposta ao pedido por espanhol latino-americano — implementada em menos de um ano após campanhas recentes — sugere que a The Pokémon Company pode ser sensível à pressão organizada.
Para os brasileiros, o desafio agora é manter a mobilização, transformando a frustração em ação concreta. Novas petições, campanhas nas redes sociais e até mesmo apelos diretos à Nintendo Brasil (respeitando sempre os indivíduos mas os cobrando como empresas), que tem aumentado sua presença no país, podem ser o caminho para finalmente conquistar a tão sonhada localização.
Resta à nós brasileiros aguardar para que a empresa tome rápida providência referente ao atual descaso com nosso território frente aos seus grandes projetos.