O desenvolvimento de Cyberpunk 2077: Ultimate Edition para o Nintendo Switch 2 surpreendeu ao demonstrar que, mesmo sendo uma plataforma menos potente em relação à geração vigente, o console é capaz de rodar um dos jogos mais exigentes da atualidade.
Desde o início, a CD Projekt Red trabalhou em conjunto com a Nintendo numa equipe reduzida, diretamente envolvida no processo para preservar o sigilo e acelerar as adaptações do motor do jogo. Como Charles Tremblay, VP de Tecnologia da CD Projekt Red, afirmou em entrevista recente ao site IGN: “Pensávamos que seria mais desafiador, mas, no final, não foi tanto assim.” Grande parte do esforço técnico concentrou-se em adaptar o jogo – originalmente construído para arquitetura x86 – às especificidades do Switch 2, convertendo shaders de HLSL para GLSL e lidando com menos núcleos disponíveis (um deles reservado para o sistema operacional). Na prática, isso significou redirecionar recursos antes usados para desempenho direto do jogo para tarefas de descompressão e I/O.
Para equilibrar qualidade visual e estabilidade, a CD Projekt Red adotou o DLSS da Nvidia como principal ferramenta de upscaling. Essa tecnologia de inteligência artificial permite imagens mais nítidas e taxas de quadro superiores, mesmo sem exigir tanto da GPU do Switch 2. Tremblay explicou: “Com o DLSS, definitivamente aumenta a qualidade que você pode ter, tanto em modo portátil quanto na TV.” Além disso, ajustes como densidade de multidão, níveis de detalhe de personagens e texturas foram iterados até que a equipe considerasse o resultado satisfatório. Embora o hardware do Switch 2 seja comparado ao de um PlayStation 4 em alguns aspectos, ele se beneficia de melhorias importantes: mais memória RAM, suporte a armazenamento microSD Express de alta velocidade e cartuchos dedicados, superando as limitações de HDD mecânico que penalizaram a versão de PS4.
Em termos de performance, a versão do Switch 2 oferece duas opções visuais: “o modo qualidade chega a 1080p a 30 fps, enquanto o modo desempenho mira 40 fps a 1080p em dock (ou 720p a 40 fps em modo portátil)”, conforme detalha Tremblay. A meta mínima foi manter 30 fps estáveis em todas as áreas do jogo: “Se cair abaixo de 30 fps, não consideramos isso aceitável.” Apesar de não igualar as taxas de 60 fps em 4K possíveis em rigs de ponta, o Switch 2 entrega tudo – inclusive a expansão Phantom Liberty, que era inviável em gerações anteriores. Tremblay ressalta que “o Switch 2 tem mais RAM, o que também é muito importante” e que, graças a essas melhorias, o jogo roda melhor no novo hardware do que no PS4 ou no Xbox One originais.
Além das adaptações gráficas, a experiência no Switch 2 explora recursos exclusivos da plataforma. “No modo portátil, a experiência é ótima”, comenta Tremblay, referindo-se aos controles de movimento com Joy-Con e ao suporte a apontamento semelhante a mouse. Esses recursos oferecem uma abordagem distinta em relação a outras plataformas, tornando possível jogar num ônibus, num avião ou no quintal de casa. A flexibilidade fica ainda maior graças ao cross-save: “Você pode jogar no PC em casa e, se quiser continuar em trânsito, basta levar seu save – sem complicações.” Em suma, o objetivo da CD Projekt Red não foi criar a “melhor” versão de Cyberpunk 2077, mas oferecer a “melhor experiência possível” dentro das limitações do hardware, trazendo para o público Nintendo todo o conteúdo do jogo de forma satisfatória.
Cyberpunk 2077: Ultimate Edition tem lançamento agendado para 5 de junho no Nintendo Switch 2.
Discussões sobre isso post