A desenvolvedora e editora brasileira QUByte tem trazido uma série de jogos retrôs para os jogadores de Switch, entre eles, clássicos da Image Works (como First e Second Samurai), da Arcade Zone (Legend) entre outros beat ‘em ups clássicos.
Diversos jogos da coletânea já haviam aparecido em lançamentos individuais ou em pacote de dois jogos na plataforma da Nintendo, mas agora a QUByte traz sete títulos, alguns ainda não lançados nas plataformas modernas de forma individual, em um único pacote.
O que tem de novo?
Irei falar individualmente dos jogos, porém antes é necessário falar sobre o próprio sistema de seleção e opções que o pacote traz.
A QUbyte não economizou esforços em trazer muitos adicionais. Além de uma tela bonita e cheia de recursos que rivaliza com o Capcom Arcade Stadium, o jogo traz diversas opções e filtros para cada jogo.

Estamos falando de filtro CRT, diversos Wallpapers, opções de tamanho de tela e fácil seleção dos jogos inclusos. Além disso, o jogo traz uma grande customização, com fácil mapeamento de botões para deixar mais confortável o controle na mão dos jogadores, ao invés de ficar preso ao sistema de botões predefinidos da época dos arcades.
Porém, o mais interessante, especialmente levando em consideração a dificuldade e a nem sempre polida jogabilidade da época, são a quantidade de customização em cada jogo. Estamos falando aqui de uma vasta quantidade de trapaças individuais, que vão desde vidas e energia infinitas e alterar a cor do personagem principal até derrotar os inimigos com um único golpe… enfim, uma série de recursos para suavizar a experiência. E tudo isso pode ser feito em tempo real durante o jogo.
Além disso, foi implementado o sistema de save state, de fácil acesso e de forma individual para cada jogo, reduzindo aquele tédio de ter que repetir toda a fase de novo que, convenhamos, já eram maçantes por natureza. Também há um prático sistema de Rewind em tempo real para, caso o jogador cometa um erro, poder voltar alguns frames atrás, deixando a jornada em cada título mais fluida.

Para finalizar, é importante mencionar que a QUByte não traduziu os jogos, porém trouxe o manual digital individual de cada jogo em português, explicando não só os comandos dos jogos, mas também sua história. Pode parecer algo pequeno, mas os beat ‘em ups sob a bandeira da Piko são conhecidos por terem muita história para o gênero, algumas inclusive puxadas de contextos históricos, como Water Margin, baseado em um antigo livro chinês.
The Tale of Clouds and Winds (Water Margin)
O melhor jogo da coletânea, The Tale of Clouds and Winds é um sólido e equilibrado beat ‘em up da época ancestral chinesa, muito divertido de se jogar, especialmente em dois jogadores. Ele traz alguns elementos encontrados em jogos como Dungeons e Dragons Collection de Saturno, onde você pode encontrar e guardar magias elementais para usar em momentos críticos.
O que mais chama atenção é o equilíbrio. Nenhum segmento parece longo o suficiente, e os inimigos não têm uma vida que leva séculos para ser depletada. O que deixa ainda melhor é que o jogo é repleto de história com cenas antes de cada estágio e com cenários bem diferentes e progressivos. Sem sombra de dúvidas, é o melhor que a coletânea tem a oferecer.

Legend
Outra entrada sólida na coletânea, Legend traz um equilíbrio bem próximo de Water Margin, mas em um ambiente medieval e no maior estilo Dungeons e Dragons.
Com cenários diversificados e contendo um pouco menos de história, o jogo conta com gráficos mais caricatos, porém muito bonitos, que me lembram até um pouco a artwork do antigo jogo Maximo, de Playstation 2. Os inimigos também são inteligentes e rápidos aqui, então não é só bater com a espada, é necessário estratégia para sobreviver.
First Samurai e Second Samurai
Aqui é onde os jogos da coletânea começam a perder um pouco de qualidade, mas ainda retém um certo grau de diversão.
First Samurai não considero tanto um beat ‘em up, ele se assemelha mais a uma aventura de plataforma, mas que infelizmente falta polimento. O jogo conta com alguns elementos de Castlevania, como sub-armas, checkpoints entre outros utensílios para ajudar o jogador a cruzar os perigos. Mas infelizmente, com o pulo um tanto travado e, somado a um cenário que nunca deixa claro onde o jogador pode ou não pisar, faz com que atravessar as fases sejam uma verdadeira dor de cabeça. Isso sem contar com a horda de inimigos que nascem em cima do jogador arrancando um pedaço de vida de forma injusta. Mesmo assim, suas diversas mecânicas e fases variadas ainda trazem um certo grau de diversão ao jogo.
Já Second Samurai se assemelha muito mais a um beat ‘em up clássico. Sua jogabilidade é parecida com Altered Beast, com inimigos nascendo de ambos lados da tela e explodindo ao serem destruídos, porém sem aquele polimento que o clássico jogo da Sega possui. O que realmente é divertido no jogo é que as fases possuem muitos segredos, e alguns elementos do jogo anterior, como magias (que agora funcionam de forma automática após coletá-los) e as sub-armas também retornam. Está longe de ser perfeito, mas ainda retém um grau de diversão (e frustração também).

Iron Commando
Iron Commando é o último jogo da coletânea que achei divertido, porém frustrante em alguns aspectos também.
Aqui temos uma abordagem mais moderna do gênero, se assemelhando a jogos como Final Fight e Streets of Rage, mas claramente sem o polimento dos clássicos mencionados. Isso não quer dizer que o jogo não tenha seus méritos. Iron Commando conta com cenários lindos e bem diferentes. O jogo também traz algumas mecânicas interessantes, como poder coletar munição para usar nas armas que o jogador ainda tem em mãos. O número de munição é informado, inclusive, no canto superior da tela. Apesar da falta de polimento e de ser desequilibrado em determinados momentos, Iron Commando é um divertido beat ‘em up, especialmente quando jogado em mais pessoas.

Gourmet Warriors
Com uma abordagem mais cômica, você joga com heróis em um planeta devastado pela fome onde a comida é o mote de tudo. Aqui tem um botão que só serve para os personagens fazerem poses.
E é só isso, praticamente. Com uma jogabilidade travada, o jogo possui um péssimo hit detection e animações tão relaxadas que às vezes você nem vê o movimento sendo executado. O jogo até traz algumas mecânicas diferentes, como enterrar os inimigos no cenário para ficar batendo neles (mais ou menos como em Night Slashers: Remake) e a possibilidade de fazer pratos ao final de cada fase com os ingredientes coletados para adquirir mais vida no próximo estágio, mas nada redime a baixa qualidade do jogo.

Sword of Sodan
Já jogou Dragon’s Lair? Pois é, imagina um controle similar em um jogo muito mais injusto. Sword of Sodan é tipo um Dragon’s Lair rodando em esteróides.
O jogo fez considerável sucesso na época, por possuir um gráfico um tanto detalhado (estamos falando de 1990) e com bastante história que remetia a um RPG (até mesmo mostrando um mapa antes de cada cenário), mas não há jogabilidade mais injusta, entediante e sem nexo que em Sword of Sodan. Eu recomendo jogar só pela curiosidade, mas mesmo assim é bem provável que você irá se arrepender. Até mesmo virar para o lado contrário é um desafio, especialmente quando é necessário enfrentar três inimigos na tela e desviar de armadilhas ao mesmo tempo.

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