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Análise – Blizzard Arcade Collection

Clássicos da Blizzard chegam ao Nintendo Switch em uma coletânea competente

A Blizzard anunciou na última Blizzcon online, seu evento específico para divulgação de novidades e futuros projetos, um pacote de seus jogos clássicos feitos para quem é fã como uma forma de comemorar seu aniversário de 30 anos. A coletânea Blizzard Arcade Collection inclui The Lost Vikings, Blackthorne e Rock ‘N’ Roll Racing, nomes reconhecidos mundialmente que marcaram época na era de ouro dos consoles 16-bits. Através de um pacote com vários materiais até então restritos à equipe Blizzard, a desenvolvedora mostrou como se faz realmente um material bastante louvável aos fãs de seus grandes jogos do passado.

Várias versões em um só lugar

Rock N Roll Racing

No menu principal temos arquivos raros de bastidores, materiais promocionais da época em altíssima resolução, anúncio em revistas, encartes dos cartuchos de SNES e Mega Drive, concept art dos personagens e seus designs em fase de testes, várias animações em rascunho, entre muitos outros conteúdos feitos especialmente para os fãs. Além disso, fotos do estúdio inicial e das equipes envolvidas nos três jogos também podem ser encontradas por aqui, além de entrevistas em vídeos que foram feitas especialmente para essa coletânea, contando um pouco mais sobre o processo criativo. Já em outra seção existe o tocador de música, não contendo apenas a original soundtrack de Rock ‘N’ Roll Racing , o que é estranho já que canções licenciadas estão presentes durante o jogo.

Todos os três títulos possuem um seletor de versões, que contempla a de SNES, Mega Drive/SEGA 32X e uma definitiva que mescla os melhores recursos de ambas e cria um jogo único, com recursos adicionais, idioma em português brasileiro e fases extras em alguns casos. Rock ‘N’ Roll Racing Definitive Edition, por exemplo, possui músicas de alta qualidade sonora e um formato de vídeo widescreen com gráficos remasterizados. Infelizmente The Lost Vikings e Blackthorne não receberam o mesmo tratamento de tela 16:9, e ficam com uma imagem de fundo para amenizar o efeito de tela quadrada. Apesar disso, ainda hoje todos os três títulos são um show de pixel art, com animações belíssimas e uma direção de arte de muito bom gosto.

The Lost Vikings

The Lost Vikings

The Lost Vikings é o primeiro da lista, e conta a história de como um trio de vikings, Erik, Baleog, e Olaf, foi raptado pelo maldoso Tomator, imperador de Croutonian Empire, para a criação de um zoológico intergalático. É necessário controlar o grupo e alternar entre os personagens para destruir inimigos e superar obstáculos, criando uma espécie de trabalho em conjunto que é aprimorado ao jogarmos em cooperativo com até duas pessoas (multiplayer para 3, ao todo), exceto na versão de SNES. Cada viking possui uma habilidade única, porém todos podem coletar itens.

Apesar de todos poderem andar individualmente, acaba sendo necessário reunir o grupo no ponto final para terminar uma fase. Os controles funcionam de forma bastante responsiva, e The Lost Vikings age naturalmente mesmo em tempos modernos, sendo possível se passar tranquilamente por um indie de hoje em dia.

Rock ‘N’ Roll Racing

Corridas em Rock N Roll Racing

Rock ‘N’ Roll Racing é o título que recebeu um tratamento melhor entre os três, talvez por conta de o formato 16:9 não interferir diretamente no level design de forma geral e ter tornado essa modificação em realidade. A visão é isométrica e pode causar estranheza em jogadores mais novos durante a direção, mas basta alguns minutos para se acostumar a este maravilhoso jogo de corrida, com sons de grandes músicas do rock como Bad to the Bone e Born to be Wild, além de novidades como Breaking the Law de Judas Priest, entre outros.

As partidas funcionam em uma abordagem arcade, permitindo power ups equipados nos carros para atingir ou atrasar seus oponentes. Fora isso, entre uma corrida e outra, é possível melhorar os equipamentos de ataque e defesa, além de haver um menu para subir de categoria a fim de enfrentar oponentes mais robustos e ganhar mais dinheiro. Nessa versão definitiva foi incluído também o personagem Olaf, de Lost Vikings, cuja presença era possível originalmente apenas por um código, além do  excelente suporte para telas widescreen e músicas revitalizadas.

Blackthorne, o “durão”

Blackthorne definitive edition

Já Blackthorne talvez seja o mais difícil de digerir entre os três. Este jogo segue a linha de um adventure com plataforma, um gênero que contém nomes famosos como o clássico Prince of Persia de 89, que marcava presença através de seus visuais belíssimos em 2D com movimentação bastante cadenciada e exigência de precisão por parte do jogador. Aqui você é colocado na pele de Kyle “Blackthorne” Vlaros, em um game cuja jogabilidade apresenta movimentos mais lentos e puxados para o realismo por meio de técnicas de rotoscopia, com um atraso relativamente grande entre uma ação e outra de forma proposital. Sua principal missão é se vingar de Sarlac para libertar o povo de Tuul, enquanto distribui balas e bombas por todos os cantos, eliminando todas as ameaças em seu caminho com sua escopeta invocada.

É possível atirar à frente e atrás, tornando um pouco mais ágil acertar quem tentar lhe pegar pelas costas, evitando com que o personagem precise virar para executar a ação. Os pulos também são rigidamente precisos, então é necessário saber exatamente onde você irá executar tal movimento. Fora isso, é impossível correr com o armamento em mãos, o que cria um processo um pouco chato de guardar a escopeta para poder fazê-lo. É um jogo que funciona sim até hoje, mas que exigirá um pouco de paciência para dominar os controles um pouco confusos e burocráticos.

A versão de SEGA 32X de Blackthorne certamente é a mais inferior entre as três, passando através de seus gráficos pré-renderizados uma sensação de mais lentidão ainda e jogabilidade bem menos responsiva do que a de SNES – e a definitiva. Talvez somente pela nostalgia valha a pena visitar, mas confesso que passei bastante raiva tentando dar uma chance.

Inconsistência em recursos

Passwords, sério?
Passwords, sério?

As versões definitivas não possuem um modo de rebobinar, provavelmente porque não são ROMs rodando por trás do código, e sim versões criadas para esta coleção. Isso é um recurso bastante útil na jogabilidade de Blackthorne, principalmente, uma vez que esta tem base em persistência através da tentativa e erro e te manda para um checkpoint bem longe caso morra. Um ponto a se destacar é que o jogo em sua versão definitiva contém um mapa bem útil para mitigar o problema de falta de localização enquanto exploramos. Por causa da dificuldade elevada, o processo de entrar no menu para carregar o último save state é bem maçante, e poderiam ter incluído um botão para salvar e outro para fazer este carregamento.

Já Rock ‘N’ Roll Racing tem um grande problema de não salvar os dados, então não há uma forma de guardar o progresso manualmente ou mesmo utilizar o save state. O que é uma pena, já que a versão definitiva é belíssima, e os efeitos e a trilha sonora remanejada trazem um resultado excelente. Se quiser continuar de onde parou, precisará ir ao menu de opções, anotar um grande código para poder retornar depois. Nada prático.

The Lost Vikings em sua versão definitiva é o mais “bem fechado” dentre todos, porém seu multiplayer para até três jogadores com câmera compartilhada é bem difícil de não desgostar. Assim como Rock ‘N’ Roll Racing oferece um mod para até quatro jogadores se enfrentarem na mesma tela (cada qual com sua câmera), o mesmo deveria ter sido feito neste aqui. Fora isso, opções de salvar e carregar um progresso são um grande acerto, ao contrário do título de corridas intergaláticas.

Falta pouco

Blizzard Arcade Collection é uma ótima coleção feita para fãs dos primórdios da empresa, e traz três grandes títulos com suas respectivas versões para atender a todos os gostos. O material de apoio é excelente, e com certeza muitos irão se sentir presenteados com tanto conteúdo extra para consumir.

Porém, muitas decisões inconsistentes entre as diferentes versões são bastante questionáveis, passando a impressão de que, muitas vezes, é melhor optar pelo jogo em sua versão de SNES ou Mega Drive/SEGA 32X, já que estas possuem o recurso de save state e rebobinar, permitindo mais liberdade ao jogador. Esperamos que uma atualização em breve possa corrigir esses deslizes e manter os mesmos recursos para todos os games.

Jogo fornecido para análise pela Blizzard.

75%
Born to be wild!

Coletânea de peso

A coletânea de grandes clássicos da Blizzard veio para falar diretamente ao coração daqueles que sentem falta destes três excelentes jogos, apesar de ainda precisar de alguns pequenos ajustes.

  • Design
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