Para mim, parece um sonho o relançamento desses dois clássicos. Um dos primeiros jogos totalmente dublados (mesmo com a pouca qualidade do áudio) a vir ao Brasil, este complexo enredo narrado e dialogado de forma poética é um desejo de muitos jogadores, e não só no Brasil.
Muita gente vai elogiar por ser fã, novas gerações vão criticar a datada jogabilidade, mas o que ofereço aqui é uma análise justa e sincera deste grande clássico. Por isso, já mude para o plano material e me acompanhe nesta épica análise deste grande clássico.
Kain foi deificado, os clãs contam lendas sobre ele…
…Poucos sabem da verdade. Ele já foi mortal, como todos nós, mas esse incrível jogo permanece imortal na mente de muitos jogadores. O primeiro Soul Reaver continua a história de Legacy of Kain, um jogo ainda mais antigo com uma complexa e madura história. Soul Reaver é uma sequência direta desse jogo, porém na pele de um novo protagonista, um vampiro que, após ser traído e morto, é revivido por um deus ancião com um novo tipo de sede: ao invés de sangue, agora consome almas.
Recomendação de Compra
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom
Lançamento: 26/Set/2024
Mesmo com toda a complexidade da narrativa em Legacy of Kain, Amy Hennig (escritora de Uncharted) fez um ótimo trabalho tanto na história quanto nos diálogos para conseguir fazer de Soul Reaver um jogo próprio, sem precisar um vínculo direto com o game antecessor, apesar de que conhecer o jogo progenitor ajuda em muito a compreensão geral do universo de Soul Reaver.
Quando lançado, Soul Reaver inovou com seu mundo semiaberto cheio de segredos. O grande atrativo era poder mudar entre dois planos (o espiritual e o físico), envolvendo quebra-cabeças que faziam o jogador ter que alternar entre os dois planos para poder avançar.
Porém, grande parte do conteúdo original na época foi cortado, devido a pressa em atender o prazo limite para o lançamento do jogo, assim justificando o grande investimento, que também contava com grandes atores de voz.
A sequência, Soul Reaver 2, também remasterizada nesta versão, traz melhores gráficos e um sistema de batalha mais orientado para ação de forma totalmente linear, deixando a magia acontecer na complexa história e nos cenários grandiosos de Nosgoth, o mundo onde se passa esse universo vampiresco.
Remaster um tanto desejado
Há anos a comunidade esperava por um jogo novo ou algum material relacionado à série, e Soul Reaver 1 & 2 remastered não decepciona.
Com uma quantidade absurda de extras feito por desenvolvedores que claramente possuem o mesmo amor que os fãs pela saga, a sessão de material bônus é recheada de artworks antigas e novas nunca vista antes, trilha sonora, trailers e sessões com a história do jogo, inclusive um mapa interativo exibindo a versão corrupta e outra pura de Nosghoth com os locais marcados no mapa com explicações de cada local.
Além disso, é possível alternar, em tempo real, entre os gráficos clássicos e a versão HD, com a bússola do segundo game introduzida no primeiro jogo para facilitar a navegação.
Mas o que rouba a cena é que, pela primeira vez, podemos acessar e até mesmo jogar o conteúdo deletado do primeiro Soul Reaver. A cidade subterrânea com a rainha amante dos vampiros (inclusive o modelo da rainha está na fase), o misterioso mundo de Turel, o irmão que não apareceu no primeiro Soul Reaver, com o jogador podendo enfrentar o próprio e até mesmo ouvir o diálogo deletado que deveria ter aparecido no jogo final, e ainda explorar o lar de Kain e os diversos Forges que dariam novos poderes elementais para a arma Soul Reaver.
Só a sessão de material bônus já é o suficiente para fazer com que velhos amantes da série joguem essa obra prima. Mas será o suficiente para jogadores atuais que estão conhecendo este título agora?
Soul Reaver 1
Soul Reaver recebeu muitas melhorias. Estamos falando de jogar esse clássico a 60 fps com conteúdo restaurado, como por exemplo o ciclo de dia e noite, não presente na versão original. Também foi adicionado um mapa interativo, exibindo os locais existentes (e se você já os visitou) e mostrando a quantidade de powerups e quantos você já encontrou no jogo.
O mapa interativo por si só incrementa muito a jogabilidade, deixando o jogador informado se encontrou tudo no jogo (com 10 horas já é o suficiente para fazer 100%). Muito dos poderes adicionais são opcionais, o que deixa a exploração ainda mais divertida, apesar da pouco utilidade de muitas dessas habilidades em batalha.
Mas nem tudo são flores. O novo ciclo de dia e noite, por exemplo, quando anoitece no jogo, algumas partes do cenário não possuem nenhum foco de luz. Senti dificuldade para navegar nas partes externas durante esse período, como na entrada da Catedral Silenciosa e em Necropolis, por exemplo. Dentro da cidade murada da Catedral Silenciosa foi um desafio fazer grande parte de plataforma devido a pouca visibilidade. A infelicidade maior é não ter opção de brilho nas opções de jogo.
Além disso, a taxa de quadros mais rápida e estável faz com que as plataformas mais estreitas se tornem mais difíceis do que elas já eram antigamente, devido ao deslize no analógico ao pisar nas plataformas finas. Chegar em Rahab (na Abadia Submersa) e o caminho para chegar atá o Stone Glyph foram frustrantes com o backtracking após errar uma ou outra plataforma.
Os gráficos também tiveram uma melhora um tanto artificial. Os personagens ficaram incríveis, e eu adoro ver o cenário com texturas de alta qualidade, mas a maioria parece ter sido melhorada por upscaling com Inteligência Artificial do que realmente feita a mão. Alguns, inclusive, faltam um certo cuidado, como na Catedral Silenciosa, por exemplo. Nele, há blocos em que, na versão antiga, existe um pedaço do pé das figuras no canto do bloco para indicar o encaixe, que na versão HD simplesmente é inexistente.
Também encontrei alguns bugs, como um powerup adquirido que não registrou no novo mapa interativo, mas isso não remove a nova vida que o jogo ganhou. Alternar entre o gráfico clássico e o novo, e poder ver as texturas com detalhes é realmente um diferencial incrível.
Soul Reaver 2
Pouco foi feito na sequência do clássico que não se restrinja aos gráficos. Isso porque o jogo é muito linear.
Apesar do gráfico ter ganhado texturas em HD (também parecem melhoradas com upscaling por IA), o Playstation 2 já tinha gráficos superiores. Os corredores do Light Forge mesmo, ao mudar entre as duas texturas, pouca diferença é notada, até mesmo porque Soul Reaver 2 possui muitos longos corredores com espaços vazios.
Os personagens, assim como no primeiro, receberam uma atenção especial. Ver os detalhes na capa de Voreador ou os detalhes no próprio Kain são de encher os olhos. No entanto, a taxa de quadro a 60fps parece deixar ainda mais desengonçado o sistema de batalha que já era um tanto limitado na época.
Antigos X Novos Jogadores
Eu sempre recomendo a série, especialmente os três primeiros games (são cinco no total). A história épica, a atmosfera, os segredos e a maravilhosa exploração conseguem ultrapassar as limitações e barreiras que todos os jogos da saga possuem.
Mas com a quantidade de idas e voltas que o jogador precisa fazer, quebra-cabeças que requerem caminhar por longos corredores e plataformas brutais com certeza não são um incentivo para quem pretende conhecer a série. Mas eu insisto: experimente, vale cada segundo!
Para os veteranos da série, tem muita coisa boa para ser explorada aqui, tanto nos jogos quanto no conteúdo bônus, no entanto, os momentos frustrantes estão todos presentes, especialmente no que tange as plataformas e no backtracking necessário ao errar um pulo (sim, maldito Rahab!).
Já Soul Reaver 2 mantém praticamente o mesmo jogo, com gráficos mais robustos e fps estável e fluído, sem muitos aprimoramentos.
Veredicto
Eu amei a volta deste grande clássico, mas não consigo deixar de pensar que poderiam ter feito mais. Gostaria de ver não somente as texturas em HD, mas estruturas 3D e sistemas de luz mais belas e dinâmicas, ao invés do mesmo cenário de poucos polígonos.
Também seria interessante se tivessem lançado duas versões ao começar um novo jogo em Soul Reaver 1, a original (canônica à história), e outra com o conteúdo deletado adicionado ao jogo. Ao invés disso, jogamos o conteúdo deletado em uma parte separada do menu de bônus.
Porém, a grande dor mesmo é não termos a nossa querida versão dublada inserida no jogo. Minha opinião final? Se você gosta da série ou gosta de jogos antigos, essa é a melhor surpresa do ano. Se você desconhece a série, talvez não entenda todo o alvoroço quanto ao lançamento desse remaster, mas acredite, vale cada centavo, mesmo com todos os seus contratempos.
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