Vamos brincar no bosque, enquanto seu lobo não vem? Bem, neste conto de terror fantasmagórico, Little Goody Two Shoes, não tem Lobo Mau, mas tem muita coisa diferente que dá medo. Bora pra review?
[bs-heading title=”Sobre Little Goody Two Shoes” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Desenvolvido pela Astral Shift, Little Goody Two Shoes é uma prequel de Pocket Mirror, lançado inicialmente em 2016 e relançado em versão remasterizada para PC este ano.
Com alguns bons jogos no seu plantel, Little Goody Two Shoes é o primeiro jogo realmente comercial deles, e contaram com o apoio da Square Enix para publicar, com bastante sucesso.
[bs-heading title=”História” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Apesar de ser uma prequel, a história de Little Goody Two Shoes não se prende ao próximo jogo.
Você assume o papel de Elise, uma garota pobre que mora sozinha numa casinha largada no meio da floresta, às margens de uma cidadezinha chamada Kieferberg. Apesar de ter um plot de terra e animais, não é um jogo de fazendinha, algo que você percebe rápido.
Numa determinada noite de sábado, Elise recebe a visita inesperada de Rozenmarine, uma garota que estava dormindo no celeiro da sua casa, e a convida pra passar a noite. Ao acordar no domingo, Elise encontra a casa inteira limpa e o café da manhã feito, mas ela tem o que fazer na cidade.
Kieferberg é uma típica cidadezinha de jogo, na qual as pessoas fazem suas coisas, se intrometem nas vidas das outras e precisam ter tarefas feitas. Nessa cidade, Elise sobrevive cortando lenha, colhendo maçãs e brincando com crianças, e você precisa ir dessa manhã de domingo até o Festival no sábado seguinte.
Parece uma tarefa fácil, mas não é. Não quando a possibilidade de uma bruxa assombra a cidade, com animais desaparecidos, invasão de corvos, poço seco, e mais, e algumas pessoas apontam o dedo para Elise, especialmente quando Rozenmarine aparece.
Rozenmarine, inclusive, se torna uma das três possíveis garotas que Elise escolherá como amor da sua vida. Entre ela, Leb e Freiya, você tem variedades de personalidade, humor e características suficientes para querer conhecer cada uma delas antes de tomar uma decisão.
Infelizmente, porém, você não terá tempo pra isso, pois já no domingo, terá que começar seu caminho romântico com uma delas e segui-lo. Isso porque Elise encontra um par de sapatos lindos no quintal da casa dela, e começa a usá-los para lá e para cá, toda serelepe e pirilâmpica.
Mas com grandes sapatos, vêm grandes problemas, e um demônio que habita a floresta conhecido simplesmente como “Ele” (infelizmente, não é o das Meninas Superpoderosas) oferece tudo o que há de desejo no coração de Elise se ela fizer a entrega de três itens especiais: um deles, uma pessoa querida.
No decorrer dos dias, você passa os períodos, comendo para não morrer de fome, até chegar à Witching Hour. Na Witching Hour, que é a madrugada em que Elise deveria dormir, todo tipo de loucura psicodélica acontece, e você precisa correr pela sua vida para conseguir chegar ao próximo dia.
Conforme os dias avançam, a história fica cada vez mais profunda e, sem spoilers, chegará o momento em que você vai ter que tomar uma decisão bem difícil por Elise, então, boa sorte.
Aliás, o jogo é todo movido por decisões, desde pequenas como trabalhar ou ir a um date, até responder a perguntas e interagir com quem mora na cidade para tentar diminuir o nível de suspeita de que você é a bruxa (ou errar e ver seu nível subindo), e até mesmo os 10 finais disponíveis são uma prova disso. Em vez de ter apenas o “final verdadeiro” que é o que liga ao próximo jogo, aqui você é livre para explorar todas as possibilidades. Só recomendo fortemente que você SALVE O JOGO constantemente, e em slots diferentes. Tem um monte, não precisa economizar. Especialmente, recomendo um save na tarde de quarta-feira, porque tem um evento na noite que, se você perder ou responder às perguntas erradas, você elimina a possibilidade de encontrar quase todos os finais (experiência própria, cê não quer chegar no final do jogo e descobrir que seu save mais próximo é de terça à noite).
A história do jogo vai ficando cada vez mais complexa a cada dia, e você começa a sentir o peso não só das decisões anteriores como também começa a temer as decisões que você terá que tomar no futuro. As personagens da cidade são todas de personalidades bem distintas e, embora algumas sejam clichês, todas têm seu charme e seu lugar para movimentar a história, seja te acusando de ser a bruxa, seja tendo seus cavalos roubados, seja sendo sequestrado (e você tendo que ir buscar), seja querendo namorar, casar e ir pra cidade grande com você.
Sábado à noite, durante o Festival, as decisões mais importantes serão tomadas (de novo, salve frequente e variadamente). Boa sorte e boa aventura.
[bs-heading title=”Jogabilidade” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Eu não li a sinopse do jogo, só vi o trailer e, por alguma razão, achei que era “Fazendinha com terror”. Como fazendeira oficial do Universo Nintendo, fui conferir e, apesar de a fazendinha no jogo não ser sua, não me arrependi.
Já deixo de cara, não, você não vai plantar nada, exceto intrigas, não vai colher nada, exceto tretas, não precisa cuidar de bichinho nenhum, exceto o bode que Rozenmarine trouxe com ela, e ainda assim, é mais modo de falar, já que você não tem que fazer nada, na prática.
A jogabilidade é extremamente simples, mas ao mesmo tempo, é o que dita o ritmo do jogo, e faz a história seguir. O dia é dividido em períodos de tempo, e a cada período de tempo, você pode optar por atividades diferentes disponíveis. Algumas não avançam o relógio, outras sim. As que não avançam o relógio geralmente são as atividades que avançam a história dentro da cidade, enquanto as que avançam costumam ser as de trabalho, que te dão dinheiro pra comprar comida e não passar fome, e as de romance, que avançam, se você responder às perguntas da forma correta, seus corações com seus interesses amorosos.
A cada trabalho que você faz, entra num minigame bem bacaninha, bem retrô, no qual você precisa jogar e tirar pelo menos nota C para passar. Você recebe dinheiro de acordo com o quão bem for no joguinho, e usa esse dinheiro pra comprar comida pra recuperar seu nível de fome e também os itens e alimentos que recuperam vida e sua taxa de sanidade.
A partir de um certo ponto do jogo, você pode optar por levar Rozenmarine para trabalhar com você. Isso custa dois pães a mais, mas evita que ela faça atividades suspeitas pela cidade. Para cada período que passar sem ela estar contigo (isso inclui seus dates com outras pessoas), você terá uma pergunta a responder das pessoas da cidade sobre o que ela falou. Se responder do jeito certo, nada acontece. Senão, sobe um chapeuzinho de suspeita para cada resposta errada. Ao atingir o máximo… bem, é uma cidade medieval perseguindo uma bruxa, você pode imaginar o que acontece.
Você precisa monitorar todos esses níveis: comida, saúde, sanidade e suspeitas, porque todos podem te fazer ver a tela de Game Over (e você já vai vê-la bastante nas Witching Hours). Cada período do dia que passa leva um pãozinho e te aumenta a fome, então, você sempre precisa ter comida no estômago (sério, mantenha sempre ao menos 4 pãezinhos). Se morrer, volta pro save mais recente (ou o que você escolher).
As atividades na cidade acontecem em todos os períodos, exceto a Witching Hour. Nela, você precisa encarar horrores além da sua compreensão, e da de Elise, e sobreviver para contar história. Aqui, a jogabilidade se torna uma alternância entre puzzle e ação. Você precisa resolver enigmas ao mesmo tempo em que corre de seres fantasmagóricos que querem sua alma, sejam velas assassinas, um bode gigante amarrado numa camisa de força ou estátuas que querem te afogar no lago.
O jogo tem alguns hard locks, momentos que, se você deixar passar, vão te travar de ações e finais posteriores, então, como recomendado na parte de história, salve frequentemente e em slots diferentes. Temos muitos disponibilizados para isso, aproveite.
[bs-heading title=”Parte Técnica” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Aplausos, aplausos e mais aplausos. Little Goodie Two Shoes é o auge do que alguém com um RPG Maker na mão pode fazer (embora não tenha sido feito nele xD) e perfeito tecnicamente, para o Switch. A escolha dos gráficos no estilo 8 bits chibi foi fantástica, e a alternância para gráficos diferentes, mais aterrorizantes, contrasta com os gráficos fofos de anime dos anos 90 da abertura e dos momentos em que você está com seus amores.
O contraste artístico desse jogo é brilhante, perfeitamente adequado para cada momento.
A performance é impecável, roda sem nenhum engasgo, nenhuma queda de framerate, mesmo quando tem mais coisa na tela, e a música do jogo, embora meio genérica, dá o clima de cidade medieval de terror.
As falas dubladas são poucas, mas as vozes das personagens são distintas o suficiente para adicionar personalidade a elas. Eu só sinceramente não entendi por que o jogo não tem opção de vozes em alemão, já que os cenários de fundo, e os dias da semana, se eu entendi direito, são em alemão. As opções de idiomas são áudio em japonês ou inglês, e não há opções de idiomas escritos, o jogo é todo em inglês apenas.
[bs-heading title=”Conclusão” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Little Goodie Two Shoes é um jogo diferente de tudo o que já joguei. Sua carinha inocente esconde um terror fantástico que deixaria Edgar Alan Poe orgulhoso. Ponha seus sapatinhos vermelhos e venha para Kieferberg você também, a viagem vale muito a pena.
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela Square Enix.
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