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Análise: Mary Skelter 2

Mary Skelter Nightmares foi originalmente lançado para PS Vita e é um ótimo DRPG com um conceito e história bastante interessantes e mecânicas inusitadas que fazem com que o título se destaque dos demais no gênero. Mary Skelter 2 chega ao Switch e inclui uma versão melhorada do primeiro jogo, sendo que esta pode ser liberada por meio de um DLC grátis ou fechando Mary Skelter 2.

A razão para esse conjunto está na história, pois ambas se complementam, sendo possível começar por qualquer um dos dois títulos. Sem entrar em spoilers, é necessário fechar ambos os jogos e um cenário extra para aproveitar o conjunto geral da história. Pessoalmente, eu recomendo jogadores iniciantes começarem pelo primeiro título, pois ele explica muito melhor as condições do mundo, os mistérios são mais interessantes e bem explicados e o desenvolvimento de várias personagens é muito melhor. O segundo jogo ignora mistérios já explicados no jogo anterior e o foco de sua história está quase que exclusivamente na relação das duas personagens principais.

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Os títulos se passam na “Cadeia”, um local vivo que aprisiona a raça humana e é populada também por Marchens, criaturas que aprisionam, torturam e matam seres humanos. Pessoas normais não tem a força necessária para enfrentarem os Marchens, sendo que as únicas capazes de enfrentá-los são as Blood Maidens, mulheres que possuem poderes especiais devido ao seu sangue. No entanto, repetidas batalhas contra os Marchens fazem com que as Blood Maidens se corrompam e entrem em Blood Skelter, um estado onde elas perdem controle sobre si e seus poderes e atacam qualquer um indiscriminadamente. A única solução para Blood Skelter é matar a Blood Maiden, portanto, o combate para Blood Maidens também é algo bastante restrito.

Ambos os jogos começam com Jack e Alice sendo resgatados de sua prisão, sendo que Alice é uma Blood Maiden e Jack tem um sangue especial capaz de neutralizar Blood Skelter. Uma vez que a ameaça de Blood Skelter é diminuída, o grupo de Blood Maidens resolve explorar a Cadeia em busca de uma forma de escapar da mesma. Ambos os jogos têm esse mesmo pretexto, mas os acontecimentos e a forma com que exploram o mesmo é completamente diferente.

O primeiro Mary Skelter se destaca com uma narrativa simples que gradativamente explica as características e mistérios por trás das Blood Maidens, da Cadeia e muito mais. A construção da história aproveita da curiosidade do jogador e do bizarro local em que se encontram para entregar uma narrativa interessante e que propulsiona o jogador a completar o título. O segundo Mary Skelter foca na relação das personagens Otsuu e Pequena Sereia principalmente, deixando os mistérios e narrativa largamente ignorados, pois já foram explorados no primeiro título. Em suma, história não é um dos pontos fortes do segundo título.

A Cadeia é dividida em diferentes áreas, sendo que a grande maioria é compartilhada entre ambos os jogos e os mapas individuais são únicos para cada título. Cada Blood Maiden tem uma habilidade especial para ser utilizada no mapa que pode abrir portas, pular abismos e muito mais. As habilidades são subutilizadas no primeiro jogo, sendo que a exploração pode ser completada utilizando poucas habilidades. A sequência abusa na necessidade do uso dessas habilidades especiais, sendo que alguns mapas se tornam de difícil navegação justamente por causa dessa insistência. Em sua grande parte, os mapas de ambos os jogos são muito bons e divertidos de serem explorados, no entanto, o segundo jogo têm alguns mapas mais difíceis de serem navegados e quebram um pouco o ritmo da exploração. Isso seria um ponto puramente ruim em um DRPG comum, no entanto, em ambos os Mary Skelter o jogador é perseguido por um Nightmare.

Em muitos RPGs, o chefe de uma fase aguarda pacientemente o jogador chegar até ele para enfim batalharem. Não é o caso aqui. O chefe, além de ser invencível, procura o jogador pelos calabouços e, caso o encontre, irá persegui-lo até matá-lo. Caso entre em combate contra o chefe invencível, sua única opção é danificá-lo o suficiente para deixá-lo atordoado e assim correr para longe da área de influência do Nightmare. A área de influência impede que o mapa seja mostrado e escurece consideravelmente o ambiente, fazendo com que seja mais fácil o jogador se perder e acabe num beco sem saída. Conceitualmente, é uma mecânica interessante, porém no primeiro jogo é bastante fácil escapar dos Nightmares sem grandes problemas. No segundo jogo, no entanto, os Nightmares são mais rápidos e o design irregular dos mapas faz com que os Nightmares sejam muito mais perigosos. Os Nightmares podem ser derrotados após um núcleo em cada localidade ser quebrado, mas esses núcleos sempre estão nos níveis mais profundos de um calabouço, sendo que até encontrá-lo o jogador deve estar atento e evitar os Nightmares.

O combate é por turnos, sendo que as Blood Maidens têm suas características comuns no gênero como jobs com habilidades únicas, passivas, ataques físicos e mágicos, ataques em área. etc. O maior diferencial de Mary Skelter para os demais do gênero está nas mecânicas de Jack, única pessoa capaz de neutralizar Blood Skelter. Conforme as Blood Maidens vão lutando, elas se banham no sangue de Marchens e acabam por ativar o modo Massacre ou Blood Skelter dependendo do seu nível de corrupção. O modo Massacre é uma forma temporária e mais poderosa de uma Blood Maiden, sendo bastante úteis contra inimigos fortes. Blood Skelter é uma forma ainda mais poderosa, porém esta atacará indiscriminadamente inimigos e aliados.

No primeiro jogo, Jack pode usar seu sangue para limpar a corrupção de uma Blood Maiden impedindo que ela entre em Blood Skelter, recuperá-la de Blood Skelter, proteger uma das integrantes da equipe, entre outras ações. Porém, o uso dessas habilidades consome sangue e pode deixar Jack atordoado e fora de combate por alguns turnos. Cabe ao jogador administrar bem o uso do sangue de Jack e de sua defesa, pois um turno para uma personagem forte em Blood Skelter pode eliminar a equipe inteira. No segundo jogo, Jack é um Nightmare. Essa descrição já deveria ser suficiente para expressar o quão fácil é o jogo destruir seus planos de combate e colocar o jogador em uma situação bastante problemática. Ao usar o sangue de Jack, seu estado mental deteriora e, uma vez que entra num estado crítico, Jack começa a fazer aquilo que Nightmares fazem de melhor: Matar tudo e a todos ao seu redor.

Em relação ao combate, Mary Skelter 2 é superior ao primeiro, pois permite uma combinação muito maior de como ajustar as habilidades de cada personagem, os equipamentos têm uma variedade maior, as estratégias em combate precisam de um planejamento melhor e o jogo possui um nível de dificuldade melhor ajustado. O primeiro título tem alguns cenários de combate inusitados, mas usualmente os conflitos são extremamente rápidos com o jogador destruindo os inimigos rapidamente ou sendo aniquilado sem dó. Ambos os jogos têm opções de acelerar o combate, o que ajuda muito quando se luta contra inimigos fracos. Estranhamente Mary Skelter 2 não possui alguns sistemas da interface com o usuário que tornam a experiência mais agradável na hora de ajustar as equipes ou evoluí-las, sendo que estas estavam presentes no original.

Jogo analisado com código fornecido pela Idea Factory.

80%
Ótimo

Mary Skelter 2 traz uma experiência que se complementa ao original em muitos pontos, seja na história ou na jogabilidade. Individualmente, são ótimos jogos com algumas falhas, mas o pacote como um todo resulta em um DRPG bastante único e que vale a pena ser conferido, especialmente para fãs do gênero.

  • Design
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