Visual novels, um gênero injustiçado dos jogos onde a história é mandatória e a narrativa precisa ser eficiente o suficiente para que o jogador que interage se mantenha preso e convidado ao “quero mais” com o passar do tempo. São histórias interativas que precisam do apelo visual e de um aprofundamento nos personagens de tal maneira que sem capricho, podem ser facilmente deixadas de lado com poucas horas de experiência.
Não com The House in Fata Morgana: Dreams of the Revenants porém.
The House in Fata Morgana é uma visual novel lançada originalmente em 2012 que ganhou essa edição especial denominada Dreams of the Revenants pelas mãos da Limited Run Games em abril desse ano. O conto gótico de suspense se passa em uma mansão amaldiçoada que abrange quase um milênio de tragédia, natureza humana e insanidade. Essa versão do Nintendo Switch traz a história principal, uma prequel das origens e presságio da maldição de Fata Morgana, além de uma sequência que mostra os personagens atuais como reencarnações das figuras passadas.
Recomendação de Compra
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Lançamento: 17/Out/2024
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Eu não sou uma pessoa ávida das visual novels, mas essa daqui me pegou desprevenido e me forçou a reconsiderar o gênero como um todo. O trabalho artístico aqui é exalado do começo ao fim, desde a hora que o jogador é convidado a visitar o passado para entender o que se passa e o que foi a causa de toda a maldição envolvendo Fata Morgana, até os dias atuais com a sequência exibindo os novos reencarnados.
Você — no papel do protagonista — desperta na mansão, sem saber absolutamente nada sobre si ou sobre os arredores. Sua única guia é uma mulher misteriosa com vestes de empregada doméstica que o chama de “Mestre”. Ela se oferece para mostrar o passado como o objetivo de fazer você se lembrar de quem é — e foi —, de sua relação com a mulher enigmática e da casa em ruínas que ela ainda serve. É o princípio de uma história cativante.
Conforme a empregada vai percorrendo as diversas histórias, você parte em diferentes viagens pela história da mansão — em diferentes períodos de tempo, com pessoas diferentes e locais alternativos, podendo percorrer os vários ambientes da casa ao longo do tempo. As histórias são individuais, possuem suas próprias características, todas belas e trágicas da mesma maneira, mas com pouco para conectá-las além do ambiente compartilhado da mansão.
Ainda que a prévia do jogo dê esse parecer, nem toda essa história contada em The House in Fata Morgana é sombria. Ela realmente parece ser estruturada para trazer ansiedade, mas a maior parte do conto é explorado intercalando momentos brilhantes com a alegria e a estranheza do amadurecimento. Até mesmo os comentários da jovem empregada enquanto ela conta a história são interessantes e suas perguntas dirigidas ao personagem sob controle do jogador são cativantes — tudo para que o jogador não se sinta “por fora” dos acontecimentos que o envolve.
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Toda a parte gráfica desse jogo é encantadora, ela traz traços interessantes que mesclam culturas de diferentes partes do mundo em diferentes eras como Idade Média, era vitoriana, etc. A arte empregada no jogo e as ilustrações são extremamente bem trabalhadas, cuidadosas e na medida para que o jogador consiga entender o que a história conta, conecta e transmite por meio das emoções provocadas.
A trilha sonora não fica nem um pouco atrás, efeitos são muito bem empregados e acoplados à narrativa para que você consiga imaginar cada detalhe do que está acontecendo na sua mente — mesmo com as ilustrações estáticas e os textos na tela — a imersão é garantida e na medida certa, sem nenhum exagero, contando ainda com faixas vocais especialmente escolhidas para se adaptar às cenas.
A história do jogo é dirigida com maestria, o roteiro foi elegantemente escrito para provocar a imaginação do jogador. Ainda que não esteja em português, é notável que todas as frases foram pensadas palavra por palavra, de maneira extremamente cuidadosa.
Jogo concedido para análise pela Limited Run Games.
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