Análise – The House in Fata Morgana: Dreams of the Revenants
A melhor visual novel na história do Switch.
Visual novels, um gênero injustiçado dos jogos onde a história é mandatória e a narrativa precisa ser eficiente o suficiente para que o jogador que interage se mantenha preso e convidado ao “quero mais” com o passar do tempo. São histórias interativas que precisam do apelo visual e de um aprofundamento nos personagens de tal maneira que sem capricho, podem ser facilmente deixadas de lado com poucas horas de experiência.
Não com The House in Fata Morgana: Dreams of the Revenants porém.
The House in Fata Morgana é uma visual novel lançada originalmente em 2012 que ganhou essa edição especial denominada Dreams of the Revenants pelas mãos da Limited Run Games em abril desse ano. O conto gótico de suspense se passa em uma mansão amaldiçoada que abrange quase um milênio de tragédia, natureza humana e insanidade. Essa versão do Nintendo Switch traz a história principal, uma prequel das origens e presságio da maldição de Fata Morgana, além de uma sequência que mostra os personagens atuais como reencarnações das figuras passadas.
Em resumo? Arte
Eu não sou uma pessoa ávida das visual novels, mas essa daqui me pegou desprevenido e me forçou a reconsiderar o gênero como um todo. O trabalho artístico aqui é exalado do começo ao fim, desde a hora que o jogador é convidado a visitar o passado para entender o que se passa e o que foi a causa de toda a maldição envolvendo Fata Morgana, até os dias atuais com a sequência exibindo os novos reencarnados.
Você — no papel do protagonista — desperta na mansão, sem saber absolutamente nada sobre si ou sobre os arredores. Sua única guia é uma mulher misteriosa com vestes de empregada doméstica que o chama de “Mestre”. Ela se oferece para mostrar o passado como o objetivo de fazer você se lembrar de quem é — e foi —, de sua relação com a mulher enigmática e da casa em ruínas que ela ainda serve. É o princípio de uma história cativante.
Conforme a empregada vai percorrendo as diversas histórias, você parte em diferentes viagens pela história da mansão — em diferentes períodos de tempo, com pessoas diferentes e locais alternativos, podendo percorrer os vários ambientes da casa ao longo do tempo. As histórias são individuais, possuem suas próprias características, todas belas e trágicas da mesma maneira, mas com pouco para conectá-las além do ambiente compartilhado da mansão.
Ainda que a prévia do jogo dê esse parecer, nem toda essa história contada em The House in Fata Morgana é sombria. Ela realmente parece ser estruturada para trazer ansiedade, mas a maior parte do conto é explorado intercalando momentos brilhantes com a alegria e a estranheza do amadurecimento. Até mesmo os comentários da jovem empregada enquanto ela conta a história são interessantes e suas perguntas dirigidas ao personagem sob controle do jogador são cativantes — tudo para que o jogador não se sinta “por fora” dos acontecimentos que o envolve.
Ilustração, Trilha Sonora e Direção
Toda a parte gráfica desse jogo é encantadora, ela traz traços interessantes que mesclam culturas de diferentes partes do mundo em diferentes eras como Idade Média, era vitoriana, etc. A arte empregada no jogo e as ilustrações são extremamente bem trabalhadas, cuidadosas e na medida para que o jogador consiga entender o que a história conta, conecta e transmite por meio das emoções provocadas.
A trilha sonora não fica nem um pouco atrás, efeitos são muito bem empregados e acoplados à narrativa para que você consiga imaginar cada detalhe do que está acontecendo na sua mente — mesmo com as ilustrações estáticas e os textos na tela — a imersão é garantida e na medida certa, sem nenhum exagero, contando ainda com faixas vocais especialmente escolhidas para se adaptar às cenas.
A história do jogo é dirigida com maestria, o roteiro foi elegantemente escrito para provocar a imaginação do jogador. Ainda que não esteja em português, é notável que todas as frases foram pensadas palavra por palavra, de maneira extremamente cuidadosa.
Jogo concedido para análise pela Limited Run Games.