Desde que Resident Evil foi lançado, um número incomensurável de empresas tentaram reproduzir o sucesso da franquia da Turma da Alice (tô brincando, não briguem comigo), algumas com mais, outras com menos sucesso. Tormented Souls é um jogo indie latino-americano que mergulha de cabeça na inspiração tirada de RE e Silent Hill, e traz uma atraente experiência em um terror de sobrevivência para nosso console favorito.
[bs-heading title=”Sobre Tormented Souls” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Anunciado em 2020 como um jogo de terror inspirado em Resident Evil e Silent Hill, Tormented Souls é o sonho de dois irmãos gêmeos chilenos, Gabriel e German Araneda Quijada, que sentiam que faltava nos jogos de terror de sobrevivência atuais muito do que fez o gênero ser o que ele é, e decidiram criar algo que lembrasse a Era de Ouro do terror nos videogames. Desenvolvido pela Dual Effect and Abstract Digital, e lançado pela PQube em 2021 no PC e nos outros consoles da geração, o jogo foi lançado em abril deste ano para o Nintendo Switch.
Recomendação de Compra
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Lançamento: 17/Out/2024
[bs-heading title=”História” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
A história de Tormented Souls é mais uma daquelas histórias estranhas de jogos de terror. Você, no papel de Caroline Walker acorda nua (sim, seios aparecem nos primeiros 2 minutos do jogo) numa banheira cheia de gelo sem um olho, num hospital que você foi visitar depois de receber uma carta que te deu dor de cabeça, e precisa dar um jeito de sair.
Logo ao sair, um aviso para não ficar no escuro, e esse é um alerta importante: O escuro te mata neste jogo. Não, literalmente, se você ficar no escuro, em qualquer região de sombra, a tela começa a ter uma névoa, e você simplesmente morre, sem outro aviso.
Explorando os corredores, um corpo aparentemente humano, mas com unhas gigantes começa a te perseguir numa cadeira de rodas, e ao escapar dele, você encontra um padre que tá uma arma com a qual se defender: uma pistola de pregos.
Sua missão nesse jogo é, primeiro, sobreviver enquanto resolve os puzzles e descobre o caminho pra saída, enfrentando monstros bizarros e tentando descobrir o que rolou nesse hospital bizarro que parece uma mistura de castelo do Dr. Frankenstein com um circo de aberrações, e por que você tá sem um olho.
Uma das coisas boas da história desse jogo é que ela não se leva muito a sério. O plot twist pode ser imaginado algum tempo antes, e você não precisa ficar pensando muito em tudo o que pode ou vai acontecer. É um jogo cuja intenção é criar uma atmosfera tensa o tempo todo, não que tem interesse em contar uma história muito complexa, embora a história tenha uma surpreendente profundidade.
[bs-heading title=”Jogabilidade” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Aqui é onde o jogo mais brilha, porque é justamente o fato de buscar imitar a jogabilidade dos Resident Evil clássicos que Tormented Souls faz algumas escolhas que são essenciais para o clima e o ambiente no geral. Para começar, a câmera é fixa. Isso significa que você só vai ver de cada sala o que o jogo quer que você veja. Inimigos podem ser ouvidos, mas no geral, eles estarão ocultos quando você entrar numa sala nova, e é extremamente fácil de se encontrar contra a parede e sem ter para onde fugir porque você entrou no canto errado da sala. A câmera também dificulta a mira, então, é importante demais observar direitinho suas rotas de fuga ao entrar em qualquer lugar.
Além disso, a arma principal do jogo é um revólver de pregos, que não causa tanto dano assim, o que significa que você precisa atirar uma certa quantidade de pregos até conseguir derrotar os inimigos, mesmo os mais fáceis. Só que a quantidade de pregos é limitada, pelo menos na primeira metade do jogo, o que, a exemplo dos jogos nos quais Tormented Souls se inspira, faz com que a munição seja um recurso precioso. Caso sua munição acabe, você vai ter que se virar com um pé de cabra.
Outro recurso precioso que agradará aos jogadores clássicos são as fitas para salvar o jogo. Elas são limitadas e, para salvar, você precisa encontrar as salas específicas que têm um gravador. Isso significa que você terá que tomar decisões difíceis, como salvar ou tentar resolver mais alguns puzzles, correndo o risco de morrer (ou o jogo fechar na sua cara) e você perder várias horas. Isso aumenta o nível de tensão, porque morrer depois de duas horas explorando passagens secretas e revivendo cadáveres e bonequinhas, só pra morrer e perder todo o progresso não é nada legal (been there, done that).
Uma coisa bacana é que você só pode equipar um item por vez. Isso significa que em algumas lutas, por exemplo, você vai ter que escolher entre fugir com o isqueiro aceso ou ficar em alguns poucos cantos claros (até você conseguir acender todas as velas do local, se ele as tiver), tentando matar o bicho que vier pra cima de ti.
Os puzzles de Tormented Souls são sensacionais, vários deles que vão exigir todo o seu processamento mental e idas e vindas pra conseguir abrir certas localizações e avançar, então, se você não gosta de fazer backtracking, isso pode incomodar um pouco. É muito legal olhar para seu inventário e tentar entender qual ou quais itens precisa usar, e em qual ordem, para seguir em frente.
Para quem está acostumade a salvar em qualquer lugar ou a qualquer momento, ou com munição sobrando de jogos, ou com a possibilidade de olhar com a câmera para todos os lados antes de agir, o jogo pode trazer vários incômodos, já que mesmo no nível mais fácil, munição e fitas para salvar são escassas.
Eu destaquei acima a questão da primeira parte do jogo, e esse é um desequilíbrio que eu não entendi. No começo do jogo, você encontra fitas e munição muito mais espaçadamente do que da metade pro fim. Entendo que o jogo vai ficando progressivamente mais difícil, mas podiam equilibrar um pouco mais. No começo, quando você tá pegando o jeito, o jogo é muito mais punitivo e tenso do que pro final, pelo simples fato de o espaço entre os saves poder ser menor, já que você acha mais fitas pro final. Isso pode causar frustrações (uma das razões pela demora em escrever este texto foi justamente ter deixado o jogo fechado uns dez dias depois de me frustrar com um crash xD).
A vantagem de ter saído algum tempo depois das outras versões fez o jogo melhorar alguns aspectos de qualidade de vida, como por exemplo, abrir o mapa está muito mais fácil. Ainda daria para melhorarem várias coisas, mas ainda assim, só a facilidade de abrir o mapa já vale rejogar Tormented Souls.
[bs-heading title=”Parte Técnica” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Tormented Souls é um jogo lindo na maioria das plataformas. Para que ele chegasse ao Switch, foi necessário reduzir a qualidade de algumas coisas, o que muda um pouco o ar do jogo. A iluminação e algumas das partes de escuridão não são tão bem definidas como nas outras versões, o que torna a atmosfera um pouco menos sombria. Quem não jogou nenhuma das outras versões não deve se importar com isso, mas quem jogou, pode ser que sim. Apesar disso, os detalhes em cada canto deixam claro o quanto a produtora se esforçou nesse port. Inclusive, as personagens na tela parecem muito melhor integradas aos cenários, e a iluminação delas também está melhor.
Durante as cutscenes, pode haver algumas quedas de framerate, além de alguns engasgos nas animações de alguns lugares com maior número de coisas em movimento, embora isso em nenhum momento atrapalhe a resposta dos botões aos comandos. Os sons do jogo foram muito bem mixados no Switch, e a parte de áudio é maravilhosa. A trilha sonora e os sons ambientes são bem feitos e criam a atmosfera perfeita nesse sentido. Você consegue até saber qual monstro é qual só pelo som da movimentação dele.
Uma coisa chata é que de fato há alguns momentos nos quais o Switch não consegue lidar com tudo o que está acontecendo, e o jogo fecha. É raro, aconteceu apenas duas vezes durante toda a jogatina, mas ainda assim, incomoda muito perder horas de progresso não salvo para a tela preta da morte.
A tradução para o português vem na forma de menu e legendas e é acima da média. Ela é muito superior inclusive a várias traduções de jogos maiores, então, palmas para os devs pelo cuidado que tiveram com nosso idioma.
[bs-heading title=”Conclusão” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Dentre as inúmeras tentativas falhas de replicar a sensação de jogar os primeiros jogos da franquia Resident Evil, Tormented Souls se destaca por ser muito similar, até mesmo nos problemas, o que faz desse jogo uma ótima opção para fãs do gênero. Apesar de alguns problemas técnicos, é uma aventura de cerca de dez horas que te manterá de olho bem vivo, e coração pulsando rápido, até o final.
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela PQube.
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