Artigo – Syberia 3 – A sequência tardia de um clássico
Um whiskey envelhecido é bom... mas a mesma lógica funciona com um jogo?

Com o anúncio da chegada do mais recente jogo da série Syberia, The World Before, para o queridinho da Nintendo, e já tendo realizado um artigo dos dois primeiros portes do game nessa publicação aqui, me senti compelido a falar do menos conhecido Syberia 3, também presente no Switch.
Deixando vago e inexplicado o destino da nossa heroína Kate Walker nos últimos 2 games da série, Syberia 3, lançado em 2017, chega para explicar que fim levou a advogada que se tornou aventureira. Com um espaço de 13 anos entre eles (quase 14, no caso do Switch), será que o game consegue reter o charme que os dois primeiros jogos tiveram (e renderam) para a produtora Microids?
Gráficos mais poderosos com cenários em 3D
Em seu lançamento, houveram diversas polêmicas, já que o falecido criador do mundo de Syberia, o escritor de renome Benoit H. Sokal, informou que o jogo iria revolucionar o gênero adventure. Alguns artigos da época, inclusive, relataram a possibilidade de se jogar o game em mais de uma pessoa, na categoria Coop, ideia da qual nunca se concretizou no produto final.

No final o jogo não inovou, trazendo um gameplay medíocre, mas que apostou no que a série tem de melhor: história original e envolvente com gráficos exuberantes. O gráfico nos consoles da 8ª geração deram um salto enorme, trazendo personagens extremamente detalhados e cenários deslumbrantes que trazem uma atmosfera incrível para o jogo. Infelizmente, no Switch, que poderia muito bem aguentar esses gráficos, teve um porte um tanto fraco nessa questão.
É notável um esforço aqui ou ali para reter certos detalhes, como o brilho nos olhos de Kate, ou no fundo dos cenários, mas, como todo jogo que só é convertido, ao invés de adaptado, é notável as texturas baixas em certas partes do cenário. O jogo continua visualmente bonito mesmo com o downgrade gráfico, especialmente quando jogado no modo portátil na própria tela do Switch, mas longe de ter o visual pretendido como vimos nos portes para os outros consoles.
Os cenários 3D também permitiram puzzles mais interativos, que são simples, porém mais lógicos e divertidos que agilizam os acontecimentos do jogo. Agora é possível pegar ou investigar um objeto e vê-lo através do ângulo desejado, trazendo novas formas de investigar e resolver os quebra-cabeças. Os cenários também possuem mais vida, sendo maiores e mais populado com personagens, trazendo um sensação de free-roaming que enriquece ainda mais a atmosfera do jogo.

Uma conclusão sem conclusão
Uma conclusão depois de tantos anos de espera conta com uma trilha sonora épica, que poderia muito bem encaixar em jogos mais complexos e conhecidos do mercado. Afinal, estamos falando do veterano Inon Zur, o produtor de trilhas sonoras de jogos da série Fallout, Dragon Age, Prince of Persia e também do Syberia 2.
Infelizmente essa trilha sonora está incluída em mais uma conclusão que termina em hiato, e ainda mais sinistro (não falarei mais para evitar Spoilers!). Hoje pode ser algo aceito por alguns, já que este ano (2022) tivemos o lançamento da sequência de Syberia – The World Before (que será adaptado para o Switch), mas esse hiato demorou 5 anos.
Syberia 3 recebeu notas baixíssimas, e muitos pontos para a pobre avaliação são plausíveis, porém todos olham como se o jogo fosse uma espécie de renascimento da série. As reclamações sobre a história desconectada ou plot sem nexo simplesmente não fazem sentido por parte desses críticos.
O jogo é, acima de tudo, uma continuação direta de Syberia 1 e 2. Os games anteriores finalizaram o arco do personagens Hans, por isso é compreensível o uso reduzido dos Automatons (que também estão presentes no jogo). No entanto, é completamente conectado com os Yukols, que foi outro ponto chave dos jogos anteriores.

Os personagens são carismáticos, e as reclamações em torno da falta de significância da história só pode vir de alguém que não jogou os anteriores. Mas, como falado no início desse artigo, o hype que a Microids deu em relação ao jogo, o espaço de lançamento entre Syberia 3 e os jogos anteriores da série, além do atraso de 7 anos de desenvolvimento (o jogo era para ter sido lançado em 2010), é compreensível a revolta e crítica por parte dos jogadores.
Para fechar a questão da história, Syberia 3 é muito mais pesado que os outros dois games da série nesse quesito, trazendo situações pesadas e desesperadoras, além de momentos tensos de deixar o coração na mão que, apesar de também serem pesentes nos antigos, aconteciam com menos frequência.
Syberia 3 de Nintendo Switch acompanha o DLC
A versão de Nintendo Switch já vem completa, junto com o DLC O Autômato com um plano, além de vir com uma sessão de vídeo que explica a história de Syberia 1 e 2. Não sei se esse filme explicativo dos jogos anteriores havia nos outros portes (consoles/PC), no entanto foi uma reclamação constante que li em outros artigos que mencionavam que “sem ler no Wikipedia, o jogador não entende o que está acontecendo”.
Mas, como é comum em portes para o Nintendo Switch, por ser só convertido, ao invés de adaptado, todos os bugs que minavam o jogo nas outras plataformas continuam presentes aqui. Dificuldade para subir uma escada estreita, eventos que acontecem duas vezes (raramente ocorre, mas já passei por isso) e clipping no cenário, onde Kate Walker simplesmente atravessa objetos físicos (ou então bate em um objeto invisível), continuam presentes na versão do Nintendo Switch. Esses bugs não estragam a experiência do jogo, e nem quebram o game, mas não tem como evitar perceber quando ocorrem.

Mesmo assim, a história de Kate Walker (agora mais forte e madura) e dos Yukols, as questões sociais que simulam os problemas reais da vida (como preconceito, violência, xenofobia e outros tópicos), as atuações de vozes excelentes em grande parte dos personagens e uma trilha sonora de tirar o fôlego (sim, Inon Zur voltou com tudo!) Syberia 3 continua sendo um grande adventure, dessa vez mais rápido e com uma grande atmosfera, contando com quebra-cabeças mais simples que agilizam o passo do jogo.
Como todo adventure, recomendo esse game para quem gosta do gênero e principalmente para quem já jogou os dois primeiros, pois continua sendo uma sequência fiel para uma série que marcou época.

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