O cartucho de vídeo game é uma peça muito conhecida entre aqueles jogadores, já nascidos até a década de 90, beirando os anos 2000 (pensando nos jogos finais de Nintendo 64), enfeitavam as prateleiras, junto dos consoles de todo gamer dessa época. Eram, além de tudo, colecionáveis. Tinham de todas as formas, cores, tamanhos (ok, tamanhos se limitavam entre os grandes e os “menos grandes”).
Depois, nos acostumamos a ter nas prateleiras, os discos, sejam os CD´s, DVD´s e Bluray´s. Ainda que, opinião pessoal, não tenham metade do charme de um cartucho, e nem poderiam ser soprados, como as “fitas”, ritual mítico que, atestavam os gamers, faziam os cartuchos voltar a funcionar. O salvo conduto dos cartuchos foram os portáteis, agora em versões compactas, com alto desempenho e capacidade de armazenamento, além de muito bonitos e de fácil transporte.
Por fim, a mídia digital, promete, num futuro ainda incerto, substituir as mídias físicas de forma total. Quer dizer, essa é uma promessa, mas que enfrenta grandes desafios, principalmente em frente aos lojistas. Não precisa fazer uma pesquisa de mercado para saber que é mais atrativo para qualquer loja ter uma caixinha colorida, com uma arte bacana, e por vezes, ainda que cada vez mais raro, um manual, ou uma propaganda com outra arte legal. Outro ponto é que o conteúdo fica lá disponível a qualquer momento, e não subordinado à quantidade de memória de seu aparelho. Parece, que nesse sentido, é mais vantajoso, e mais agressivo oferecer essas vantagens ao consumidor, que se dispôs de ir para uma loja e comprar um jogo.
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É importante lembrar também dos efeitos econômicos e sociais. A era pós-revolução industrial trouxe alguns efeitos na vida das sociedades modernas. O barateamento da mão de obra não especializada, o desemprego estrutural causado pela adoção da maquinaria entre outras coisas. É claro que, na decorrência da criação de novas formas de trabalho, se criaram outros tantos empregos, mas sempre esses períodos são traumáticos na economia, principalmente das famílias.
Um destaque no plano econômico é o que se chama de “Destruição Criativa”, termo proposto por Joseph Shumpeter porém com raízes em outros autores. Segundo essa proposta, o sistema capitalista é formado por “ciclos” de criação e destruição, de ascensão e queda de mercadorias e formas de produção. O início do ciclo começaria, para o autor, quando um produto ou a forma de produzir fosse, de alguma forma melhor que a anterior. Essa inovação então no primeiro momento geraria lucros extraordinários para a empresa que a criou.
Contudo, com o avançar do tempo, essa inovação seria transmitida de alguma forma – seja pela procura de melhorar a sua concorrência das empresas que estão ficando para trás – e já não sendo mais uma novidade, o mercado se “estabilizaria”. Logo, o ciclo de destruição e criação retornaria quando uma nova proposta, mais vantajosa fizesse de alguma empresa a predominante, gerando lucros acima da média e uma mercadoria ou uma produção única.
Então, você pode estar se perguntando: o que isso tem haver com as mídias físicas de videogame? Tudo! Primeiro, por que a destruição criativa, embora pareça fácil na explicação, cria cicatrizes na sociedade quando as forças de produção passam a sofrer alterações, sejam elas abruptas ou não. Segundo, em mercados de mais alta tecnologia – como os videogames por exemplo – esses ciclos são cada vez mais rápidos. Há cerca de 20 anos atrás, tínhamos fitas maiores que a palma de uma mão, elas foram evoluindo para CD’s, depois DVD’s (com capacidade melhorada), até chegar aos BluRays e similares. O que será que vem depois?
Uma tendência com a extinção da mídia física pela digital, sem dúvida, mudaria a dinâmica econômica. Todos aqueles fabricantes de mídias físicas teriam que mudar de ramo produtivo, os trabalhadores seriam realocados para outras funções ou demitidos, caso suas funções não fossem necessárias nos novos processos de produção. A maquinaria também seria aposentada, ou, a depender da engenharia, reutilizada para novas funções.
Quem sofreria mais, são os que mais lutam pela permanência da mídia física, os lojistas especializados em games. Lojas de varejo que vendem ocasionalmente jogos não seriam afetadas grandemente, mas os especializados, que se dedicam quase que exclusivamente na venda de consoles e jogos sofreriam mudanças violentas.
Os jogadores não teriam motivos de ir em lojas, a não ser que, periodicamente, comprassem cartões pré-pagos, como os que a gente vê, não só em lojas especializadas, mas, corriqueiramente em supermercados. Quer dizer, a concorrência se tornaria ampla. E por isso, lojistas brigam, na tentativa de manter a venda de mídias físicas viva.
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