1989 marcou o ano em que a Nintendo deixou de ser uma companhia que vendia apenas consoles de mesa e passou a focar seus esforços também numa plataforma portátil. O resultado disso foi um absoluto sucesso e o Game Boy chegou a vender mais de 120 milhões unidades durante a próxima década. O que faria, então, ela querer se distanciar de uma marca tão forte?
Sim, o Game & Watch já existia antes disso, mas a incapacidade de trocar de jogo tornava os aparelhos igualmente incapazes de vender múltiplos jogos para a mesma pessoa, tornando seu potencial como plataforma bastante limitado. O Game Boy foi concebido para servir como um modelo de negócios mais duradouro e rentável, onde fosse possível manter a margem de lucro alta do software, semelhante à estratégia do Famicom/NES. O sucesso foi tão grande que gerou duas gerações subsequentes e seu futuro nos planos da companhia parecia certo.
Isso é, até 2004, quando a Nintendo anunciou que estava preparando um terceiro aparelho para popular sua oferta. O DS viria, segundo a empresa, para viver naturalmente ao lado do Gamecube e do Game Boy Advance, para funcionar como um “terceiro pilar” e oferecer jogos menos tradicionais que seu irmão portátil. Isso foi bem verdade de início, com a Nintendo lançando grandes jogos para o GBA em 2004 e 2005, mas em 2006 tudo mudou.
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O DS se tornou popular o suficiente e a expectativa de crescimento era enorme. Mesmo com a tentativa de manter a marca Game Boy viva com o modelo Micro, as vendas do sistema estavam anêmicas. E foi assim que, no início de 2007, a Nintendo extinguiu a marca que estava presente em sua lineup a 18 anos. Pode parecer triste, mas valeu a pena: O DS chegou a vender 154 milhões de aparelhos apenas na sua primeira geração; Se somarmos com as vendas do 3DS esse número sobe para meados de 230 milhões.
Avancemos para 2017 e a Nintendo começou a fazer algo parecido. O lançamento do Switch marca a introdução de uma nova linha de plataforma portátil para empresa e, obviamente, o 3DS, que está no mercado desde 2010, se sentiria ameaçado. Igualmente como o GBA, o sistema gozou de alguns lançamentos interessantes depois que seu irmão maior chegou ao mercado, e até mesmo de um redesign de hardware na forma do New 2DS XL. Porém, os números não mentem: Os últimos lançamentos (a maioria ports, é verdade) não estão vendendo muito bem e o sistema está tendo dificuldade de atrair a atenção de novos consumidores, enquanto que o Switch simplesmente está voando das prateleiras.
É inevitável que a Nintendo desligue os aparelhos que mantém o 3DS vivo em 2019. Mas é verdade que também estamos olhando para uma biblioteca imensa de títulos da mais alta qualidade, e nenhum deles vai magicamente deixar de funcionar depois que a empresa parar de comercializar o aparelho. Pensando nisso, decidi fazer uma retrospectiva dos jogos que pude aproveitar nesses sistemas e compartilhar com vocês o que penso deles. Hoje vou me limitar a falar dos jogos lançados em 2004 e 2005, com demais artigos compreendendo o restante no futuro.
Super Mario 64 DS
Você sabia que quando o DS foi lançado, no final de 2004, fazia apenas oito anos do lançamento do Nintendo 64? E você sabia que fazia apenas dois anos do lançamento de Super Mario Sunshine, a sequencia de Super Mario 64? Isso quer dizer que fez apenas dois anos que o jogo de lançamento do 64 deixou de ser a aventura “mais moderna” do Mario, e agora ela estava disponível para ser jogada onde bem quisesse!
No entanto, esse não é um mero port. A estória agora é diferente, onde você começa o jogo como Yoshi e tem que encontrar Mario, Luigi e Wario (que se tornam controláveis depois de resgatados) antes de salvar Peach. Cada personagem possui habilidades diferentes que são necessárias para conseguir todas as estrelas. Por falar nisso, o jogo introduz novas estrelas que foram espalhadas por novas áreas. Por fim, os visuais receberam algumas mudanças, onde objetos que antes eram meras imagens agora são totalmente modelados e os personagens foram todos refeitos para melhor representar a artwork do jogo (Bowser é o melhor exemplo!), mas as texturas tiveram sua qualidade reduzida.
A grande reclamação aqui fica para o fato do DS não possuir um direcional analógico. Agora é possível correr ao segurar um botão, como nos jogos 2D (e, ironicamente, nos 3D Land/World). Isso não impede que nenhuma estrela seja adquirida, mas realmente tira um pouco da fluidez dos controles. Além disso, há um modo multiplayer relativamente divertido e diversos minigames legais para passar o tempo.
Castlevania: Dawn of Sorrow
Eu não tenho sentimentos nostálgicos por Symphony of the Night, então posso dizer com bastante certeza: Dawn of Sorrow é bem melhor. A estória é bacana, a ação é bem executada, o jogo é bem equilibrado e o sistema de coletar almas é divertido e viciante. O vai e vem nos cenários não é entediante e as batalhas contra os chefes são um show a parte.
Porém, não é difícil ver o maior defeito do jogo: A necessidade de desenhar na tela de toque para derrotar os chefes é uma decisão que não adiciona em nada ao jogo e pode frustrar alguns jogadores. Fora isso, é um título que eu recomendo fortemente.
Tony Hawk’s American Sk8land
Gastei horas e horas da minha vida jogando THPS no Dreamcast e THPS4 no Gamecube, mas nunca me instiguei nos jogos de GBC e GBA porque as dificuldades técnicas o tornavam muito diferente da série principal. Até o DS, onde finalmente a Activision pode fazer um jogo nos mesmos moldes dos consoles de mesa.
American Sk8land tem tudo que eu sempre quis: Fases bem desenhadas, todas as manobras dos jogos maiores e várias missões para executar. O jogo roda a 60fps lisinhos e ainda possui diversos modos multiplayer (incluindo online, mas esse infelizmente não funciona mais). Um título com diversão ilimitada, recomendo para todos que são viciados em quebrar seus próprios recordes.
Sonic Rush
Sonic definitivamente não teve sorte com os jogos 3D em consoles de mesa. Não me entenda mal, não são jogos ruins de forma geral, mas infelizmente não envelheceram tão bem. Os jogos 2D para portáteis, por sua vez, são divertidos, mesmo que não sejam nada espetacular.
Sonic Rush segue essa linha. A novidade aqui é que ação se desenrola em ambas as telas, o que é uma experiência bem legal, mas que não tem o mesmo impacto hoje em dia. De forma geral as fases são grandes, cheias de caminhos alternativos e os chefes são legais. O jogo te incentiva a usar bastante o dash e executar manobras no ar para ganhar ainda mais capacidade de usar o dash, mas isso pode tornar o jogo “rápido demais” para alguns. De forma geral, é um jogo divertido, mas apenas se você achar por um preço bem em conta.
Mario Kart DS
Talvez o jogo que mais investi tempo no DS, Mario Kart DS era a grande evolução da série na época. O modo online era a maior novidade, mas o multiplayer com apenas um cartão de jogo também é excelente. É possível jogar com até oito pessoas e há diversos personagens para escolher.
Além das corridas eletrizantes e do excelente modo batalha (toma essa, Mario Kart 8!), há também missões e o time trial para desafiar seus amigos a quebrar seus recordes. De uma forma que lembra o original no SNES/SFC, Mario Kart DS exibe um mapa na tela inferior. Este também foi o último jogo da série com a mecânica de drift baseada em pressionar as laterais do direcional digital, função esta que causou polemica nas corridas online do título e teve que ser mudada para MK Wii, seu sucessor.
Não preciso dizer que recomendo Mario Kart DS a todos os donos do DS, certo? Talvez só não recomende caso você tenha um 3DS, onde nesse caso vale mais a pena investir no 7, mas este aqui não fica muito atrás.
Animal Crossing: Wild World
O primeiro jogo da série Animal Crossing no Nintendo 64 (e seu relançamento no Gamecube) foram um ótimo pontapé inicial, mas foi apenas com Wild World que a série engatou de vez em popularidade. E não é por menos, ser portátil é tudo que um jogo como esse precisava, mas ele também fez um ótimo trabalho em expandir diversos aspectos do original.
Porém, eu devo dizer que não me instiguei muito… O jogo é incrível, eu passei uns três meses jogando diariamente, mas a natureza “sem fim” e a demanda por cuidados diários me obrigaram a abandonar a vila que eu tanto me apeguei. Apenas recomendo para aqueles que tem tempo e paciência, para os quais Wild World será um prato cheio.
Esses foram os jogos de 2004 e 2005 que joguei no DS. E você, quais jogos dessa época jogou? Compartilhe conosco nos comentários abaixo e semana que vem falamos sobre os jogos de 2006 e 2007!
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