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Universo Nintendo

Texto resposta: O “fenômeno” Nintendo – Portal Voxel

Questões e falas relacionadas ao hardware do Switch

Gostaria de iniciar enfatizando uma fala, de apresentação de Igor Napol sobre Fábio Jordan, que tenta conferir a ele até um certo nível de autoridade, chamando-o, logo de cara, de “o mago dos hardwares”. Pois bem, a partir daqui, depois da autoridade conferida pelo apresentador, Fábio Jordan quase que recebeu o monopólio das falas sobre o tema, e ainda, que muitas vezes os demais ficassem um tanto constrangidos de responde-lo, efetivamente não fizeram.

“Doom… Versão Windows 95” – Fábio Jordan

Além da obviedade de que Doom 2016 nunca jamais rodaria em um computador com Windows 95, é importante contextualizar essa fala. Fábio Jordan se refere ao fato de que o game possui suas limitações técnicas no Nintendo Switch. É verdade que existem essas limitações, mas também é verdade que o game é absolutamente jogável no híbrido da Nintendo e é a única forma de se jogar o game onde e quando quiser. E na verdade, quem efetivamente jogou, quem tem o Switch e o jogo reconhece sim os problemas técnicos, mas reconhece, ainda assim, a qualidade do jogo. Basta dar uma olhada nas opiniões de público em sites como Metacritic e as próprias reviews do jogo para perceber que a experiência, ainda que menos impressionante tecnicamente que nos demais consoles, é gratificante e diverte os jogadores. A PanicButton inclusive recentemente melhorou a performance do jogo, então é um desrespeito muito grande com essa galera que rala para deixar o jogo tinindo pra gente, dizendo que é uma versão para Windows 95, ainda mais de um jogo, tantas vezes dito como “impossível no Nintendo Switch”.

“O conceito do Wii U e Nintendo Switch são iguais” – Fábio Jordan

O conceito do Wii U não era ser um portátil, o conceito do Wii U não se relacionava à flexibilidade de experiências proporcionadas pelas inúmeras formas de jogar dos joy-cons. O conceito da Nintendo para o Wii U, que por sinal, foi explicado exaustivamente durante as conferências da E3, especialmente a de 2012, é sobre a jogabilidade assimétrica. Que inclusive, foi tema de estudo em universidades de tecnologia e informática, até no Brasil. Conforme Thiago Carvalho at al. no texto – “A jogabilidade assimétrica e suas influências na experiência de jogo”:

“O Wii U trouxe dessa vez como seu principal diferencial um novo controle com tela de toque, semelhante a um tablet, denominado Wii U GamePad, que pode ser utilizado para aprimorar uma forma de jogabilidade, denominada jogabilidade assimétrica, que permite que os jogadores possam assumir papéis diferentes, mesmo que inseridos em um mesmo cenário de jogo.”

Portanto, a hibridez, um dos conceitos do Nintendo Switch não é um conceito do Wii U e sim a jogabilidade assimétrica, o que evidencia o abismo entre ambas as propostas.

“O Nintendo Switch não é inovador, ele é um tablet” e “o layout dos controles (do Wii U) é parecido só que os do Switch são destacáveis – Fábio Jordan

A começar, o Nintendo Switch ser um “tablet” não é o que o faz inovador, o que o faz inovador são os joy-cons e seu design. Não conheço no mercado um controle com tantas funções quanto os joy-cons. Ele pode assumir forma semelhante aos controles de Wii ao jogá-lo separados, vem com um acessório que o torna um controle aos moldes mais tradicionais, pode ser dividido com um colega para jogar multiplayer.

Portanto, o próprio fato dos controles serem destacáveis criam possibilidades de jogabilidade que o Wii U Gamepad não tinha, inclusive na concepção e lay-out, sendo que o analógico direito no Nintendo Switch é desnivelado para exatamente poder ser dividido com outro jogador.

Os Rumbles HD deram uma nova profundidade à vibração, sendo possível, como prova 1-2 Switch ou Super Mario Odyssey que a função pode ser utilizada para criar experiências absolutamente únicas em jogos. E por último a câmera infravermelha, que possibilita também outras tantas engenhosidades como o Nintendo LABO.

“O Nintendo Switch utiliza estrutura ARM, enquanto as demais usam X86” – Fábio Jordan

Fábio Jordan utilizou essa fala como argumento para dizer que as produtoras não iriam se “dar o trabalho” de reprogramar um jogo para Nintendo Switch devido sua estrutura ARM baseada em Linux. Pois é, quanta desinformação. Afinal, analistas de mercado, como Michael Pachter, já disseram que é muito amigável programar para o console, assim como a Ubisoft também já confirmou, dizendo que é “muito fácil”, nós questionamos a galera da Long Hat House sobre a programação e eles não reportaram problema nenhum.

Enfim, as empresas portarão os jogos, não é porque elas são boazinhas, não é por uma questão de “se dar o trabalho”, afinal o trabalho delas é fazer jogo, e sim porque dá lucro. Se a plataforma vender bem o jogo dela, ela vai fazer, simples assim. Doom, Skyrim, L.A. Noire, Wolfenstein 2, Outlast 1 e 2 e tantos outros jogos vieram porque as empresas apostaram na capacidade de vender bem seus jogos na plataforma.

Questões e falas relacionadas às vendas de consoles e jogos

“Ninguém se importa com Skyrim” – Fábio Jordan

Quem é esse ninguém? No que Fábio Jordan está se baseando, em sua experiência pessoal com jogos? Ou na comunidade gamer? É verdade sim que já tivemos inúmeras vezes o game desde seu primeiro lançamento, em 2016 teríamos as versões de PS4 e Xbox One, e em 2017, uma versão VR para, novamente, PS4, que chegaria juntamente com a versão portátil do Nintendo Switch.

Dentre todas as versões, a mais distintiva é a do Nintendo Switch, e que, inclusive, foi uma das que mais causou alvoroço ainda durante o anúncio do console. Jogar Skyrim em viagem, chegar em casa e continuar na TV, foi um dos temas mais comentados entre a comunidade, e os interessados na compra do Switão.

O único dado de vendas que eu encontrei foi o do nada confiável VGChartz, e dessa forma, nem eu, nem ele podemos afirmar qual é a dimensão desses ninguéns que compraram o jogo. No final, foi só achismo mesmo, baseado em sua percepção pessoal sobre o jogo. O jogo não importa pra ele, ainda que seus colegas da Voxel tenham dado uma nota excelente para um jogo que ninguém se importa, 9.

“O Nintendo Switch é visto como um console secundário” – Fábio Jordan

De novo, pra quem? Até porque em 2016 o segundo vídeo game mais jogado, conforme estudo, inclusive publicado pela Voxel, era que Wii U era, em horas de jogo, o segundo console mais jogado pelos seus donos, sendo o primeiro, o Xbox One. Quer dizer, será que os donos de Wii U que tinham ambos os consoles PS4 e Wii U tinham qual console como secundário? A resposta, Fábio Jordan é desconcertante…

Ainda não temos pesquisas e estudos sobre as horas jogadas no Nintendo Switch e, portanto, mais uma vez, Fábio, sinto lhe dizer que seu argumento não passa por um crivo metodológico válido, utilizando como muleta a eventual desinformação do receptor da mensagem. A realidade é que não há dados para confirmar a sua fala.

E na verdade isso não interessa, o que interessa mesmo é jogar e se divertir. Afinal, ninguém sai por aí bradando que os portáteis da Sony (antes de ser chutada pela Nintendo desse mercado) seriam secundários.

“O Nintendo Switch só tem Super Mario Odyssey como jogo seu” – Fábio Jordan

Arms, Splatoon 2, Mario + Rabbids, Xenoblade Chronicles 2 e o próprio Odyssey, isso sem contar jogos menores como 1-2 Switch, Snipperclips, que eu saiba, para o primeiro ano de um console o Nintendo Switch teve uma janela de lançamentos imensamente mais autoral do que qualquer outro. Além desses jogos que citei, o Nintendo Switch teve sim seus ports do Wii U, de jogos com altíssima qualidade e que poucos tiveram a oportunidade de jogar nessa plataforma e qual o problema? The Last of Us perdeu magicamente a qualidade e o público ao ser portado para o PS4? Journey e Flower também? Ou GTA V? E Shadow of the Colossus perdeu o ar de majestade ao ser remasterizado de novo esse ano?

Se nos basearmos em notas (o que não é válido como argumento) diríamos que o PS4 é um console de remasters e ports. Olhem no site agregador Game Rankings quais são os 10 jogos mais bem avaliados da plataforma e notem que metade deles são ports e remasters da geração anterior. O que isso significa? Absolutamente nada! Mas ilustra o que foram os primeiros contatos com o PS4 em seus anos iniciais.

Hoje o PS4 tem uma biblioteca invejável, seja de exclusivos ou multiplataformas, mas que não se construiu do nada, demorou, o Xbox One também não teve um primeiro ano tão bom quanto o Nintendo Switch.

“As pessoas adoram jogar Dark Souls numa tela grande e com som poderoso” / “Dark Souls está melhor em vendas no Switch porque não saiu pra Nintendo ainda” / “Não será a mais vendida ou sequer terá versão” – Fábio Jordan

Essas falas ocorreram após Fábio Jordan dizer que “nenhum jogo vai vender melhor no Nintendo Switch”. Pois bem, essa frase, junto com as demais, gera uma contradição lógica. Se Dark Souls está com pré-vendas melhores no Nintendo Switch, então quer dizer que qualquer jogo que não tenha saído para as plataformas Nintendo venderá melhor que nas demais, o que abre a possibilidade que outros jogos, conforme o que Fábio Jordan disse, vendam melhor no Switch.

A verdade é que isso é bastante imprevisível e, nesse momento, bastante injusto. Se um jogo vende mais no Nintendo Switch hoje, com uma base instalada ainda muito menor que PS4 e do Xbox One é que realmente está vendendo muito pouco nos demais consoles. É justo, não comparar os valores absolutos de jogos vendidos, mas em percentagem de jogos vendidos em relação à sua base instalada.

Se um jogo de Switch vende mais tendo uma base instalada menor, quer dizer que a percentagem da base, atingida por aquele game, é maior.

O Nintendo Switch é o console que mais rapidamente vendeu nos EUA, na história, e com games como Pokémon a caminho do Switch, seja nesse ou no próximo ano, não vejo como não supor que o Nintendo Switch aumente ainda mais sua participação de mercado e se torne ainda mais relevante na decisão das thirds entre lançar ou não um jogo para ele.

“Ele é um fenômeno maior que o Wii? Não” – Equipe Voxel

Ao menos nos EUA, sim. O Nintendo Wii estava em um outro momento da economia mundial. É importante lembrar que seus primeiros anos 2006 e 2007, nós ainda não teríamos a crise do setor imobiliário americano de 2008 que afetou fortemente a maior economia do planeta, junto de toda a União Européia, e que afeta esses países ainda hoje.

Essa comparação não pode deixar de levar em consideração fatores econômicos, fatores sociais e etc. Se a gente analisar puramente a venda dos consoles da atual geração e comparar com as vendas totais somadas do Wii/PS3/X360 notamos uma acentuada retração do mercado em geral.

Então, pensando em contexto histórico e econômico eu diria que sim, o Nintendo Switch é sim comparável ao Wii, talvez até maior.

“Os números de venda não significam nada” – Fábio Jordan

Na verdade, significam muito. A questão das vendas, numa sociedade capitalista, indica para os acionistas no que eles devem investir ou não. Significa tanto, que o Nintendo Wii, graficamente atrasado em sua geração, não deixava de receber versões de jogos, isso quando não era privilegiado com exclusivos.

A plataforma vender bem significa que desenvolvedoras vão sempre se perguntar se vale a pena disputar aquele mercado. O Nintendo Wii U não valia a pena não só porque não vendia bem, mas pela comprovada dificuldade de se programar nele. Coisa, que como eu já argumentei, não acontece no Nintendo Switch.

“Arms não teve muita relevância, mas vendeu bem” – Bruno Micali

Acho que o “mas vendeu bem” já responde o “não teve muita relevância”. Relevância em que? Relevância para quem? Qual o critério de relevância Micali? Vendeu bem, a comunidade online do jogo é muito ativa e é isso o que importa não é mesmo? É isso que é relevante não é mesmo? Que mais pessoas, das mais diversas idades, gostos possam jogar e se divertir, não é?

No mais, ARMS foi um dos jogos da EVO, um dos maiores encontros e e-Sports da indústria. Mas não, não é relevante.

“US$70,00 em papelão” / “Quem decide se é caro ou não são os pais e não as crianças” – Fábio Jordan / Igor Napol

Sério que vou ter que responder a isso? É meio decepcionante pensar que as pessoas conseguem só ver papelão e se esquecem do trabalho imenso de engenharia que foi aplicado para fazer que aquele papelão tivesse todas aquelas funções. Eles em vídeo admitem a genialidade do conceito, mas se esquecem do fato de você possuir um software completo no pacote.

E sobre os pais, é verdade, eles que vão decidir e não o pessoal da Voxel. Simplesmente parem de atribuir a todos os gamers a vossa mentalidade. Não são vocês que sintetizam o pensamento geral da comunidade. Por sinal, mentalidade de pessoas como Fábio Jordan, que insisto, sequer tem o console e se sentem no direito de opinar sobre algo que não experimentaram, mas, mesmo assim, acham ruim.

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