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Análise: Animal Crossing New Horizons

Desculpem a demora, eu estava perdido na minha ilha

Animal Crossing New Horizons foi lançado em março, e a gente fez um post de reações rápidas a ele. Depois disso, houve vários momentos nos quais eu comecei a escrever essa análise, mas sempre anunciavam um evento, e eu esperava correr o evento e as atualizações pra escrever. Mas como eles avisaram que vão suportar o jogo por pelo menos uns dois anos, e estamos chegando nas festas de fim de ano, bora falar do jogo que, para mim, é o melhor presente de Natal para qualquer um que tem um Nintendo Switch, criança ou não. E a opinião não é só minha, já que o jogo venceu o prêmio de Jogo Familiar do Ano, pelo site The Game Awards, além de ser um dos indicados para o prêmio de Jogo do Ano.

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Mais do que isso, posso dizer que daqui a 20 anos, talvez não lembraremos de jogarmos nenhum jogo em específico. Mas sempre nos lembraremos de que Animal Crossing New Horizons nos ajudou a atravessar a pandemia do século XXI. Lançado na semana em que a OMS declarou a COVID-19 como uma pandemia, o jogo ajudou milhões de pessoas ao redor do mundo a lidarem com o isolamento social… viajando para uma ilha deserta e começando a construir uma vida por lá.

Diferentemente das versões anteriores do jogo, nas quais nos mudávamos para uma cidade já existente, em New Horizons, não existe nada. Compramos um pacote de viagens com Tom Nook e somos levados para uma ilha deserta. Lá, com apenas uma barraca, um celular e dois vizinhos, coletamos gravetos e pedras, montamos ferramentas, coletamos madeira e começamos a construir a ilha do jeito que quisermos.

O jogo já começa diferente ao te permitir escolher sua personagem sem perguntar o gênero. As opções de cor de pele são variadas, assim como as de penteados, e conforme a gente joga, mais opções de cores de olhos e cabelos ficam disponíveis. Além disso, não precisamos mais pagar pra ninguém pra trocar as cores, nem ficar respondendo a perguntas filosóficas para chegarmos ao tom ideal de rosa que queremos na cor do cabelo. Basta ir a um espelho e mudarmos. Pobre Harriet, perdeu o emprego.

Falando da questão da não-binaridade, ninguém mais comenta nada em relação ao que a gente escolhe vestir. Não existem mais roupas masculinas ou femininas, são apenas roupas. Podemos nos vestir como quisermos .

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Antes de falarmos de outras personagens que não estão no jogo, vamos falar da jogabilidade em si. As mecânicas clássicas do jogo estão ali. Pegar insetos com a rede, pescar peixes com a vara, bater em pedras e escavar fósseis com a pá, cortar árvores com machado, árvores de frutas, plantar flores e regá-las para tentar híbridas, todas essas mecânicas ainda existem, com algumas leves mudanças. As pedras, por exemplo, são todas possíveis de serem batidas agora, e apesar de apenas uma ter dinheiro, as outras liberam materiais importantes, como pedra, argila e ouro.

Outra coisa que voltou é o sistema de conquistas do jogo, mas em vez de termos alguém nos dando medalhas, recebemos carimbos num cartão, e o que ganhamos é convertido em milhas para comprarmos coisas legais.

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As árvores agora soltam três tipos diferentes de madeira, e não precisamos cortá-las. Podemos bater nelas com um machadinha sem corte, só pra coletar a lenha sem derrubar a árvore. E é importante fazermos tudo isso, especialmente no começo do jogo, porque precisamos montar as casas dos nossos vizinhos. Pegamos o voo na Dodo Airlines, vamos a ilhas aleatórias, convidamos novos vizinhos, e assim, nossa ilha vai aumentando de população.

Aliás, uma mecânica fundamental do jogo é a montagem das coisas. As ferramentas quebram, e quando quebram, precisamos montar novas. Da mesma forma, há uma quantidade absurda de móveis e decorações que podem ser feitas a partir de todo tipo de material diferente que podemos adquirir nas nossas andanças.

Novamente, Tom Nook nos faz empréstimos para irmos aumentando nossa casa, precisamos vender coisas pra poder construir pontes e melhorar a ilha, mas o acesso às áreas é diferente agora. Temos uma escada para subir encostas e uma vara para pularmos o rio. Isso nos permite acesso a áreas diferentes, com recursos diferentes a serem coletados.

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Timmy e Tommy são os donos da loja da ilha, que vai aumentando à medida que gastamos dinheiro lá. É bom ver os meninos prosperarem.

Num determinado momento, Blathers chega à ilha, e temos pra quem entregar insetos e peixes que estávamos acumulando. E quando digo acumulando, todo mundo faz a mesma coisa, que é empilhar um monte deles até que o museu esteja aberto. Pobre Blathers, catalogando todos aqueles insetos.

Falando em museu, ele é um destaque à parte. Todos os ambientes são lindos, e depois que ele alcança seu tamanho máximo, temos a galeria de arte e também lugar para os animais marinhos, então, está bem completinho.

Para mim, a coisa mais legal desse jogo é a quantidade de eventos diferentes que ele tem. Isso sempre foi verdade na franquia, sempre tivemos eventos em épocas específicas, mas só neste ano, já tivemos vários eventos que nunca tínhamos tido antes. Só neste ano, já tivemos Bunny Day (Páscoa), Nature Day, International Museum Day, Wedding Season (um mês inteiro planejando festas de casamento), Fogos de Artifício, Halloween, Turkey Day (Ação de Graças), além de cerejeiras e flocos de neve voando, bonecos de neve para serem montados, e eventos que ainda teremos em dezembro, como o Toy Day, que equivale ao Natal, e o Countdown na virada do ano.

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Além deles, temos também os torneios de Pesca e Caça a Insetos, mas com algumas diferenças dos jogos anteriores. E o evento que ganhou meu coração foi meu aniversário, e a maneira fofa como os villagers lidaram com ele, me deram presentes, brincamos de piñata e tudo o mais. Pequenos detalhes que aumentam o calor no coração que esse jogo dá.

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Voltando a falar dos personagens, o jogo mantém uma lista enorme de bichinhos diferentes que podem viver na sua ilha, sendo um total de 391 villagers diferentes, incluindo 8 novos. Todos os habitantes presentes em New Leaf, além de quase todos os de Welcome amiibo, estão de volta. O legal é que mesmo aqueles que têm a mesma personalidade apresentam algumas pequenas diferenças. Mais que isso, eles agora interagem entre si e fazem atividades próprias independentes. Eles têm vida própria, em resumo.

Eles praticam Yoga na praça central ou na praia, às vezes juntos, às vezes sozinhos, cantam, leem livros, ou se sentam e observam a natureza, ou pescam, pegam insetos, regam as flores, mas o mais legal, para mim, é pegá-los no meio de uma conversa. A gente nunca sabe se será uma conversa amigável, se será uma briga, ou se precisarão da sua opinião em algum assunto de extrema importância, como qual a melhor atitude para ter diante de um livro.

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Isso adiciona camadas ainda mais profundas à vida diária na sua ilha. E falando em ilha, a melhor das coisas acontece quando a gente começa a poder personalizar. E vai por mim, é literalmente ilimitada a quantidade de opções de ilhas. Cada pessoa pode personalizar a própria ilha de uma forma única, desde mantê-la o mais natural possível até fazê-la parecer uma cidade, uma feira, o espaço sideral, ou o que mais vier na telha. A onda é tão grande que até grandes empresas, como KFC, Marc Jacobs e o time Detroit Lions, da NFL, entraram no jogo com ilhas ou itens especiais do jogo.

Além disso, muita gente famosa também joga. Elijah Wood surpreendeu uma fã ao pedir pra ir na ilha dela vender Turnips (que continuam funcionando como antes), Joe Biden, presidente eleito dos Estados Unidos, liberou sua ilha para ser visitada pelo mundo dos sonhos, Chrissy Teigen, atriz e modelo americana, compartilhou da nossa frustração com Zippy, o coelhinho mais chato do pedaço, Maisie Williams, nossa eterna Arya Stark, além de Brie Larson, Danny Trejo e muitos mais. O jogo se tornou uma febre em todo o planeta, e todo mundo quis entrar na dança.

Falando da parte técnica brevemente, o jogo é visualmente lindo. O estilo de arte é maravilhoso, as mudanças do cenário conforme o tempo passa são incríveis. A gente realmente sente o dia mudando, as chuvas chegando, a neve, as pétalas de flores voando, e por aí vai. Além disso, a trilha sonora é maravilhosa. Cada hora tem sua música própria, e é difícil escolher qual delas é a melhor. Para ter uma noção de como a trilha principal do jogo foi feita, a Nintendo soltou um vídeo há alguns meses com os músicos tocando, olha que coisa mais linda:

Conforme o ano foi passando, NPCs que não estavam no jogo foram aparecendo. Ajudamos na festa de aniversário de casamento de Reese e Cyrus, Redd voltou com suas obras de arte que precisamos tomar cuidado, Label, a irmã famosa de Mabel e Sable, aparece pedindo dicas de moda, Luna, salvando nossa ilha num sonho, e muitos outros devem aparecer de volta. O jogo tem realmente muita coisa ainda a ser descoberta, muitos novos eventos e muitas personagens para vermos de novo.

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A comunicação online é muito boa e, embora não permita conversa em tempo real que não seja pelo app do Nintendo Switch Online, dá pra digitar, reagir e interagir com até 8 pessoas por vez na sua ilha. Precisa, sim, da assinatura no Nintendo Switch Online, e se cai a conexão de uma pessoa, derruba todo mundo, mas minhas experiências quanto a isso foram, na maior parte das vezes, bastante positivas.

Nem tudo são flores, claro. Chega uma hora na qual o jogo começa a ficar um pouco tedioso, repetitivo, o que faz parte, eu acho, da experiência também. Lembro que em New Leaf, joguei por dois meses sem parar, depois fiquei uns três meses sem jogar, voltei e jogava de 15 a 30 minutos por dia, pulando alguns. Aconteceu isso com Animal Crossing New Horizons também. Depois de dois meses, eu dei uma cansada do ritmo do jogo, e fiquei um tempo sem jogar, voltando pros eventos, o que me fazia acabar jogando um pouco mais. Hoje, jogo cerca de 4 a 5 dias na semana, variando de 15 minutos a 2 horas por dia, dependendo do humor.

Além disso, o jogo ainda tem o problema de só permitir uma ilha por console, o que, como disse lá nas Primeiras Impressões, é um problema pra quem divide o console com a família. Também sinto falta de atividades para serem feitas com amigues. Em New Leaf, tínhamos as atividades para fazer nas ilhas, podíamos viajar juntes e jogarmos lá, o que não acontece, pelo menos ainda, em New Horizons. Mas levando em conta que muita coisa já foi adicionada ao jogo em apenas alguns meses, e a previsão de novidades é de alguns anos, podemos esperar que será adicionado em algum momento, assim como alguns NPCs de quem sinto falta, como Brewster e seu café. Espero que se ele aparecer, traga com ele os Gyroids de novo.

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No todo, Animal Crossing New Horizons foi o jogo perfeito para 2020. No meio de uma pandemia e da necessidade de isolamento social, ele nos permitiu viajarmos a ilhas paradisíacas, encontrarmos com pessoas importantes para nós pela internet, jogarmos com ela ou até mesmo simplesmente vermos estrelas cadentes e fazermos desejos.

Com certeza, para quem tem Nintendo Switch, é o jogo que recomendo. E para mim, sempre será o jogo do ano de 2020. Num ano no qual tudo deu errado no mundo, é muito bom podermos fugir um pouco de tudo o que está rolando e poder curtir momentos adoráveis na companhia de vizinhos que sempre te querem bem e sempre te receberão de braços abertos. Se você ainda não adquiriu, aproveite as Festas de Fim de Ano, engate nos eventos que estão chegando e não se esqueça de deixar o código da sua ilha aqui, pra sonharmos e irmos visitá-la.

95%
Jogo do Ano

Animal Crossing New Horizons é basicamente perfeito. O jogo manteve o que fez sucesso na franquia, mas inovou o bastante para ser completamente único. Desde seu lançamento, mantém aquecido os corações de muitas pessoas ao redor do mundo, e antes que perceba, você estará vivendo intensamente a vida na sua ilha.

  • Design
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