Um roguelike com sabor diferente
Cuisineer é um jogo de gerenciamento de restaurante com um gostinho de roguelike. Aventure-se num mundo com sua fiel espátula e chá de bolhas, junte ingredientes deliciosos e leve-os para casa para cozinhar e servir no seu restaurante. Desenvolvido pela BattleBrew e distribuído pela Marvelous/ XSEED, é o que parece ser o primeiro trabalho do estúdio. Será que essa combinação é uma boa receita, ou o gosto ficou meio artificial?
De volta a Paell
Recomendação de Compra
Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition
Lançamento: 20/Mar/2025

Ao voltar à sua cidade natal, Paell, Pom encontra o restaurante de seus pais de portas fechadas e afundado em dívidas. A única maneira de pagar as dívidas é reinaugurar o restaurante e fazê-lo prosperar, e a única maneira de fazer isso é explorando as masmorras que são a fonte dos recursos para mantê-lo funcionando. Uma história bem breve para início, até quase batida em jogos parecidos do gênero, que eu gosto de apelidar de “jogos de herança”, que costuma variar muito o estilo de jogabilidade, mas mantêm essa ideia principal de prosperar para ganhar, o que torna a premissa fácil de entender: para avançar, você tem que empreender, conhecer os habitantes e assim prosperar em seu negócio. Parece simples na teoria, mas na prática é algo bem demorado, e com Cuisineer não é diferente.
A história gira toda em torno de Pom e de sua cidade natal, e logo ao chegar, você vai conhecendo seus habitantes. Alguns trabalham, outros visitam a cidade ocasionalmente, e outros só estão ali só existindo. Para um jogo desse gênero, eu esperava que fosse ter algumas interações diárias ou algum sistema para criar algum tipo de vínculo entre a Pom e os habitantes, mas não tem. Mas ao mesmo tempo que me senti aliviado de não ter que ser social, também me passou a impressão de estar muito superficial, isso porque é mesmo superficial.
Todos os eventos e acontecimentos são informados pelo correio, e os aniversários simplesmente só acontecem por ali, o que até um pouco estranho, pois você ganha presente do habitantes no aniversário deles, e os feriados têm uma explicação tão vaga que nem parecem ser feriados.
As missões dos personagens até desenvolvem um pouco da vida dos habitantes, mas os diálogos são tão demorados e rasos que não demora muito para você só querer pular pra saber o que precisa entregar pra conseguir um prato novo.
Delícias e masmorras
Cuisineer se divide em dois tipos de jogabilidade: o de roguelike e o de cozinha. Para cozinhar, é necessário ir nas masmorras e coletar ingredientes, e com a renda melhorar o estabelecimento e liberar novas masmorras. Cada dia que passa você precisa “escolher” um dos dois para fazer, já que se o dia avança, perde vida máxima, e caso vá à masmorra, sempre voltará à noite faltando 2 horas pro fim do dia. De início, isso não incomoda muito, mas essa mecânica de perder saúde às vezes é bem chata porque você não precisa trabalhar para isso, apenas com o passar do dia, e nada que você usa tira essa desvantagem.
A parte roguelike não tem muito mistério, equipe sua arma, escolha uma masmorra e tente voltar vivo. A única diferença está em voltar vivo, Cuisineer te dá liberdade de voltar das masmorras a qualquer momento, já que morrer vai levar boa parte do inventário embora, perdendo ingredientes e equipamentos. Saber a hora de parar é crucial.
Na parte do restaurante, é puro gerenciamento de recursos. Guardamos os ingredientes na geladeira, abrimos o restaurante e vamos servindo o que pedem, se estiver disponível no cardápio. E não esqueça de decorar o local para atrair a clientela, bem como pôr a mesa.
As duas mecânicas até conversam bem, já que uma não evolui sem a outra, mas essa evolução não parece ajudar muito. Era de esperar que uma masmorra mais antiga seria mais fácil com um equipamento melhor mas não muda muito pois parece que os monstros têm o mesmo nível em todas as masmorras, o que muda são inimigos novos que não têm em anteriores. Defesa não existe aqui, o único jeito é desviar ou ter uma barra de vida gigantesca, mas tudo bem, completar a masmorra não tem nenhum grande mérito, além de arrumar mais itens na maioria das vezes.
O que frustra em Cuisineer é que no fim do dia, você acaba voltando mais pela bolsa cheia do que por chefão derrotado, e mesmo derrotando, a recompensa não parece valer a pena. Aprender pratos novos é ótimo pro restaurante, mas juntar ingredientes é tão trabalhoso quanto.
Parte técnica
Se tem algo que dá pra elogiar em Cuisineer é que ele é feito em modelos 3D que não têm serrilhado. Feita de uma forma que parece algo mais desenhado, mas ainda sim são modelos 3D, animações bem fluidas e sem nenhum problema em encher a tela de inimigos ou projéteis. A variedade de inimigos é boa, embora não muito grande, mas suficiente para cada área ter algum exclusivo, fora os dois chefes de cada masmorra.
A trilha sonora é até boa na cidade, com toque de interior e comércio pacato na loja, mas nas masmorras são bem passaveis. Parece mais um passeio do que uma aventura.
A performance no geral é muito boa, sem travamentos ou quedas, e isso se dá porque Cuisineer carrega as áreas separadamente, algo bem comum em roguelike, já que tudo é gerado na hora que precisa apenas. Mas isso frustra um pouco na cidade, pois às vezes você precisa pegar algo do seu quarto, e pra isso vai encarar quatro telas de carregamento. Algumas demoram mais, outras menos, mas como você precisa passar pelo salão, essa sempre vai demorar um pouco. Novamente, faltou um pouco de cuidado com a qualidade de vida aqui, uma passagem direto pro quarto, ou poder utilizar itens do seus baús para os npcs poderia ajudar aqui.