Mastodon
Universo Nintendo

Análise – Pokémon Legends: Arceus

Um ambicioso mundo que deve ser o teto para o próximo passo da franquia.

A Game Freak não mentiu em seu anúncio durante o Pokémon Presents  de fevereiro em 2021 quando descrevia Pokémon Legends: Arceus como uma “nova era para a franquia Pokémon“. Minha jornada com pouco mais de 120 horas me convenceu de que esse passo foi dado, e que de nenhuma forma “Legends” deve ser deixado de lado em quaisquer que sejam os próximos títulos da franquia principal.

Pokémon Legends: Arceus é um título inédito da franquia principal desenvolvido pela Game Freak com auxílio da Creatures Inc. e da própria Nintendo para dividir a base tradicional de Pokémon em um paralelo que difere seu aspecto de RPG comum para um jogo de Ação com elementos clássicos de RPG em uma abordagem 90% voltada para o single-player e não multiplayer (no quesito batalhas).

Confira minha análise do jogo a seguir, sem nenhum spoiler referente à história.

Começando pelo fim: Defeitos

Já que o próprio marketing da The Pokemon Company tem brincado com o termo “É Pokémon, mas como você nunca viu”, resolvi então inverter nossa análise começando pelo costumeiro fim: seus defeitos.

Apesar dos muitos elogios que farei ao longo desse texto sobre diversos aspectos e de diferentes frentes em comparação ao que estávamos acostumados com a franquia, não posso deixar de citar o maior dos problemas presentes nesse título: O Refinamento da Arte. Claro que eu entendo que a Game Freak optou por um estilo próprio de arte, utilizando um motor gráfico proprietário da companhia para desenvolvimento, mas fica claro que faltou um polimento das texturas espalhadas pelos ambientes abertos de Hisui.

Há lugares que são bem mais caprichados, mesmo assim ainda faltou aquele toque final na hora de enriquecer a natureza presente em Legends. Outro problema aqui nas texturas se dá em relação aos modelos nas cavernas do jogo — o aspecto de “PNG mal recortado do modelo” é incômodo e tira um pouco de brilho até da interação com os próprios NPCs do jogo durante partes da história.

Não tive problemas com taxa de quadros e o jogo rodou muito bem em 90% do meu tempo jogando (atualmente tenho cerca de 130 horas), então a performance nesse sentido não é um defeito crítico aos novos exploradores.

Um jogo ambicioso

Em Pokémon Legends: Arceus você aparece em uma região conhecida como Hisui, é integrado como parte da Equipe de Expedição Galaxy com a tarefa árdua de criar a primeira PokéDex da inexplorada região que conta com dezenas de monstrinhos “perigosos” para serem catalogados.

As coisas aqui são diferentes daquilo que os fãs estão acostumados, uma vez que o Vilarejo de Jubilife sempre será sua base de retorno para a designação de novas missões (de história ou complementares/secundárias). Cada região da conhecida Sinnoh — antiga Hisui – pode ser explorada livremente para que o jogador catalogue cada um dos monstrinhos presentes ali naquele bioma que varia dentro dos próprios mapas – assim como seus Pokémon.

Se a princípio isso parece ser uma tarefa muito fácil, seu tédio acabará assim que você terminar as tarefas iniciais que funcionam mais como uma instrução generalizada de tudo o que o jogo oferece para que o jogador não se perca e explore de maneira mais efetiva, quando você se torna livre… as coisas tomam um caminho muito diferente. Foram inúmeras às vezes em que me desviei da história e passei horas e horas apenas capturando os bichinhos, batalhando, encontrando e desafiando os Pokémon Alpha, etc.

A partir do momento que você domina as mecânicas do jogo, não quer se contentar apenas com a história, quer se divertir em todas regiões e explorá-las o máximo possível — Deus sabe lá quanto tempo eu não me vidrava tanto em um título principal da franquia (talvez em Black/White?). Mas não pense que isso acontece por conta da história ser fraca, você está enganado!

História

Pokémon sempre foi uma franquia com destaque para algum vilão no qual “a dominação do mundo” era uma percepção imediata do jogador logo de cara pelo jogador. Em Legends porém, nao é o caso e você vai vivenciar diversos pontos diferentes que só vão se ligar bem lá no final da sua aventura pela região “caótica”.

Os personagens apresentados são muito mais carismáticos do que os trailers aparentam, cada um com sua personalidade e até mesmo o protagonista colega – Akari (feminina) Rei (masculino) – apresentam versões distintas em suas reações aos acontecimentos do enredo, deixando um ar de cuidado maior por parte dos desenvolvedores.

Após algum tempo você vai curtir bem a história, sempre deixando um gostinho de quero mais e também aquela sensação de satisfação ao conhecer cada um dos monstrinhos junto com os habitantes da região — que temem os Pokémon – mas anseiam por saber mais sobre as criaturinhas sem precisar visitar a natureza e seus devidos habitats.

Claro que Pokémon nunca foi um primor em história, mas se serve de base para você leitor desta análise, creio que temos aqui um parâmetro próximo daquilo que foi almejado em Unova com Pokémon BlackPokémon White.

As mecânicas e o QoL essencial

Há muitas modificações em relação aquilo que já se conhecia na franquia principal tradicional, mantendo parte de sua essência nas batalhas por turno — ainda assim implementando mecânicas que deixam elas até mesmo imprevisíveis em certos cenários.

Começando pelo simples, não ter a necessidade de enfrentar qualquer Pokémon para capturá-lo é maravilhoso. Não é toda hora que tu quer enfraquecer um Pokémon em batalha para tentar tê-lo e convenhamos: não funcionaria bem em um jogo no qual você precisa de dúzias do mesmo caso queira cumprir sua tarefa de catalogar cada bichinho novo na Dex. Aliás essa etapa de completar a PokéDex te faz muito mais pesquisador que qualquer outro jogo anterior da franquia ao pedir observações como comportamentos em batalha, com alimentos, com a natureza , etc. — uma imersão bem legal aos “aspirantes á cientistas” do mundo de Pokémon.

Outro destaque fica para a manipulação das técnicas dos Pokémon, onde não se faz necessário um “move tutor” para que você ensine ou faça com que seu Pokémon esqueça determinado golpe: Uma vez aprendido, você é livre para escolher as quatro técnicas que bem entender para que ele utilize nas batalhas.

A UI do jogo é absolutamente intuitiva e mostra tudo o que precisa ser mostrado, sem nenhum exagero e de forma precisa também. A fluidez com que se utilizam os Pokémon montaria também é maravilhosa e deveria ser tomado como via de regra para qualquer jogo subsequente da franquia — chega de esperar “duas horas” para usar Surf, Fly, etc… Pokémon passando de nível e nenhuma caixa de diálogo obrigatória em aprendizado de novas técnicas e até mesmo suas evoluções (em Legends o Pokémon evolui na hora que o treinador quiser ao atingir as circunstâncias necessárias), deixam o jogo extremamente dinâmico.

Se faltaram refinamentos gráficos, sobraram acertos na jogabilidade — de longe — nesse jogo em relação aos anteriores. Os Pokémon tem personalidade própria e agem de acordo com aquilo que se espera deles: Bidoof são dóceis e curiosos, Shinx são mais agressivos e irão defender seu território (chamando por ajuda) assim como outros Pokémon mais agressivos, Blisseys irão curiosamente torcer pela sua recuperação caso esteja machucado (vídeo abaixo), etc. São pequenos detalhes que sempre deixam o jogador marcado, geram memes e repercussão na internet e mantém o título extremamente atrativo por conta de variadas situações inusitadas que os jogadores poderão explorar — mais uma vez: que sirva de exemplo para os próximos Game Freak.

Não é difícil olhar para Pokémon Legends: Arceus e pensar nele como uma re-imaginação que trouxe de volta para milhares de fãs o frescor que a série devia há muito tempo, estabelecendo um padrão de qualidade que deve ser seguido daqui para frente. Além disso, espero que as companhias envolvidas tenham entendido que Legends pode se tornar uma franquia principal e periódica à parte com histórias não contadas e uma liberdade maior aos criadores, afinal de contas, quem não quer uma história mais profunda  em regiões inéditas como Johto, Unova, Kalos… Seria magnífico revisitar essas regiões em períodos diferentes da história para saber de acontecimentos que não podem ser incluídos no jogo de RPG tradicional.


Jogo gentilmente fornecido para análise pela Nintendo Brasil.
Pokémon Legends: Arceus
Veredito
Pokémon Legends: Arceus é a definição do significado de uma "carta de amor ao fã" que esperava por mudanças drásticas na franquia após tantos anos utilizando uma fórmula já consagrada, mas mantendo a essência do que pode ser uma verdadeira experiência Pokémon ao mesclar ação, exploração e RPG. Um convite aos novatos e uma verdadeira cereja no bolo dos veteranos ansiosos por uma experiência alternativa e inédita.
Prós
Mecânicas
Experiência com Pokémon
Novidades em geral para a franquia
Cuidado com aspectos como Pokémon, história, personagens
Contras
Refinamento no estilo de arte, gráficos
9.5
Essencial
Onde Comprar?
você pode gostar também
Comentários