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Análise: Pokémon Shield

Estamos em 2019, o então ano prometido para que a franquia Pokémon pela primeira vez – descontando Let’s Go, Pikachu! / Eevee! – faz sua estreia em um console de mesa da Nintendo desde seu nascimento nos anos 90. Mas não foi nada fácil, da E3 desse ano até o lançamento seu caminho foi árduo e cheio de polêmicas… Afinal de contas, Sword & Shield são realmente tão ruins assim? Confira minha análise a seguir.

Revelado oficialmente em fevereiro desse ano, Pokémon Sword & Shield definitivamente estavam carregando o peso de trazer a franquia principal ao console que atualmente é um sucesso para a Nintendo e único no qual o foco da companhia está em 100% atualmente. Trazer jogadores veteranos não é uma tarefa fácil pois o tamanho da companhia, sua arrecadação e principalmente o peso da franquia sempre estão em jogo – e é por isso que nós consumidores sempre colocamos nossas exigências e expectativas no maior patamar possível.

Pois bem, vamos à análise:

Pokémon, sendo Pokémon.

Como em todos os jogos anteriores da franquia principal, você é um jovem garoto de 10 anos que tem a missão de pegar seu primeiro parceiro e explorar a região em busca do topo. Em Galar, desde o começo o foco principal de sua aventura é passar pelo “Desafio dos Ginásios” onde você deve obter 8 insignias para então entrar em um torneio em que o finalista enfrenta Leon, o campeão invicto da região pelo título de maior treinador da Região.

Sem firulas, a fórmula clássica dos jogos se mantém trazendo até benefícios bem bacanas principalmente para aqueles que gostam de colecionar os monstrinhos e/ou treiná-los para batalhas competitivas. Não sou “o cara do competitivo”, mas pela primeira vez em anos me senti convidado à explorar esse mundo graças às facilidades trazidas pelo breeding (reprodução dos monstrinhos) e treinamento dos Pokémon para que se tornem mais fortes — muito por conta das Max Raid Battles, nosso próximo tópico.

O que o jogo faz bem, obrigado!

A Wild Area é nosso primeiro assunto para o lado positivo do jogo, mas vamos em partes porque ela também traz várias das coisas negativas que apontarei posteriormente aqui. Enfim, dentre os atrativos dessa região com certeza estão as assertivas inclusões de diversas espécies de Pokémon com vários níveis diferentes e dezenas de espécies, o acesso à vários itens diferentes e principalmente às TRs (Technical Records que são usados apenas uma vez para ensinar golpes nos Pokémon) e claro: As Max Raid Battles.

Essas batalhas contra Pokémon “Dynamaxados” são muito bacanas e um belíssimo atalho para aqueles que querem dar um “boost” no treinamento dos seus monstrinhos graças aos doces que são entregues como recompensa ao derrotá-los. Max Raids até 4 estrelas são relativamente fáceis de serem batidas sozinho, mas daí para cima é melhor que você reúna amigos pois a tarefa fica mais complicada. Além dos itens de recompensa, os próprios Pokémon capturados nelas podem vir com Hidden Ability e IVs altos – gerando monstrinhos competitivos de uma maneira mais “fácil” do que através da reprodução com Ditto e aquele esquema de chocar centenas de ovos.

Os personagens são muito carismáticos, me arriscaria dizer que os melhores da franquia principal desde Black & White (calma, opinião do redator aqui!), e meu destaque fica para a jovem Marnie, os líderes de ginásio, o rival Hop e a assistente Sonia. Ao longo da história, todos eles desempenham um papel bacana (mas nada muito extravagante – Pokémon nos games não focam muito nisso) e você acaba se familiarizando com eles.

Eu não sei quanto à você leitor, mas eu quando penso em Pokémon a trilha sonora é a primeira coisa que me vem à cabeça – e aqui em Galar, novamente, o trabalho é impecável. As músicas passam a sensação de que estamos no Reino Unido e as adequações aos mais variados ambientes foram bem feitas.

Infelizmente, os elogios quanto aos gráficos e animações não podem ser muito vastos como os outros aspectos que cito acima, temos sim vários locais muito bem feitos e vê-los em nossa TV passa uma sensação de “esperei tantos anos por isso…”, mas o capricho se limita aos locais estáticos — esses que você visita uma vez na vida e outra na morte. As animações são como a Wild Area: boas e preguiçosas ao mesmo tempo. Enquanto temos um Hyper Beam digno de seu nome, por outro lado temos um Double Kick em que o Sprite do Pokémon apenas é arrastado de cima para baixo sem qualquer emoção.

Ah, claro! O Pokémon Camp é divertidíssimo quando se trata de interagir ou apenas admirar seus Pokémon. Basta dar uma olhada pela internet e você encontra uma enxurrada de memes envolvendo o relacionamento entre os monstrinhos, suas atividades e etc. Ponto para a Game Freak!

Porém, nem tudo são Currys…

Se em teoria a Game Freak nos apontava que daria tudo de si para trazer os “melhores jogos da franquia”, na prática o resultado não pareceu demonstrar toda essa força.

Aqui eu vou listar por tópicos os defeitos que os jogos trazem e que serão notáveis para absolutamente qualquer jogador:

Wild Area

  • Gráficos – O que a companhia acertou em rotas e algumas das cidades, pecou em vários aspectos nessa que é a grande sacada dos jogos. Texturas simples, serrilhadas e “sem sentimento” fazem do local algo que eu classificaria como “um pouco sem vida”.
  • Multiplayer – A proposta do multiplayer nessa área é bacana , mas só em teoria, pois na prática ela traz quedas bruscas de FPS e até travamentos que podem chatear o jogador ao ponto de manter só a comunicação local ativa caso ele esteja apenas de passagem pelo lugar.
  • Desempenho – Como dito acima, no multiplayer a coisa é bem complicada e infelizmente, mesmo que você opte por andar sozinho no local, vai enfrentar os mesmos erros acima — porém em menor quantidade.

Pokedex

  • Aqui há um conflito de interesses: É um problema não ter todos os Pokémon, mas poderia não ter sido se eles tivessem sido mais honestos nas declarações. Sacrificar os monstrinhos em prol de animações ou desenvolvimento melhor é plausível, mas os defeitos apontados acima deixam claro que a Game Freak tentou se esconder da chuva de vento com um pedaço de jornal. Por outro lado, ter um número reduzido de Pokémon me deixa muito mais disposto a cumprir a tarefa de completar a Dex e ter meu certificado de Mestre, afinal de contas, estamos no patamar dos mil monstrinhos…

Outros

  • História – Um pouco clichê ao meu ver, o tema abordado já me pareceu utilizado em títulos anteriores da franquia… faltou um pouco de criatividade.
  • Vilão – Bem, você vai entender ao longo de sua jornada que o personagem em questão poderia ter tido uma profundidade mais bem trabalhada / elaborada (porém não posso deixar de dizer que a música tema de sua batalha é a melhor de todas).
75%
Bacana

Veredito

A Game Freak fez um trabalho interessante com Pokémon Shield em diversos aspectos, principalmente ao inovar com novas mecânicas e trazer recursos consagrados de títulos anteriores. Contudo, é notável que um pouco de tempo a mais no desenvolvimento e mais capricho resultariam em um jogo melhor polido e que poderia ser ainda mais encantador e digno do tamanho da franquia.

  • Criteria
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