Num mundo sem palavras, será Silent Hope um RPG de ação que te deixará de boca aberta e com vontade de mergulhar cada vez mais fundo no Abismo, ou te fará gritar de raiva e largar? Bora checar.
[bs-heading title=”Sobre Silent Hope” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Jogos da Marvelous/XSeed como Harvest Moon e Rune Factory, são já conhecidos de quem joga RPG. Silent Hope, que se passa no mundo desses jogos, e também é conhecido por FREDERICA, no Japão, recebeu um trailer no Nintendo Direct de junho.
Um mês atrás, recebemos um novo trailer, e a demo do jogo ficou disponível para download no eShop do Switch, e o jogo foi lançado no Japão há alguns dias, e lança hoje no resto do mundo, por enquanto exclusivo para Switch nos consoles, além da versão Steam para quem tem PC.
[bs-heading title=”História” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Era uma vez, no mundo de Rune Factory, um reino feliz, como todos os outros reinos antes da história começar. Esse reino não tem nome, porque reinos felizes aparentemente não precisam de nomes. Até que um dia, uma calamidade assolou o reino, e coisas ruins fizeram o reino deixar de ser feliz. Fome, violência, roubos, morte.
Numa (suposta) tentativa de resolver o problema, o Rei usa seus poderes para roubar as palavras de todo mundo (escritas ou faladas) e mergulha no Abismo, levando com ele a capacidade de falar e escrever de todas as pessoas no Reino. A Princesa, cuja mãe morrera no parto e agora se via sozinha num Reino sem palavras, caiu num choro profundo que fez um cristal surgir ao redor de seu corpo, e agora, ela está presa nele. Mas seu choro também fez surgirem à beira do Abismo sete pessoinhas (também sem falar nada) que decidiram aceitar a missão de mergulhar no Abismo, encontrar o Rei e devolver as palavras pras pessoas.
Cada uma dessas sete pessoinhas tem uma origem diferente, uma história diferente (que você só vai conhecer de verdade se ler o guia do jogo no site oficial), e uma classe, que garante poderes e habilidades diferentes.
Sendo o único ser que ainda consegue usar palavras no Reino, a Princesa se comunica telepaticamente com as pessoinhas, e a cada Camada do Abismo que você desce, há pontos extras da história que ela te conta, além de placas de pedra gigantes ao final de cada chefão de fase, que complementam as memórias da Princesa e te ajudam a entender a linha do tempo, do momento em que o Reino era feliz até o momento em que o Rei foi parar no fundo do Abismo. Cada Camada mostra um pedaço da história do Reino, então, a figura total vai se formando conforme você desce.
E para descobrir a verdade, a gente precisa fazer uma dessas pessoinhas mergulhar no Abismo (só uma por vez, mas você pode trocar durante a jornada), lutar contra um monte de monstros até achar o último andar e a placa de pedra que vão te contar a próxima parte da história… e abrir a próxima camada.
Ao encerrar sua jornada pelo Abismo (seja morrendo, seja voltando por vontade própria, seja derrotando o chefão de cada camada), você volta para o Acampamento, e de lá, você faz suas preparações, melhora suas personagens e volta para o Abismo.
Ao final de todas as camadas, você conhecerá a história toda, e decidirá quem é vilão e quem é herói nisso tudo. Essa é basicamente a história de Silent Hope.
[bs-heading title=”Jogabilidade” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Silent Hope é um RPG de ação isométrico com criação procedural dos andares das camadas do Abismo. Isso significa que, por mais que cada andar tenha algumas coisas que você sabe que encontrará logo de cara, o caminho para chegar lá é sempre diferente, cada visita é uma surpresa diferente.
Com sete personagens usáveis diferentes, você precisa estudar qual estratégia você usará para navegar. Prefere melhorar uma personagem específica, suas classes e habilidades, e tentar solar todos os andares, ou buscará algo mais equilibrado, elevando o nível de todo mundo, e mergulhando aos poucos cada vez mais fundo, em vez de detonar o jogo o mais rápido possível? Ou buscará um meio-termo entre essas duas abordagens?
Como cada personagem tem uma árvore de desenvolvimento diferente, e classes diferentes, cada uma te trará um estilo de jogo diferente, então, você pode testar até achar com quem gosta mais de jogar. Espada e escudo, espada grande, faquinhas, magia, arco, punhos ou até mesmo um ancinho servem para cada uma delas te oferecer uma experiência distinta uma da outra.
Mais do que isso, apesar de você só poder descer ao Abismo com uma, você encontra cristais como o da Princesa em alguns andares das Camadas, e eles te permitem voltar ao Acampamento ou trocar de personagem. Ao fazer a troca, você recebe bônus específicos por cada uma, como se ela tivesse torcendo por quem vai assumir o lugar dela. E se você descer andares suficientes e fizer trocas suficientes, você pode ter os sete bônus ativos ao mesmo tempo, já que são acumulativos. Só isso já é um incentivo para você subir o nível de todo mundo, mas também diminui um pouco o nível de dificuldade de cada Camada.
A jogabilidade é repetitiva, para ser sincera, e não vai agradar a todo mundo. Embora você possa escolher voltar para a última fogueira que encontrou, o que corta bastante caminho em Camadas que tenham mais de 20 andares, não há muita variação no que você faz. Você mergulha, derrota os bichos todos que estão no seu caminho, sobe de nível, ganha novas habilidades, desce mais um andar, e por aí vai. Repete, repete, repete. Se morrer, você perde alguns itens, mas volta para o Acampamento, e de lá, é só mergulhar e tentar de novo, com seu progresso (em termos de andares descidos) salvo.
Apesar da repetição, o fato de cada Camada trazer inimigos diferentes, uma quantidade de andares diferentes, pontos interativos diferentes e cada jornada ser constituída de mapas totalmente novos, isso tudo junto contribui para que o fator replay seja bastante alto para quem gosta deste tipo de jogos.
Não se engane, porém, existe um certo desbalanceamento, e há pontos em que você precisa grindar bastante.
Os controles são simples, você se move, tem um ataque básico, tem um botão de dash, três botões de habilidades, que você pode não só evoluir, como também mudar conforme ganha classes diferentes, e você carrega consigo duas poções por personagem a cada descida.
No Acampamento, que é sua base entre cada jornada, as personagens que não são as escolhidas do momento vão trabalhar pra ajudar quem é. Refinaria de metais e cristais, tratamento de madeira, plantio de frutas, legumes e verduras, cuidado e coleta de produtos animais, além de uma forja para fabricar e melhorar armas e acessórios, e uma cozinha, para fazer comidas que vão te dar bônus na descida ao Abismo, tudo isso está disponível para facilitar sua vez no próximo mergulho.
Lá, você também pode conversar com o cristal da Princesa, desbloquear itens, classes e até mesmo receber prêmios por realizar certos feitos no jogo.
Nesse conceito, o jogo lembra um pouco de Monster Hunter, no sentido de que você faz toda a preparação num acampamento, vai para a sua jornada, nela, mata monstros grandes, médios e pequenos, coleta materiais, e usa tudo o que obteve na volta ao Acampamento, para construir coisas ainda melhores para suas descidas mais complexas.
Acho que o aspecto mais interessante do jogo é que, como você pode voltar para o Acampamento com bastante frequência nas Camadas do Abismo, ao mesmo tempo em que pode mergulhar no jogo por horas, você pode fazer sessões rápidas de jogo, conforme sua disponibilidade ou vontade.
Ao vencer o jogo pela primeira vez, você libera um modo ainda mais difícil, que oferece ainda mais para quem quer repetir a experiência.
[bs-heading title=”Parte Técnica” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Silent Hope é um jogo que roda lisinho no Nintendo Switch. Talvez por ter sido desenvolvido inicialmente apenas para esse console (além da versão PC), houve um cuidado bastante grande com o desempenho. Não trava, mesmo nas horas com mais monstros na tela, não houve nenhum momento de fechamento forçado, e isso é extremamente importante, porque há momentos em que a tela está lotada de coisas acontecendo. Os únicos poucos travamentos que percebi foram enquanto cada personagem descia de um andar para outro, o que deve ser explicado pelo jogo estar gerando e carregando o próximo andar.
Os cenários são interativos e se movem também, e bem desenhados, dentro da própria estética, que é muito linda, por sinal. Ao menos, se você gosta do estilo chibi e se acostumou com os cenários, monstros e personagens da Marvelous, como os de Rune Factory, por exemplo, você vai se sentir em casa.
Outra parte bacana é que sua escolha de armas e classes se reflete visualmente. As personagens mudam de roupa de acordo com a classe, e a arma que você escolheu usar vai aparecer nas mãos de quem você estiver controlando. É um detalhe que ajuda bastante na imersão, porque eu, pelo menos, odeio quando escolho uma arma ou armadura, e ela não aparece no mundo, só na tela de personagem.
Há também uma abertura em anime, a exemplo de Rune Factory, que é muito bem feita e bonita, e ajuda a entender melhor o que está acontecendo antes de jogar.
Os sons do jogo são muito bem sincronizados com os movimentos, com passos soando diferentes a cada terreno, além de cada arma e monstro tendo sons próprios. Num jogo em que não há palavras, além da Princesa e do que tem de escrito nas placas e menus, a música é bastante importante, e eu acho que aqui, por mais que sejam gostosinhas de ouvir, as músicas do jogo ficam um pouco enjoativas com o tempo. Eu, particularmente, joguei muito mais com meus kpops no ouvido que com a música do jogo.
O jogo tem vozes dubladas em japonês e em inglês, e a qualidade das dublagens é igualmente boa. Infelizmente, depois de um tempo sem voltar para o Abismo, a quantidade de frases que a Princesa tem é limitada, e ficar tempo demais no Acampamento vai te fazer ficar de saco cheio de ouvir as mesmas coisas de novo, e de novo, e de novo, e te fazer querer mergulhar no Abismo o mais rápido possível (embora você possa desligar a opção de ela ficar repetindo isso, e aí, o Acampamento fica ainda mais silencioso.
Os textos do jogo, incluindo menus e legendas, estão disponíveis em 7 idiomas diferentes, mas português não é um deles. Espanhol é o mais próximo que temos, para quem não fala inglês. Apesar disso, a qualidade das traduções (ao menos nos idiomas que eu entendo) é impecável, e os textos se encaixam perfeitamente aos menus e campos dedicados a eles, em vez de ficarem estranhos, o que mostra um grande cuidado da produtora nisso.
[bs-heading title=”Conclusão” show_title=”1″ heading_color=”#c4100a” heading_style=”t6-s4″ heading_tag=”h3″][/bs-heading]
Silent Hope definitivamente não é um jogo para todo mundo. Mas para quem busca um RPG de ação confortável, que você pode pegar e largar a qualquer momento, com um bom desenvolvimento de história e um nível de desafio legal, recomendo baixar a demo, ver se gosta e mandar brasa.
Jogo feito com cópia gentilmente cedida pela Marvelous/Xseed
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