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Análise – TT Isle of Man: Ride on the Edge 2

Caindo em alta velocidade, num cenário incrível

TT Isle of Man: Ride on the Edge 2 é uma boa adição à biblioteca do Switch para quem gosta de jogos de corridas de motos, em especial para fãs da série MotoGP. Mas não é para todo mundo. A maioria das pessoas vai ficar frustrada e cansar do jogo, sem dar o tempo necessário para começar a se divertir.

Aliás, vou dar um spoiler bem grande aqui: No começo do jogo é impossível ganhar uma corrida se você já não for especialista em jogos de corridas de motos. Esse jogo tenta ser realista na maior parte das coisas, e isso significa que um leve piscar de olhos no momento errado vai te fazer sair voando da moto.

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Tendo como corrida principal a Isle of Man Tourist Track, que dá nome ao jogo, o jogo recria fielmente o circuito da Snaefell Mountain, considerado o mais perigoso do mundo. Suas mais de 200 curvas e mais de 60 quilômetros já causaram mais de 270 mortes desde sua corrida inaugural, em 1911. E se tem uma coisa que esse jogo me ensinou é a respeitar muito, mas muito mesmo, os pilotos profissionais de moto.

Sério, se liga nesse circuito. Dá medo o tempo inteiro. E o jogo é bem fiel em mostrar todos os pontos nos quais você pode morrer. Mas o jogo não é apenas isso. Para inflá-lo e ter conteúdo além dessa única corrida, o jogo criou circuitos de rua em lugares inventados do Reino Unido, Irlanda e da Ilha de Man. Alguns desses circuitos são recriações de corridas reais, outros são criados do zero. De qualquer forma, nesses outros circuitos, vários defeitinhos do jogo ficam mais claros.

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Especialmente na parte gráfica. Não tem como dizer isso de forma bonita, mas os gráficos desse jogo parecem os de um PS2. Eu não reparei enquanto jogava, porque você não consegue olhar pra nada além da faixa indicativa à frente, mas vendo outras pessoas jogarem, você nota que os cenários são de qualidade ruim e de pouca variação. É muito claro que houve muitos só copiados e colados em outras corridas, às vezes, trechos inteiros de cenários aparecem mais de uma vez no mesmo circuito, se for um dos mais longos. A redução gráfica faz com que algumas curvas mais escuras fiquem difíceis de se enxergar, se você estiver jogando sem nenhum assistente.

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Isso teoricamente teria sido feito para melhorar o desempenho, mas há momentos nos quais o jogo engasga, e as telas de carregamento demoram eras para passar. O que me faz imaginar o quão pior seria esse jogo com gráficos melhores.

Passado isso, vamos ao ponto mais frustrante do jogo: Você vai cair. Muito. Mas muito mesmo. E quando você pensa que finalmente vai conseguir terminar uma volta sem cair, você cai. Eu só consegui terminar uma corrida sem cair nenhuma vez no terceiro ano do modo Carreira. Não consegui terminar uma volta saem cair no primeiro ano. Como um piloto de corrida profissional, você tem que aprender o circuito. Tem que conhecer as curvas, as retas, as variações e até mesmo os desníveis no solo. Porque mesmo que a setinha diga que você pode acelerar, você corre o risco de pegar um desnível e ir para o chão. E isso tudo no nível mais fácil, com todos os assistentes ligados. Além disso, a moto não tem basicamente nenhuma estabilidade em velocidades menores, e não é raro você cair tentando sair do lugar depois de uma queda.

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E a punição pra cair é grande. O tempo perdido é longo, e um tombo já garante que você não vai chegar na frente. Mais do que três tombos na corrida são garantia de que você não vai ultrapassar ninguém. Cinco ou mais te garantem uma volta do líder (e de alguns pilotos) sobre você. Para se ter uma ideia, eu só consegui fazer minha primeira ultrapassagem na segunda corrida do segundo ano.

Esses dois defeitos tornam o jogo ruim? Não. O jogo é bom. O problema é que a curva de aprendizado dele é difícil de lidar, e mesmo muita gente paciente vai desistir. Quando você consegue saber o ponto exato de frenagem e aceleração, quando você conhece as curvas e retas, quando você equipa as cartinhas certas na sua moto, o jogo é delicioso. A sensação de velocidade é realista, e a visão em primeira pessoa te dá a real impressão de que você está acelerando a 200 km/h (antes de perder o controle e sair voando – sério, não dá pra jogar em primeira pessoa).

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Falando em controle, primeira recomendação que dou é para alterar os controles originais. Se há uma coisa na qual os desenvolvedores acertaram foi em permitir personalizar controles. Porque eles erraram muito no posicionamento original de cada botão. É muito desconfortável jogar na configuração original, então brinque bastante com as opções até achar uma que seja confortável para você (eu recomendo colocar aceleração e frenagem no analógico direito, mas para quem está acostumado com botões, A e B também funcionam bem).

Há um modo rápido, para quem quiser só experimentar, e você pode jogar com amigues, mas aí serão duas pessoas frustradas, porque só fica bom se os dois souberem jogar. Do contrário, a competição vai ser de quem morre da forma mais espetacular (sério, acontece).

Há também um modo livre, que é ótimo para você conhecer as curvas, já que esse modo é uma colagem dos circuitos do jogo. Ele traz alguns desafios no mapa, que lembra os da série Need for Speed, e iniciam corridas de rua de formatos diferentes. É uma forma legal de ganhar experiência, e você pode pegar qualquer moto do jogo, incluindo algumas bem antigas, para cair nesse modo.

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Aliás, falando em motos, a variedade delas é incrível. De tamanhos e potências diferentes, você vai poder experimentar seus tombos nas mais variedades cores e modelos. E aqui, o realismo pretendido pela KT Racing se mostra algo bem positivo. Você consegue sentir a diferença entre uma moto mais pesada e uma mais leve. Além da velocidade máxima, que é óbvio, motos mais pesadas demoram mais para reduzir a velocidade, mas são mais difíceis de se tombar. Por outro lado, uma moto menor te faz cair mais facilmente com pequenas irregularidades, mas são mais fáceis de controlar em velocidade menor e em curvas. No todo, são 24 pilotos e 38 motos diferentes à disposição.

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No fim das contas, TT Isle of Man: Ride on the Edge 2 cumpre o que promete, que é dar uma experiência realista do circuito mais perigoso do mundo. Para o nicho específico de pessoas que buscam esse tipo de experiência, ou para quem gosta de corridas com supermotos, vale pegar numa promoção que tiver (porque ele definitivamente não vale o preço cheio), especialmente se você não tiver outro console, já que a versão do Switch é inferior a todas elas. Se o console é sua única opção, e você gosta desse estilo, esteja preparado para superar as frustrações necessárias para chegar à parte legal do jogo. Ou caia tentando.

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65%
Complicado

O jogo faz um bom papel em representar a mais perigosa pista de corrida do mundo de forma realista, e traz várias pistas interessantes para quem gosta de um jogo com alto nível de dificuldade. Para quem só relaxar com uma corridinha, há opções melhores.

  • Design
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