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Universo Nintendo

Rayman Raving Rabbids Wii (Análise RETRO)

É simplesmente incrível a forma como o Wii funciona e flui bem com ambos jogos convencionais, para jogadores hardcore, como Zelda: Twilight Princess, e jogos simples e rápidos, como jogos esportivos e coletâneas de minigames, tomando como exemplo Wii Sports e Rayman Raving Rabbids. Pois bem, os outros dois títulos vão ter que esperar, pois agora é a hora de falar sobre este último citado.

Envolvido até a cabeça em humor negro, Rayman Raving Rabbids só compartilha uma semelhança com os outros jogos da série: o próprio Rayman. Diferente dos níveis de corra-e-pule dos jogos de plataforma que fizeram um sucesso razoável nas gerações anteriores, a versão para Wii do multi-plataforma traz uma enorme quantidade de minigames com controles intuitivos que usam muito do potencial do Wii Remote e do Nunchuk em uma experiência quase única. Desenvolvida pelo mesmo time do sucesso Beyond Good & Evil e dirigida por Michel Ancel, o criador da série, a versão de WarioWare da Ubisoft apresenta uma trama mais significante que a mais recente investida da Nintendo no mundo dos minigames, mas não passa disso.

O game começa com Rayman, o “personagem principal” do jogo (que é totalmente desfocado pelos carismáticos coelhos), sentado calmamente em meio a um campo fazendo um picnic com alguns Globoxes quando estranhos coelhos começam a surgir do chão e capturam Rayman, jogando-o numa prisão. E é nessa prisão que se passa o modo Story do jogo; o mascote sem braços e pernas é obrigado a participar de desafios (os minigames) dentro de uma espécie de arena de batalhas romana (que lembra o filme Gladiador em todos os sentidos), e fica preso em uma cela de prisão, mais tarde transformada em um quarto de luxo, enquanto espera por mais desafios. Com o passar dos dias, Rayman percebe que os desentupidores que são dados à ele ao fim de cada série de desafios podem ser essenciais na sua fuga, e é por isso que você deve completar todos os minigames, para ser livre novamente.

Somando todos os diferentes tipos de minigames do jogo, Rayman Raving Rabbids traz a impressionante quantia de 70 joguinhos, número comparável aos jogos da série Mario Party, o que é impressionante, já que a maioria dos minis do jogo da Ubisoft são muito mais complexos do que os da franquia de longa data da Nintendo. Utilizando o Wii Remote e o Nunchuk em conjunto, você deverá esmagar coelhos que saem de buracos com uma pá, satisfazer os desejos culinários de um coelho esfomeado, dar tapas na cara de coelhos cantores em um minigame parecido com o dos sapos em Ocarina of Time e até ajudar um coelho Super-Homem a voar de uma maneira não muito tradicional.

É claro que em coletâneas de joguinhos do gênero existem aqueles minigames que se destacam mais e aqueles que entediam até os mais animados. As fases no estilo House of the Dead, ou FPS com movimento automático (no maior estilo brinquedo da Disney), são extremamente divertidas e engraçadas, apesar de fáceis, principalmente quando jogadas em duplas. Felizmente a Ubisoft pensou do mesmo jeito, e abusou das fases assim em diversas partes do jogo. Porém, minigames como aquele no qual você deve guiar um bebê porco à mamãe porca por meio de sons no Wii Remote são horríveis. No caso citado, por exemplo, a qualidade do som liberada pelo Wii Remote é muito baixa e acaba interferindo no fator diversão com ruídos que confundem o jogador.

 

Na parte gráfica, é bem fácil perceber que Rayman Raving Rabbids não utiliza nem de perto toda a capacidade do Wii, mas que os sprites dos coelhos e de outros personagens até que são detalhados, mas ainda sim limitados. A interface simples é funcional mas parece não ter sido muito bem trabalhada, assim como as animações que abrem e encerram grande parte dos minigames. Na parte sonora, por outro lado, Rayman merece uma nota alta. Músicas divertidas combinadas com as centenas de grunhidos, gemidos, gritos e ruídos que são liberados pelos coelhos nos momentos mais críticos dão o ar da graça em Dolby Pro Logic II de muito boa qualidade. O único problema é que a Ubisoft parece não ter aproveitado todo o potencial das música conhecidas como “La Bamba e Girls Just Want to Have Fun” cujas licenças foram fornecidas à empresa, deixando-as em um volume muito baixo nos minigames de dança no estilo Dance Dance Revolution.

Outro fator importante do jogo é o modo multiplayer que permite aos jogadores experimentar alguns dos 70 minigames com seus amigos. Apesar de alguns estágios fluírem extremamente bem, outros perdem a graça por não oferecerem jogatina simultânea, sendo que um jogador deve esperar a sua vez enquanto o outro joga. E o pior mesmo é que os minigames de dança, por exemplo, apresentam ação em split-screen, dando a impressão de que a maioria dos jogos não funcionam desta maneira por preguiça do time de produção.

 

Acima de todos os outros problemas está um incorrigível, ou pelo menos penso que ele seja. As telas de loading no jogo são extremamente rápidas, mas muito freqüentes. Entre na porta, espere por um loading, enfrente um minigame de 20 segundos, outro loading… Uma das principais vantagens de WarioWare sobre Raving Rabbids é justamente essa, já que a ação no jogo do anti-herói é frenética e quase ininterrupta.

Após jogar por um bom tempo o jogo, fica na cabeça a impressão de que a Ubisoft se empenhou bastante em um jogo simples e ao mesmo tempo complexo, que, apesar de não apresentar grandes desafios, utiliza o Wii Remote de 70 maneiras diferentes, o que é bem interessante. Com certeza muito mais divertido e engraçado do que os jogos de plataforma com os quais Rayman estava acostumado, Rayman Raving Rabbids é extremamente recomendável para o público novo que a Nintendo está tentando atingir com a campanha do Wii, mas nem tanto para os hardcores.

Escrita por Pedro Henrique Lutti Lippe

Revisado por Lamartine Barbosa

 

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