Mickey Mouse é um dos maiores ícones da cultura pop, conquistando gerações desde sua criação por Walt Disney há quase um século. No entanto, em Epic Mickey, lançado originalmente para o Wii em 2010, o personagem foi levado para um mundo bem mais sombrio de personagems esquecidos. Agora, com a chegada de Epic Mickey: Rebrushed, a versão remasterizada da aventura para Nintendo Switch e consoles modernos, todos têm a oportunidade de revisitar o game com gráficos renovados e algumas melhorias. Porém, nem tudo são flores.
Uma aventura nostalgica
A trama começa quando Mickey, curioso como sempre, se vê transportado para uma dimensão criada pelo mago Yen Sid. Lá, o camundongo, em um momento desastrado, derrama solvente em um mundo mágico feito de tinta, criando o mais completo caos. Anos depois, Mickey é sugado de volta para essa realidade e precisa enfrentar as consequências de suas ações.
Embora a história tenha uma premissa interessante, não houve mudanças significativas em relação ao original, o que pode ser decepcionante para quem já jogou a versão do Wii anos atrás. As cenas animadas continuam sem dublagem, o que me passou uma sensação absurda de desleixo visto que se trata de um produto Disney. Mesmo com legendas, a ausência de vozes prejudica demais a imersão e me parece estar ouvindo sons abafados por causa dos grunhidos que tomam o lugar de diálogos dublados. E olha que normalmente não me importo com coisas do tipo. Porém, aqui a qualidade sonora fica bem aquém.
Recomendação de Compra
Nintendo Switch – Modelo OLED (Branco)
Lançamento: 08/Out/2021
A magia da tinta (e do thinner)
A mecânica principal de Epic Mickey: Rebrushed gira em torno do uso de um pincel mágico, que permite manipular o ambiente de duas formas: adicionando tinta para criar objetos ou plataformas, ou usando solvente para apagá-los. Essa mecânica funciona bem até certo ponto, depois mostrando o quão subutilizada e repetitiva ela é. É possível transformar inimigos em aliados ao cobri-los com tinta ou simplesmente eliminá-los com solvente, mas quando você faz coisas do gênero horas a fio, tudo se torna bem chato.
A duração da campanha, que varia entre 15 e 20 horas, acaba elevando a repetividade a enésima potência. As batalhas se tornam previsíveis, e os itens adicionais, como “sketches” (que criam habilidades adicionais como a de distrair inimigos), não oferecem uma profundidade que adiciona à mecânica cerne. As batalhas contra chefes são o único ponto alto, desafiando você a usar o ambiente e o pincel de forma criativa. No mais, o mundo semi-aberto com objetivos que exigem abrir o mapa a todo momento faz com que as coisas fiquem bem maçantes e vagas. Preferia ter tido uma seta na tela apontando o próximo objetivo.
Um parque temático sem cor e digno de pesadelo infantil
Um dos maiores destaques de Epic Mickey: Rebrushed é o design dos cenários. Cada área é cuidadosamente construída, misturando nostalgia com uma atmosfera sombria que contrasta com o tom habitual alegre e colorido da Disney. Muitos cenários remetem à magnífica Disneyland, mas em um tor bastante sombrio, com áreas repletas de segredos e itens colecionáveis, como artes conceituais e curtas animados clássicos da Disney.
Infelizmente, o sistema de progressão aqui impede o retorno a áreas anteriores após certos eventos da história, o que pode frustrar quem gosta de explorar todos os detalhes e completar coleções. A linearidade acabou sendo um ponto negativo.
As fases em 2D, acessadas por meio de portais em telas de projeção, são outro ponto bacana. Inspiradas em curtas-metragens clássicos como Steamboat Willie e Fantasia, essas fases trazem uma dose de charme e nostalgia que cativa tanto fãs de longa data da Disney quanto novos jogadores.
Por fim, Epic Mickey: Rebrushed faz um bom trabalho ao modernizar os gráficos, mas isso é tudo. As texturas borradas da versão de Wii deram lugar a visuais mais nítidos, com suporte para resolução 4K e uma paleta de cores mais vibrante, mas não no Switch. A taxa de quadros aqui é de 30 fps, o que contribui para uma experiência menos fluída, acompanhada de problemas de desempenho, como quedas ocasionais de frame rate e visuais borrados. A câmera, que era um dos principais problemas do título original, foi aprimorada, mas ainda pode ser inconsistente.
Revisitar só pela nostalgia
Epic Mickey: Rebrushed é uma oportunidade de redescobrir uma das aventuras mais únicas da Disney em um novo contexto. A atmosfera sombria, o design de cenários inspirados e as fases em 2D repletas de nostalgia são os pontos mais fortes do título, enquanto o sistema de tinta continua oferecendo momentos bacanas até certo ponto. Porém, a ausência de dublagem é lamentável, sem falar na repetição que mostra as limitações da mecânica de tinta e tiner em pouquíssimo tempo. Talvez agora resta esperar pela remasterização da sequência, na qual é possível jogar em duas pessoas no mesmo console, o que melhora um pouco a experiência em comparação ao início da duologia.
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